“Queremos que Ponta Delgada seja um destino fixo na rede do Grupo Lufthansa”
Em entrevista ao Publituris, Patrick Borg-Hedley, General Manager Sales do Grupo Lufthansa em Portugal, fala sobre os planos das companhias aéreas do grupo germânico para Portugal este verão, em que o destaque é a abertura das rotas da Lufthansa e da Swiss para Ponta Delgada.
Inês de Matos
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Em entrevista ao Publituris, Patrick Borg-Hedley, General Manager Sales do Grupo Lufthansa em Portugal, fala sobre os planos das companhias aéreas do grupo germânico para Portugal este verão, em que o destaque é a abertura das rotas da Lufthansa e da Swiss para Ponta Delgada.
Depois de um 2020 marcado pelo prejuízo, o Grupo Lufthansa está confiante na recuperação e, ao Publituris, Patrick Borg-Hedley diz ter “esperança” que o verão traga sinais positivos, incluindo em Portugal, onde o grupo se prepara para aumentar a operação face a 2019. O grande destaque em território nacional são as duas novas rotas da Lufthansa e da Swiss para Ponta Delgada, Açores, a única região portuguesa que ainda não contava com operação das companhias aéreas do grupo germânico. E as expetativas, acrescenta o responsável, não poderiam ser melhores.
O otimismo do Grupo Lufthansa está, no entanto, dependente da evolução da pandemia e do levantamento das restrições às viagens, ao qual o novo EU Digital Certificate COVID-19 deverá dar uma preciosa ajuda. Ainda assim, prevê Patrick Borg-Hedley, o regresso à normalidade deverá demorar alguns anos.
O ano de 2020 foi terrível para o setor das viagens e turismo, especialmente para a aviação. Como é que as companhias aéreas do Grupo Lufthansa sobreviveram ao ano passado e ao impacto da COVID-19?
É verdade, 2020 foi um ano muito difícil, foi o ano mais desafiante na história do Grupo Lufthansa. Transportámos 36,5 milhões de passageiros, menos 76% que em 2019, e operámos menos 67% de voos. Os nossos resultados já foram publicados e mostram bem o impacto da COVID-19 [prejuízo de 6,7 mil milhões de euros em 2020].
A crise da COVID-19 afetou toda a aviação, mas o importante é que, nesse período inicial, fomos capazes de operar uma vasta operação de repatriamento. Realizámos 460 voos de repatriamento e transportámos 91 mil passageiros.
E, para mim, e para a minha equipa, também é importante que nunca tenhamos deixado de voar para Portugal. Conseguimos continuar a voar de e para Portugal, tivemos de ajustar a capacidade, mas continuámos sempre a voar em Portugal, houve dias em que, apesar de não termos nenhum voo de Lisboa, tínhamos do Porto e vice-versa. Outras vezes, não tínhamos voos na rota Lisboa-Munique, mas tínhamos entre Lisboa e Frankfurt. Foi também a forma que encontrámos para lidar com os diferentes requisitos de viagem, que mudavam diariamente e, por isso, tivemos que nos adaptar a essas mudanças. Mas conseguimos não ter nenhuma semana sem voos, houve sempre voos do Grupo Lufthansa de e para Portugal. E isto, para nós, foi algo brilhante num ano como 2020.
Com o processo de vacinação a avançar, o mercado começa a animar. No caso do Grupo Lufthansa qual é a expetativa, há esperança para este verão?
Sim, há esperança. Os últimos 14 meses têm sido um desafio e o que vai acontecer depende da forma como a pandemia evoluir nos diferentes países. Se houver um desenvolvimento positivo e menos restrições, há esperança para o negócio de verão.
Estamos a fazer uma grande aposta no verão e vamos operar um vasto número de novos destinos. Temos 20 novos destinos desde Frankfurt e 30 desde Munique, muitos são no Mediterrâneo e há um foco maior no lazer e no segmento que visita amigos e familiares. As pessoas querem viajar, sentimos isso quando falamos com os nossos clientes, até da parte das viagens corporativas, que também precisam de viajar.
Por isso, este verão, vamos ter voos de Frankfurt para um novo destino no Chipre, Paphos. Também vamos ter voos para Rijeka, na Croácia; Lamezia Terme, em Itália; Djerba, na Tunísia; Varna, na Bulgária; sete novos destinos na Grécia, como Chania, Mykonos, Kos, Kavalla, Zakynthos e Preveza; e Hurghada, no Egito. E tenho de destacar Ponta Delgada, que vai ter voos da Swiss no verão, desde Genebra, e da Lufthansa, desde Frankfurt.
