Reportagem | Óbidos: Redescobrir o oeste
Quem não se recorda do slogan “A Oeste tudo de novo”, que promovia a região com o mesmo nome? A convite da Associação Empresarial do Concelho de Óbidos (Óbidos.com) fomos comprovar que este slogan ainda se mantém mais do que actual. Acompanhe uma viagem que nos leva a descobrir a região desde a sua história à natureza envolvente.

Raquel Relvas Neto
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Quem não se recorda do slogan “A Oeste tudo de novo”, que promovia a região com o mesmo nome? A convite da Associação Empresarial do Concelho de Óbidos (Óbidos.com) fomos comprovar que este slogan ainda se mantém mais do que actual. Acompanhe uma viagem que nos leva a descobrir a região desde a sua história à natureza envolvente.
Há alguns anos que Óbidos passou a fazer parte do roteiro cultural e turístico dos portugueses, e não só, de forma assídua e dinâmica. Óbidos Vila Natal, Festival Internacional do Chocolate, que tem lugar no mês de Abril, Mercado Medieval de Óbidos, que se realiza no Verão, ou Fólio – Festival Literário Internacional de Óbidos são alguns dos eventos anuais que atraem milhares de visitantes e turistas aos destino ao longo de todo o ano, das mais diferentes idades e extractos sociais. Mas muitas mais são as motivações que nos conduzem a esta vila do Centro de Portugal.
Conhecer um destino passa sobretudo por ficar a saber um pouco mais da sua história e é isso que nos mostra a Silver Coast Travelling, uma empresa de animação turística criada no início de 2018. Ivo Soares, que nos acompanha nesta visita, explica que a empresa aposta nas experiências turísticas com a diferenciação de as mesmas serem feitas com “pessoas da terra”. ‘Get local with a local’ é o mote da Silver Coast Travelling que promove visitas guiadas, passeios históricos, partilha de tradições locais, provas e rotas de produtos locais, almoços gastronómicos, ‘show cookings’ de tarte de ginja, por exemplo, ou ‘workshops’ de pão tradicional, opções para usufruir a dois, em família ou em grupo. A empresa dá assim a conhecer a vila medieval mais próxima de Lisboa de forma peculiar, envolvendo os visitantes e turistas nas suas tradições.Esta vila charmosa, que servia em outros tempos de dote de casamento às rainhas, oferece em cada recanto uma pequena história, que é descrita pelo nosso guia. Seja o Cruzeiro da Memória, onde se diz que se iniciou a conquista de Óbidos aos mouros, em 1148, à Porta da Traição, ponto fulcral nessa conquista, às histórias das 12 igrejas da vila com as pinturas de Josefa de Óbidos, são muitas as atracções que se encontram nesta pequena vila, algumas das quais nos remetem para as vivências de outros tempos. Ivo Soares aproveita para justificar as cores das típicas casas caiadas dentro da muralha. As que envergam as faixas de cor amarela eram casas habitadas pela plebe, sendo as de cor azul ligadas ao castelo, as vermelhas à nobreza e as faixas cinzentas ao clero. Ao longo da visita dentro das muralhas, é possível observar vários projectos de requalificação da sua oferta, que vão desde as muralhas a algumas casas.
Estando fortemente ligada à história de reis e rainhas, não podia faltar em Óbidos doces tradicionais, como o Bolo de noiva da padaria Capinha de Óbidos, de Anabela Capinha, que procura recriar receitas antigas de doçaria de deixar água na boca. É nesta padaria e pastelaria que a Silver Coast Travelling promove os workshops de pão tradicional, de forma a envolver os turistas numa prática tradicional. Aconselhável depois de desfrutar vários doces é continuar o passeio pelos vários miradouros da vila, nos quais se consegue ter uma melhor perspectiva de Óbidos e das suas características diferenciadoras.

