Portugueses redescobrem turismo em espaço rural
Em 2020, o mercado nacional concentrou as suas férias em espaços que ofereciam segurança, que se encontravam isolados e em contacto com a natureza. Para 2021, os sinais apontam no mesmo sentido.
Raquel Relvas Neto
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2020 é um ano que poucos querem recordar, sobretudo pelo impacto negativo que teve transversalmente a todas as atividades turísticas. Contudo, o ano passado foi também o ano em que os portugueses redescobriram a oferta turística nacional, com especial destaque para o turismo em espaço rural e de habitação.
Apesar desta tipologia de alojamento turístico ter verificado também um descréscimo no número de hóspedes e dormidas, foi das que registou quebras menos acentuadas. Segundo os dados da atividade turística do Instituto Nacional de Estatística, em 2020, estas unidades contaram com mais de um milhão de dormidas (1,258 milhão) uma quebra de apenas 36% comparativamente com os valores registados em 2019, contra os 63% negativos da média de tipos de alojamento turístico.
As características das unidades de turismo em espaço rural e de habitação ajudaram a que os resultados não fossem tão negativos quando o resto do panorama nacional. Unidades isoladas, com poucas pessoas e o contacto com a natureza privilegiaram esta tipologia. Como explica, Francisco de Calheiros, presidente da TURIHAB – Associação do Turismo de Habitação, “as pessoas viram no turismo em espaço rural e no turismo de habitação quase como um refúgio para as suas férias”.
O mês de agosto foi o mês mais procurado pelos portugueses, coincidindo com as férias destes, mas também se verificou alguma procura por parte dos turistas espanhóis, sobretudo em destinos transfronteiriços nas regiões do Alentejo e Norte de Portugal. Apesar do resto do ano não trazer saudades, Francisco de Calheiros explica que a experiências que os portugueses obtiveram no período das suas férias nas unidades de turismo em espaço rural e de habitação foi o suficiente para motivar reservas para as férias já de 2021. “Sentimos que muitos dos portugueses que tiveram a oportunidade de fazer as suas férias em Portugal já reservaram para este ano, coisa que não tinha sucedido antes”. 2020 foi assim, indica, o ano em que houve “uma redescoberta por parte dos portugueses do nosso turismo em espaço rural”. “Quando nasceu o turismo de habitação houve uma procura bastante grande e houve um reconhecimento desta modalidade de turismo que tem as suas características próprias, não é só propriamente alojamento, é tudo o que gira à volta, uma certa convivência com a história das casas e das histórias em torno”, salienta.
Previsões
Recuperar os números que os vários indicadores registaram em 2019 vai ser uma tarefa árdua e que vai levar o seu tempo para acontecer. “Chegámos a um ponto em 2019 invejável, como nunca tínhamos chegado, em termos de ocupação, número de turistas, mercados… recuperar a este nível todos só em 2023 é que se começará a sentir esse retorno”, aponta o responsável, complementando que mesmo no próximo ano se vai verificar alguma lentidão na recuperação.
Mas para já, os resultados de 2021 devem assemelhar-se aos verificados em 2020, com forte ênfase para o mercado nacional que “vai reagir de novo”, mas também novamente o mercado espanhol. “As pessoas vão ter necessidade de sair”, refere, estimando que tal aconteça ainda no primeiro semestre especialmente nos meses em que o verão já se faz sentir, enquanto no mês de agosto será o ponto alto à semelhança do verificado em 2020. Francisco de Calheiros espera que o desenvolvimento da vacinação traga uma maior segurança e tranquilidade aos turistas que, considera, “estão ávidos por viajar”. “As pessoas reagem positivamente e, passado um período tão longo de confinamento, também estão ávidas por viajar”, refere, indicando que pode existir algumas circunstâncias económicas que podem vir a afetar as condições dos portugueses para viajar. “A nível do turismo de habitação e turismo em espaço rural a procura vai continuar, os espaços estão muito aprazíveis, as casas normalmente têm um entorno de jardins e matas muito simpático. O turismo vai repartir-se entre os casais de profissões liberais e com filhos para fazerem este tipo de férias, que são muito mais seguras, e o outro perfil será as famílias inteiras, que vão para uma casa isolada e passar 15 dias de férias”.
Quanto ao mercado externo, à excepção dos espanhóis, o presidente da TURIHAB – Associação do Turismo de Habitação considera que se pode fazer sentir no segundo semestre, salientando que os operadores turísticos têm mantido as suas reservas na esperança que se possa vir a viajar mal estejam reunidas as condições.
Oferta
Este confinamento tem sido, segundo o responsável, um período “reparador”, seja para refletir sobre o próprio funcionamento das unidades, como para melhorias da oferta. Não existindo hóspedes, a maioria das unidades aproveitou para fazer intervenções na sua oferta que, noutra altura, não seria possível. Assim, além de se terem apetrechado para responder as todas as normas e critérios da situação pandémica, como seja o cumprimento das regras para a obtenção do selo Clean & Safe, as unidades têm apostado por fazer melhorias nos jardins e nos espaços circundantes como os jardins, ou melhorarem os equipamentos disponíveis, para tornar os espaços mais atrativos para os hóspedes. “As casas estão muito melhores do que estavam antes da pandemia”, garante o responsável.