Reportagem| Moçambique: E tanto por descobrir
A companhia aérea TAAG e a central de reservas hoteleiras Teldar organizaram uma fam trip a África para um grupo de agentes de viagens. Neste artigo, publicamos a segunda parte da viagem, que inclui a visita a Maputo e a Ponta do Ouro.
Carina Monteiro
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A companhia aérea TAAG e a central de reservas hoteleiras Teldar organizaram uma fam trip a África para um grupo de agentes de viagens. Neste artigo, publicamos a segunda parte da viagem, que inclui a visita a Maputo e a Ponta do Ouro.
Maputo é a porta de entrada de Moçambique, um destino que, no Turismo, tem muito ainda por explorar. O turismo de lazer é residual se comparado com as viagens de negócios. E isso percebe-se pelo perfil das unidades hoteleiras, muitas delas vocacionadas para o Turismo de Negócios e longas estadias. No entanto, a cidade não deixa de ter algumas atracções para quem quer visitá-la em lazer.
Tendo alguns pontos de referência, tais como a Avenida Marginal, o Bairro Central e Sommerschield, é fácil deslocar-se para os principais locais de visita. Em Maputo, muitas avenidas têm nomes de presidentes de países africanos que ajudaram na Revolução. É o caso da Avenida Patrice Lumumba, primeiro presidente do Congo Democrático. É nesta artéria que se localiza o Museu de História Natural de Maputo. O edifício construído em 1913 e inspirado no estilo manuelino pertence actualmente à Universidade Eduardo Mondlane. Dividido em dois andares, o museu exibe espécies que podem ser encontradas nas reservas naturais do país, muitas delas estão embalsamadas. No exterior, o museu possui um mural do maior artista plástico do país, Malangatana. A entrada no museu tem o custo de 50 meticais (0,70€).
É no bairro central que fica a Praça da Independência, o edifício do conselho municipal, a estátua do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel e a Sé Catedral, inaugurada em 1946. No que à religião diz respeito, Moçambique encontra-se dividido: 50% da população do sul do país é católica, 30% muçulmana e 20% segue outras religiões; no norte é o inverso. A poucos metros da Praça encontra-se a Casa de Ferro (projectada por Gustave Eiffel), importada de Portugal em 1910 para ser a casa do governador da antiga Lourenço Marques. Hoje em dia, pertence ao Departamento de Promoção e Desenvolvimento dos Destinos Turísticos do Ministério da Cultura e Turismo e funciona como galeria de pintores locais.
A Fortaleza de Maputo é um dos locais de visita obrigatória. Construída em 1775 por militares portugueses contra os ataques estrangeiros, o monumento exibe, hoje em dia, um mural de mosaicos feito por artistas moçambicanos. No interior da fortaleza conta-se a história de Ngungunhane, moçambicano que lutou contra a ocupação dos portugueses. Duas imagens na parede representam a captura de Ngungunhane por Mouzinho de Albuquerque e, por sua vez, Mouzinho e os seus soldados durante a guerra da revolução. A entrada na fortaleza tem o valor de 30 meticais, sendo também palco de exposições temporárias.
Os locais de visita em Maputo ficam a uma pequena distância entre eles, por isso dois dias são suficientes para conhecer a cidade. Um dos locais obrigatórios é a bonita Estação de Caminhos-de-Ferro, inaugurada em 1910. Considerada uma das mais bonitas do mundo por uma revista norte-americana, a estação alberga o Museu dos Caminhos de Ferros de Moçambique.
Ponta do Ouro
Uma vez em Maputo, recomenda-se a visita à Ponta do Ouro que fica no extremo Sul do país, a 120 quilómetros da capital moçambicana. Trata-se de um paraíso para os amantes do mar e da natureza que permanece ainda intocável pela pressão turística. E percebe-se porquê. O acesso à Ponta de Ouro fazia-se por estrada em terra batida. Algo que vai mudar agora, com a finalização das obras da estrada alcatroada. Por outro lado, a nova Ponte de Maputo-Catemba, inaugurada este mês de Novembro, vai tornar mais fácil e rápida a chegada à Ponta do Ouro. Conhecida pela prática de desportos e actividades náuticas, como o mergulho, snorkeling, surf, kitesurf e observação de golfinhos, a Ponta do Ouro está a 10 quilómetros da fronteira com África do Sul e, por esse motivo, encontramos muitos sul-africanos por aqui, mas também encontramos portugueses, é o caso de Sérgio Moreira que chegou a Moçambique há 12 anos, para trabalhar na hotelaria. Recentemente, ele e mais dois portugueses, abriram o Café Del Mar na Ponta do Ouro. Têm planos de remodelar os 20 quartos que estão localizados nas traseiras do restaurante. A ideia, diz, é criar um alojamento acessível, porque “as pessoas evitam vir para aqui, porque os lodges são caros, então não vêm ao restaurante”, explica. Sérgio Moreira acredita no potencial turístico de Moçambique, mas “sabe que há muita coisa para fazer”.
