Plano de Ação para reativar turismo conta com 6 mil milhões de euros
O Plano “Reativar Turismo | Construir Futuro”, que visa a reativação da indústria turística, vai ter um investimento superior a seis mil milhões de euros num conjunto de iniciativas dirigidas às […]
Raquel Relvas Neto
Enoturismo no Centro de Portugal em análise
ESHTE regista aumento de 25% em estágios internacionais
easyJet abre primeira rota desde o Reino Unido para Cabo Verde em março de 2025
Marrocos pretende ser destino preferencial tanto para turistas como para investidores
Do “Green Washing” ao “Green Hushing”
Dicas práticas para elevar a experiência do hóspede
Porto Business School e NOVA IMS lançam novo programa executivo “Business Analytics in Tourism”
Travelplan já vende a Gâmbia a sua novidade verão 2025
Receitas turísticas sobem 8,9% em setembro e têm aumento superior a mil milhões de euros face à pré-pandemia
Atout France e Business France vão ser uma só a partir do próximo ano
O Plano “Reativar Turismo | Construir Futuro”, que visa a reativação da indústria turística, vai ter um investimento superior a seis mil milhões de euros num conjunto de iniciativas dirigidas às empresas, aos turistas e aos residentes, segundo anunciou esta sexta-feira, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira.
Com o propósito de trabalhar na “reativação do turismo, repondo a confiança e negócio para as empresas e consumidores e residentes, mas também construir o futuro em valor e de forma mais sustentável”, o plano está assente em quatro pilares de atuação – Apoiar Empresas, Fomentar Segurança, Gerar Negócio e Construir Futuro – e é composto por ações específicas, de curto, médio e longo prazo, que “vão permitir a requalificação do setor num patamar ainda superior”, salientou o ministro na apresentação do plano.
Siza Vieira destacou que os objetivos lançados na Estratégia Turismo 2027 (ET2027) há quatro anos não foram perturbados pela crise pandémica e este plano pretende ajudar a cumprir as metas estabelecidas, como alcançar 27 mil milhões de euros em receitas turísticas e 20 mil milhões de euros no contributo do turismo para a balança comercial de Portugal em 2027. “A crise podia deixar-nos abaixo deste objetivo, o nosso plano visa colocar-nos nesse nível e se possível superá-lo”, reforçou, recordando que os objetivos estratégicos da ET2027 de gerar riqueza e bem-estar em todo o território, ao longo de todo o ano e apostando na diversificação de mercados e segmentos se mantêm.
O ministro da Economia salientou, inclusive, que o plano apresentado esta sexta-feira vai contribuir para que, a médio prazo, e “se mantivermos a nossa quota de mercado”, alcançar, em 2023, “outra vez os 18 mil milhões de euros” em receitas turísticas.
Com a presença da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, a secretária de Estado do Turismo (SET), Rita Marques, e os presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, bem como os presidentes das Entidades Regionais de Turismo, Rita Marques começou por referir que “este é o primeiro dia de muitos”, admitindo que se trata de “um plano e não de reformas estruturais”.
“Estamos a virar uma página e não um capítulo”, disse a SET, salientando ainda que a recente presença de Portugal na FITUR (feira internacional a realizar até 23 de maio, em Madrid) “confirmou que a perceção relativamente ao destino Portugal continua intacta”.
“Este é um momento de não baixar a guarda”, ressalvou Rita Marques, admitindo que “não basta apresentar o plano, há que vivê-lo e concretizá-lo”, concluindo ainda que “esperamos que esta plano cumpra as necessidade do setor”.
Curto prazo
No imediato, Siza Vieira apontou que o Governo vai apoiar as empresas através de medidas que preservem o seu potencial produtivo e o emprego no setor, apoiando-as ainda no processo de consolidação da respetiva estratégia operacional. Assim, vão ser criados instrumentos de apoio à capitalização das empresas, de que são exemplo o Fundo para a Capitalização das Empresas, a Linha de Crédito com Garantia para Refinanciamento/Reescalonamento da Dívida Pré-COVID e a Linha de Crédito com Garantia para Financiamento de Necessidades de Garantia.
Vão ser ainda criadas a Rede Integrada de Apoio ao Empresário – que conecta digitalmente o Turismo de Portugal, as entidades regionais de turismo, as associações empresariais do setor e as equipas de turismo no estrangeiro numa plataforma comum – e o Programa Mentoria, o qual, com recurso a meios próprios do Turismo de Portugal e envolvendo os parceiros da Rede Integrada de Apoio ao Empresário, pretende disponibilizar um mecanismo de curadoria às empresas para esta área em concreto. Estas vão ter uma dotação de 300 milhões de euros.