Licor de ginja da Oppidum
Segue-se a Rota da Ginja, para ficarmos mais conhecedores deste fruto que dá origem ao néctar característico da região, a Ginginha de Óbidos. Dizem os historiadores que a ginjeira foi uma árvore trazida pelos romanos, que usavam as famosas bagas vermelhas como uma espécie de antídoto para as suas indisposições após as suas regadas festas. A utilização das bagas evoluiu com os frades, que as utilizavam para as suas infusões, rapidamente se tornaram no famoso licor. Ginja, água, alcóol e açúcar são os únicos ingredientes do licor original, que só na região é produzido.
É no Sobral da Lagoa, nas redondezas de Óbidos, que encontramos a maior concentração de ginjais e que visitamos a Oppidum, onde pequenos grupos de visitantes podem ficar a conhecer o processo de produção do licor. Criada em 1987, a Oppidum distingue-se das demais no mercado por “ter uma maior concentração do fruto”, explica Marta Pimpão, mas sobretudo por um processo mais tradicional na execução do licor.
Também a Frutóbidos, que produz e comercializa o licor Vila das Rainhas, recebe visitas de quem melhor quiser saber sobre a produção da ginjinha de Óbidos. A empresa produz produtos gourmet derivados de ginja como gomas, bolachas, chás e compotas, e realiza provas do licor e destes produtos.
Ao entardecer, e depois de uma saborosa ginjinha, segue-se um passeio de charrete com cavalos ou com burros, com as Charretes do Oeste, até à vila num momento proporcionado pela Greenservice de João Baptista, responsável também pelo mercado biológico da vila, que ali junta fruta biológica da região com uma imensidão de livros de alfarrabista dispostos em caixas de madeira de fruta, que resultaram em extensas prateleiras. Vinhos e licores regionais, azeites nacionais e vinagres regionais, bem como chocolates artesanais são alguns dos produtos que também ali se podem encontrar.
Junto ao mar
A história de Óbidos estende-se no tempo e no território, daí que a Lagoa de Óbidos seja de visita obrigatória. Outrora um ponto marítimo importante, tendo inclusive chegado às próprias muralhas do Castelo de Óbidos, aquela que é actualmente a maior lagoa costeira do país continua a ter especial relevo na vida de várias famílias que ali têm o seu sustento, seja pela pesca da enguia ou pela apanha de bivalves. Mas não só. O património natural da Lagoa, onde se destaca a sua biodiversidade única, é motivo de preservação, razão pela qual vai ser desenvolvido o Centro de Interpretação da Lagoa de Óbidos, cuja abertura se prevê acontecer no segundo semestre deste ano. Este centro pretende promover um maior contacto com a paisagem e com a comunidade local, mas também com os visitantes da região. O mesmo vai contar com uma exposição permanente, quiosque digital e promover experiências em torno da lagoa em comunhão com a natureza.
Observação de aves, uma ecopista de oito quilómetros que liga Óbidos à lagoa, que pode ser percorrida a pé ou de bicicleta, ‘kite surf’, remo, vela ou ‘stand-up paddle boarding’ são algumas das actividades que podem ser ali realizadas em plena harmonia entre o mar, a lagoa e a serra. Nas redondezas da lagoa existem ainda reconhecidos campos de golfe, muito procurados por praticantes da modalidade pelas suas características e paisagens únicas.
Também as praias fazem parte do cartão de visita da região, como a Foz do Arelho, na outra margem da Lagoa de Óbidos e já no concelho das Caldas da Rainha.
É no alto da Foz do Arelho que encontramos a Quinta da Foz, onde a palavra experiência é a que melhor caracteriza esta quinta centenária, que nos faz apreciar a vida rural e as coisas mais simples e bonitas que a natureza nos oferece. A Quinta da Foz, que possui também turismo de habitação, cujos quatro quartos vão sofrer remodelações nos próximos meses, proporciona experiências turísticas ambientais que podem ser usufruídas a dois, com amigos ou em grupo. Um workshop de apicultura com a Apistrela, que alerta para a importância das abelhas no nosso ecossistema, ou de falcoaria com a ArtFalco, mas também jornadas ou workshops de tiro com arco no picadeiro da quinta são algumas das actividades que enriquecem a permanência nesta quinta, onde não faltam os cavalos, os gansos e patos, e os pavões para embelezar a paisagem. Sem esquecer o amigável Manjerico, o burro da Quinta da Foz.