Portanto, temos uma boa oferta e já vemos muitos sinais positivos, mas isso só se vai manter se não houver novas restrições às viagens.
A maioria dos destinos que a Lufthansa anunciou para o verão são destinos de lazer. Porquê a aposta nos destinos de lazer e qual é a expetativa?
Sim, acreditamos que a procura vai ser maior no segmento de lazer. Foi por isso que lançámos esta oferta, com tantos novos destinos. As pessoas querem conhecer novos lugares e novos destinos. É esse o caso dos Açores, que já é um destino conhecido e que tem uma oferta interessante, que não é só o tradicional sol e praia. Acreditamos que é
um destino que ainda pode ser muito explorado e é isso que queremos trazer, destinos que as pessoas ainda não tenham explorado, queremos dar essa oportunidade aos nossos clientes.
Portugal
E no mercado português, também há boas expetativas?
Portugal é um dos nossos mercados estratégicos, incluindo na estratégia de lazer. Já falei de Ponta Delgada, mas a verdade é que temos mais voos para destinos de lazer em Portugal. E vemos que as reservas começam a chegar à medida que as restrições às viagens são levantadas. Sempre que há um levantamento de restrições, as pessoas voltam a viajar.
Por isso, digo que também temos esperança que o mercado português responda bem a este verão. Até julho, vamos ter um crescimento do número de voos que oferecemos para Portugal, até 207 voos por semana, o que equivale a 1% de crescimento em frequências face a 2019. Isto mostra bem o compromisso da Lufthansa com o mercado português, é uma forte afirmação e um sólido investimento por parte do Grupo Lufthansa, que revela o apoio que o grupo também tem dado, ao nível do incoming, ao fantástico produto turístico que Portugal oferece.
Por outro lado, a nossa oferta garante uma excelente conetividade ao resto do mundo para os passageiros portugueses, através dos nosso hubs em Bruxelas, Genebra, Zurique, Frankfurt e Munique.
Como vai ser, então, a operação do Grupo Lufthansa em Portugal, este verão?
Vamos manter os voos para Faro, Funchal, Lisboa e Porto, aos quais adicionámos os voos da Lufthansa para Ponta Delgada, nos Açores, a partir de 23 de maio. Chegámos finalmente à única região em Portugal onde ainda não operávamos.
Posso dar alguns números. Atualmente, temos 19 frequências por semana para Faro, mas vamos aumentar para 49 voos até final de junho. No Funchal, temos atualmente quatro voos por semana e vamos aumentar para sete voos até ao final de junho, enquanto Lisboa, que tem atualmente 30 voos, vai aumentar para 80 voos por semana. No Porto, temos ainda 26 voos por semana e vamos passar a 69 ligações.
Já Ponta Delgada, que é um destino que servimos pela primeira desde 23 de maio, com voos desde Frankfurt, vai contar com um voo por semana e será um complemento ao voo da Swiss, entre Genebra e Ponta Delgada, que arranca em junho [esta sexta-feira, 25 de junho].
Ponta Delgada vai ter voos de duas companhias do Grupo Lufthansa, a própria Lufthansa e a Swiss. Porquê a opção de abrir dois voos para a capital açoriana quase ao mesmo tempo?
Os Açores têm um produto fantástico e, apesar de não ser um destino desconhecido, é um destino que tem muito para oferecer. Tem um charme que nos encanta, é um destino paradisíaco mas, ao mesmo tempo, muito próximo e que tem uma natureza deslumbrante e um povo hospitaleiro. E isso tem sido mostrado pela comunicação social na Alemanha.
Por outro lado, as pessoas querem novas experiências, mas não querem viajar para muito longe, nem para locais muito turísticos e com muitas pessoas. Basicamente, depois do confinamento, as pessoas querem destinos seguros e que garantam experiências inesquecíveis. Acreditamos que os Açores garantem isso.
Qual é a expetativa do Grupo Lufthansa para as ambas as rotas de Ponta Delgada?
Sem qualquer dúvida, esperamos ter sucesso nestas rotas. Queremos que Ponta Delgada seja um destino fixo na rede do Grupo Lufthansa. Há quatro anos e meios, quando cheguei a Portugal, lançámos os voos entre Frankfurt e o Funchal, que se tornaram fixos no calendário da Lufthansa e não só fizemos isso, como aumentámos a operação e abrimos, mais tarde, a rota Munique-Funchal. Agora, gostaria que acontecesse a mesma coisa com os Açores.
É muito gratificante ter duas companhias aéreas do Grupo Lufthansa a operar nos Açores. Os voos da Swiss deviam ter começado no ano passado, chegámos a ter os voos no sistema, mas com a pandemia não foi possível. Agora, estamos a lançar os voos e temos de fazer deles um sucesso.
