Nova oferta do Monverde “assentou que nem uma luva” à atual procura
Unidade hoteleira situada em plena Rota dos Vinhos Verdes conseguiu manter resultados positivos em 2020 e adaptar-se facilmente às novas tendências.
Raquel Relvas Neto
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A mais recente oferta de alojamento do Monverde Wine Experience Hotel, perto da cidade de Amarante, responde adequadamente à novas exigências dos hóspedes nesta atual realidade provocada pela pandemia da COVID-19. Quase que se pode arriscar dizer que os proprietários da unidade em plena Rota dos Vinhos Verdes foram visionários e fizeram uma aposta certeira neste recente investimento.
Anunciadas e finalizadas em 2019, as dez Wine Experience Suites tinham data de apresentação ao mercado em março do ano passado, mas devido à pandemia e ao encerramento temporário do Monverde durante dois meses, só a partir de junho de 2020 começaram a receber as primeiras impressões dos clientes. Exclusivas e espaçosas, situadas num edifício independente, cada uma das Wine Experience Suites apresenta uma sala de estar com sofá-cama e enoteca privada, a sua própria piscina exterior, acompanhada por um espaço ajardinado com lareira. E os resultados não podiam ter sido melhores, conforme explica Miguel Ribeiro, diretor-geral do hotel. “Como é que dois anos antes prevíamos que as pessoas iriam procurar espaços completamente privados, onde pudessem ter uma piscina, um jardim só para eles, um espaço de refeições próprio”. A nova oferta que, “assentou que nem uma luva” às novas exigências dos hóspedes, motivou “uma procura mais acelerada” no período do verão tendo mantido uma taxa de ocupação na ordem dos 96%. “Eram exactamente aquilo que as pessoas procuravam”, conta o responsável, que refere ter existido algum receio inicial relativamente ao posicionamento do preço das respetivas suites que contrariamente ao expectável, não baixou, “foi exatamente o contrário”. “O preço teve uma elasticidade muito grande em agosto, e assente basicamente no mercado português. Diria que as pessoas acabaram por pensar “não interessa quanto custa, quero sentir-me em segurança””.
Também a restante oferta de alojamento do Monverde Wine Experience Hotel se adaptou facilmente à nova realidade, muito devido às características da própria propriedade que esta longe dos centros urbanos e com espaços exteriores amplos. “Temos três pólos de alojamento diferentes e permitia-nos gerir a abertura dos diferentes pólos em função da procura que tínhamos. (…) O hotel tem na sua lotação máxima 100 a 110 clientes em casa, com 30 hectares de propriedade para se espalharem, [os hóspedes] nunca chegaram a sentir-se constrangidos”, esclarece, justificando que estas características ajudaram também a que o hotel boutique não voltasse a encerrar. “Entendemos que, enquanto ocupação do hotel, o encerramento das infra-estruturas era mais nefasto para os equipamentos do que um funcionamento mais latente”.
Todas estas condições levaram a que a unidade apresentasse resultados positivos no final de 2020. “Tivemos resultados positivos, é verdade que os lucros decresceram 50%, mas tivemos lucros. Somos muito gratos por estar a dizer que não apresentámos prejuízos ou não pedimos ao acionista para pôr cá dinheiro. Em 2020, o negócio conseguiu manter-se”.
A operação para o decorrer deste ano é difícil de prever, mas Miguel Ribeiro arrisca em apontar que se vai verificar “um verão em 2021 muito à semelhança do que foi 2020 muito pautado pelo mercado nacional, eventualmente algum mercado europeu de proximidade”. O responsável relembra que os principais mercados do hotel eram o norte-americano, alemão, francês, espanhol, britânico e mercados do norte da Europa, mas em 2020 e este ano o mercado nacional lidera as reservas, que se têm feito muito à última hora e sobretudo através de canais diretos.
Nova experiência vínica no horizonte
Com a oferta no Monverde Wine Experience completa com as novas unidades de alojamento e a Adega Experimental, Miguel Ribeiro adianta que a expansão não se vai fazer naquela propriedade. “Os 46 quartos são para manter, porque depois teríamos de repensar tudo o resto, quer áreas de serviço, restaurante, piscina, quer spa. Não queríamos mexer nos serviços comuns e isso levou-nos a pensar e olhar para aquilo que tínhamos à volta”, salienta. O Monverde é uma das cinco propriedades da sociedade Quinta da Lixa, que distam a sensivelmente dez quilómetros umas das outras. No entanto, é na mais próxima, que tem crescido aos poucos com a aquisição de propriedades vizinhas e está ligada à Quinta dos Lagareiros, que tem 50 hectares, que vai surgir o novo projeto do grupo. Entre vinha plantada e não plantada e edifícios pré-existentes prontos a recuperar, o objetivo é ver ali nascer uma “verdadeira experiência de ‘wine maker’. Para Miguel Ribeiro é dar a oportunidade a algumas pessoas de serem proprietários da sua própria vinha e estarem envolvidos em todo o processo de conceção daquele que será o seu próprio vinho. O propósito é “sermos um bocado mais ambiciosos do ponto de vista desta personalização e da experiência do vinho verde”.
Assim, o novo projeto, que está previsto estar concluído no próximo ano de 2022, pretende vender ou arrendar talhões de vinhas a clientes que queiram ter a sua própria vinha, selecionar as castas a serem plantadas, fazer parte do processo de vinificação, produzir o seu próprio vinho na adega experimental que ali também vai nascer e poder reservá-lo nela ou não. Miguel Ribeiro explica que este é um conceito totalmente aberto a variadas possibilidades de modelos de exploração que ainda estão em fase de estudo, mas que vão ser lançados para comercialização em breve. Os “proprietários” vão assim estar num contacto direto muito próximo com o produto final, que respeitará a produção tradicional e manual do vinho.
Na mesma propriedade vão também nascer cinco pequenas casas que podem ou não ser adquiridas também pelos proprietários dos talhões. Estas são totalmente independentes e contam com kitchenette mas vão dispor de pequeno-almoço e serviços do Monverde. O cliente seleciona o período do ano que pretende usufruir da casa e pode colocar o resto dos dias em arrendamento sob gestão do Monverde. “O cliente não tem de se preocupar com limpeza, manutenção, só tem de dizer qual é o período em que quer para ele”, indica. Miguel Ribeiro acredita na potencialidade que este projeto tem junto do mercado nacional e perspetiva que seja este o primeiro mercado interessado em investir neste projeto de ‘wine maker’. Para o diretor-geral esta foi a oportunidade encontrada pelo Monverde de “crescer enquanto oferta, não nesta propriedade mas numa propriedade muito próxima”.