Na rota do vinho
A riqueza vínica da região de Óbidos, que faz parte da região vitivinícola de Lisboa, é mais que motivo para justificar uma visita às principais vinhas para melhor ficar a conhecer as características dos néctares com origem neste destino. É isso que faz a West Side Stories, um operador turístico ideal para aqueles que queiram apreciar os vinhos de Lisboa e a gastronomia local, sobretudo adeptos do ‘slow travel’.Com programas de meio-dia, dia completo ou mais do que um dia, a empresa dá a experimentar e a conhecer os vinhos que resultam das castas cultivadas na região Oeste, sempre acompanhada pelas histórias de cada adega. Uma das quintas visitáveis é a Quinta do Sanguinhal. Sendo um dos principais produtores da zona de Denominação de Origem Controlada (DOC) de Óbidos, a Quinta do Sanguinhal tem feito uma forte aposta no enoturismo. Segundo Ana Reis, responsável pelo enoturismo, “queremos tornar estes espaços vivos e aproveitar um património e dar-lhe vida”, servindo assim de palco a visitas e aos mais diversos eventos, desde casamentos a festas empresariais, entre outros. Ao património da família Pereira da Fonseca acresce ainda a Quinta das Cerejeiras e a Quinta de S.Francisco, cujos nomes representam os vinhos DOC mais prestigiados desta empresa familiar.
Os vinhos são um elemento fulcral nas iniciativas promovidas pela West Side Stories, que prima por contar histórias com vinho e tradição, transportando o turista para lugares únicos da região, como acontece a seguir nas Caldas da Rainha.
Rota Bordaliana
A quinze minutos de Óbidos fica a cidade das Caldas da Rainha, que deve o seu nome à sua fundadora, a Rainha D. Leonor, que ali mandou erguer um hospital termal para que o povo pudesse usufruir das propriedades terapêuticas das suas águas. Caldas da Rainha não é só conhecida pelas suas águas termais, cujas termas vão reabrir em breve, mas é sobretudo marcada pela história do renomeado artista Raphael Bordallo Pinheiro. Conhecido pelas suas obras de arte, o artista começou em 1884 a sua produção cerâmica na Fábrica de Faianças nas Caldas, tendo desenvolvido azulejos, painéis, potes, centros de mesa, jarros bustos, pratos, perfumadores, jarrões e animais agigantados, sem faltar a figura popular do Zé Povinho.É a vida e herança de Bordallo Pinheiro que é trazida às ruas das Caldas da Rainha pelo teatro histórico-cultural Alter Egos Bordallo Pinheiro, da Cenas Teatro e Companhia. Aqui, a arte, criatividade e o humor do carisma da obra de Raphael Bordallo Pinheiro são o mote de um percurso de duas horas pela cidade das Caldas, que passa pelo Parque D.Carlos e pelo Hospital Termal das Caldas da Rainha, para mencionar apenas dois dos pontos de passagem. Durante este percurso, é possível ver peças gigantes que integram uma rota cultural dedicada a Bordallo Pinheiro, num projecto da autoria da Câmara Municipal das Caldas da Rainha. O conhecido Zé Povinho, a Saloia, o Padre Cura, rãs, gatos, sardões, caracóis, folhas de couve, entre outros elementos característicos da estética Bordaliana foram espalhados pelas ruas da cidade, em fachadas de prédios e até penduradas em árvores.
São muitas as razões que justificam uma visita a esta vasta e rica região que tem ofertas durante todo o ano para miúdos e graúdos. Seja qual for a motivação ou propósito, há atracções para todos os gostos.
*A jornalista viajou a convite da Óbidos.com