Regresso à normalidade
Estamos a falar na retoma do transporte aéreo, mas o certo é que ainda existem muitas restrições às viagens. Na Europa, a solução deverá passar pelo EU Digital Certificate COVID-19 . Qual é a opinião do Grupo Lufthansa sobre esta ferramenta, será a chave para retomar as viagens?
Absolutamente, acredito fortemente que a implementação deste passaporte digital será um passo importante para termos viagens seguras. Atualmente, com tantos documentos necessários para viajar, o que sofre é a experiência do cliente. A quantidade de documentos que temos de imprimir e formulários que precisamos preencher é tão grande e gera tanta incerteza que tem um forte impacto na experiência dos passageiros. As pessoas querem viajar, precisam de viajar e devem viajar de forma segura, mas também é importante que possam viajar sem dores de cabeça.
Por isso, acreditamos que o passaporte digital é, sem dúvida, um passo na direção certa e estamos otimistas que esta ferramenta possa estar disponível rapidamente.
Esta ferramenta é um passo para regressar à normalidade. Qual é a expetativa da Lufthansa para esse regresso à normalidade?
Em todas as crises que tivemos na aviação, o setor afundou, mas, depois, regressou mais forte e continuou a crescer. Os exemplos são vários, seja a Guerra do Golfo, a nuvem de cinza vulcânica na Islândia ou o 11 de setembro, e aquilo que vemos, estatisticamente, é que houve uma quebra, mas o regresso foi sempre exponencial.
Esta pandemia está a demorar mais do que pensávamos, mas vemos que já há luz ao fundo do túnel. Continua a ser difícil fazer previsões porque, de repente, as coisas podem piorar e esta pandemia já mostrou que isso pode acontecer. Mas, temos esperança na recuperação.
Quanto ao regresso da normalidade, primeiro temos de definir o que é a normalidade, mas se falarmos de números, penso que deve demorar mais alguns anos até voltarmos aos níveis que tínhamos antes da pandemia.
Em Portugal, vemos que as pessoas estão apenas à espera que as restrições às viagens sejam levantadas para viajar. Por isso, acredito que assim que exista um pouco mais de normalidade ao nível das restrições, as viagens vão crescer numa base mais sólida.
Do ponto de vista das viagens corporativas, também vemos que, apesar de toda a tecnologia e das reuniões pelo Zoom – que funcionam, é um facto -, o feedback que temos é que, para fechar um negócio, os clientes corporativos continuam a precisar de viajar. É por isso que estamos a retomar o nosso serviço e vamos ter a oferta certa no mercado português, em Lisboa e no Porto, que são as nossas principais rotas neste segmento.
TAP e Aeroporto de Lisboa
Há muito que a Lufthansa é apontada como um possível parceiro para a TAP e até o governo português reconheceu isso. Com a nacionalização da TAP e a busca por um novo investidor privado, o Grupo Lufthansa estaria interessado numa participação na TAP?
Não comentamos a situação de outras companhias aéreas e apesar de sermos parceiros próximos – ambos membros da Star Alliance – e de termos acordos de code-share com a TAP, estamos satisfeitos com esta parceria. Por isso, não posso comentar qualquer especulação que, de vez em quando, aparece.
Em Portugal também se tem discutido o novo aeroporto de Lisboa porque o atual está esgotado, mas o governo já veio dizer que, com a pandemia, o assunto perdeu urgência. Enquanto utilizadora da infraestrutura, qual é a opinião da Lufthansa?
Para o Grupo Lufthansa o mais importante é que as infraestruturas sejam seguras e suficientes para a operação, mas que, ao mesmo tempo, também ofereçam a melhor experiência aos passageiros. O nosso foco está no cliente e, apesar de termos uma forte operação em Portugal, não estamos entre as companhias que transportam mais passageiros em Lisboa. Essa é uma questão que deve preocupar às maiores transportadoras em Lisboa.
A Lufthansa não tem queixas, nem sente qualquer dificuldade no aeroporto de Lisboa?
Acredito que, apesar da pandemia, o tema continuou a ser estudado e que, no final, vai ser tomada a melhor decisão para Lisboa. Para nós, como disse, a prioridade é que o aeroporto seja seguro e eficiente para a nossa operação. O nosso foco está no cliente e, em termos
do feedback, não temos nada a apontar. Falando honestamente, enquanto houver um aeroporto em Lisboa, vamos continuar a voar para lá. Se passarem a existir dois, teremos de fazer uma escolha.