No que diz respeito à segurança “quer da parte dos turistas quer da parte dos agentes económicos”, o governo vai disponibilizar Programa Seamless Travel, composto por diversas iniciativas com o intuito de “tornar a experiência de quem nos visita ainda mais fluida a nível de circulação, pagamentos, informação e conhecimento”. O Selo Clean & Safe e o programa Adaptar.pt sofreram uma atualização.
Vai também ser lançada uma campanha de estímulo à adoção de comportamentos seguros, reforçando a necessidade de cumprimento das orientações da Direção-Geral da Saúde no combate à pandemia COVID-19 pelos turistas, colaboradores das empresas e população residente. Neste eixo, está também incluída a atualização do Health Passport 2.0, uma medida que visa garantir a circulação segura e envolve o desenvolvimento de uma ferramenta que identifique os casos de vacinação, testes certificados da COVID-19 e casos positivos recentes, garantindo um baixo risco de possibilidade de contaminação do e pelo passageiro.
Para reforçar a competitividade do destino, o Governo vai disponibilizar o Programa Internacionalizar Turismo – que visa o apoio ao esforço de promoção internacional das empresas do turismo -, um Programa de Reforço da Capacitação do Trade Internacional, o programa Portugal Events – captação de eventos que possam ser determinantes para a imagem internacional de Portugal -, o Reforço de Parcerias e a Contratualização da Promoção Externa.
Quanto à conectividade aérea, o ministro da Economia destacou que estão a ser dinamizadas ações no âmbito do programa VIP. Pretende-se também estimular a adoção de uma Mobilidade Sustentável, com o objetivo de desconcentrar fluxos turísticos, aumentar a estadia média e gerar maior receita para o destino.
Neste tópico, o ministro frisou que tem estado em “conversações com diversas companhias aéreas europeias e norte-americanas” que têm vindo a “mostrar o seu interesse em retomar rotas para Portugal”, admtindo que “os clientes dessas companhias têm grande apetência por Portugal”. Exemplo que as companhias de bandeira estão a voar mais para Portugal foi assinalado pelo ministro Siza Vieira, indicando os casos da “Lufthansa e da Iberia”.
Nas medidas de estímulo à procura, a 1 de junho, Siza Vieira adiantou que entrará em vigor o IVAucher, que vai permitir aos consumidores acumular IVA dos gastos efetuados na restauração e gastá-los posteriormente. Esta medida tem uma dotação prevista de 200 milhões de euros, deixando para o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais as explicações adicionais e que deverão ser dados brevemente.
Ainda neste âmbito, vão ser lançadas campanhas promocionais seja para o mercado interno como internacional, e reformulado o site VisitPortugal, “num reforço do ecossistema digital de promoção do destino”.
A nova campanha está, de resto, a ser finalizada e será apresenta muito brevemente, até para, segundo os responsáveis, aproveitar este momento em que Portugal está em vantagem relativamente aos mais diretos destinos concorrentes.
Construir Futuro
No que diz respeito ao financiamento das empresas, vão ser ainda assegurados novos mecanismos que, por um lado, “permitam alargar o leque de investidores no setor e, por outro, garantam o acesso das empresas a financiamento em condições sustentáveis e assegurem as condições necessárias para o crescimento do investimento inteligente no setor”. Neste campo está previsto o Reforço do FIEAE, a conclusão do projeto do lançamento das Obrigações de Turismo, um Programa para acesso das PME ao mercado de Capitais, a criação de um Fundo para a Concentração de Empresas que incentive processos de fusão ou de cooperação empresarial, e de um Fundo para a internacionalização das empresas do turismo.
O ministro da Economia aproveitou ainda para salientar que a “atratividade de um destino não depende apenas daquilo que é a qualidade do clima ou mesmo da oferta turística que temos, depende da valorização dos territórios, das cidades, das paisagens”. Como tal, entende que “não é possível concretizar este nível de ambição sem um trabalho apurado à volta da estratégia de um plano de ação comum que seja partilhado desde a sua conceção com os agentes que estão no território”.
Este plano tem assim como objetivo ” trabalhar em conjunto de forma concertada com ações com impacto no território, que vão ajudar-nos a ajudar a concretizar este objetivo de turismo ao longo de todo o território, mais qualificado, gerando mais valor e atraindo turistas de mais origens”.
*Com Victor Jorge