Uma das principais actividades de Ponta do Ouro é o mergulho e a interacção com golfinhos. O Centro de Golfinhos de Ponta do Ouro, aberto desde 2010, oferece este tipo de experiências. Luis Matusse, um dos instrutores, trabalha nesta área desde 2007. É ele que explica como tudo acontece. Os golfinhos podem ser avistados o ano todo, mas nem sempre é possível interagir com eles, especialmente se estiverem a caçar, a dormir ou a amamentar. O barco de borracha tem capacidade para 13 pessoas e os passeios são acompanhados por três tripulantes. Um deles é o “facilitador”. Quando os golfinhos são avistados, o facilitador mergulha antes do grupo, só depois dá o sinal para o grupo entrar na água. São cerca de 10 a 15 minutos dentro de água com os golfinhos.
Depois disso, o grupo segue em direcção a um coral onde podem fazer snorkeling. A actividade tem a duração total de aproximadamente duas horas. A temperatura da água costuma estar a uns convidativos 26ºC a 28º C. O Centro pretende começar a fazer viagens exclusivas para avistar baleias. Os passeios podem custar entre 1890 e 5400 meticais, mediante o tour que o cliente pretender.
O percurso de carro para Ponta do Ouro inclui a passagem pela Reserva Especial de Maputo, onde se podem avistar animais de várias espécies, o que torna a viagem a Ponta do Ouro ainda mais especial.
Moçambique, uma promessa turística
Moçambique atingiu o pico do Turismo em 2012, ano em que registou perto de dois milhões de turistas. Desde esse período para cá, o país tem registado uma ligeira regressão, algo que Nuno Fortes, responsável pelo marketing do Instituto Nacional de Turismo de Moçambique, justifica com a conjuntura internacional, a situação económica e a instabilidade que se sentiu no país. No entanto, o responsável garante que o destino está a dar sinais de retoma da actividade turística. “Estamos a registar uma curva crescente, ligeiramente tímida, é verdade. No entanto, sentimos um fenómeno interessante, o mercado nacional aumentou”, afirma em declarações ao Publituris num encontro que decorreu à margem desta viagem. Neste sentido, uma das políticas do governo moçambicano tem sido a aposta no turismo doméstico. No entanto, Nuno Fortes garante que os mercados internacionais, nomeadamente o português, continuam a merecer uma forte atenção. “É um dos mercados mais importantes que temos, participamos na BTL há mais de 20 anos. Durante muito tempo Portugal foi a porta de entrada na Europa. E não só. Também pelos laços culturais e históricos, continua a ser uma grande aposta para o Turismo moçambicano. É verdade que se sentiu uma ligeira redução do mercado português, mas teve a ver com a recessão económica de Portugal. Temos um grande segmento turístico de Portugal que está relacionado com a visita a familiares e amigos. Isso faz com que o número de portugueses continue a crescer para Moçambique”.
O responsável destaca ainda o número de camas em Maputo, que duplicou nos últimos cinco anos, sobretudo através de investimento estrangeiro. “Tem muito a ver com os recursos naturais descobertos em Moçambique. As grandes companhias de petróleo e gás acabaram por se instalar em Moçambique, o que levou a um boom imobiliário, sobretudo nas cidades de Maputo, Tete, Nacala e Pemba. Isso acaba também por ser muito bom para o Turismo de Negócios. Estamos com um parque hoteleiro perfeito para receber qualquer turista de qualquer parte do mundo”.
Dércio Parker partilha do mesmo optimismo. Fundou há quatro anos a MCI – Marcas & Companhia Internacional, empresa moçambicana que presta serviços para empresas e marcas internacionais que pretendam estabelecer-se no mercado nacional, desde os serviços financeiros às próprias viagens. Quando abriu a empresa, pouco tempo depois, Moçambique entrou numa crise económica. A empresa sobreviveu à pior fase e “tem-se destacado bastante no mercado tendo em conta o seu conceito diferenciador e inovador”. “Não somos apenas um provedor de serviços, somos uma solução integrada de serviços, tanto para viagens, como para negócios. É isso que nos tem posicionado no mercado, aliado à experiência que tenho de mercado das viagens e a rede de contactos estabelecida”.
Para Dércio, o “mercado português tem um grande potencial”, tendo em conta que “Moçambique está a voltar a estar na moda para o Turismo, a oferta aumentou bastante e o facto de partilharmos a mesma língua e de termos alguns hábitos culturais semelhantes, torna-se um mercado mais atraente”. O empresário acredita na viragem económica. “Sentimos que a economia de Moçambique está a melhorar, apesar de ainda serem sinais fracos para um investidor. Vejo que o mercado português vai voltar a aderir ao produto moçambicano”.
Na área das Viagens, a MCI dispõe de programas que cobrem a maior parte dos destinos moçambicanos, posicionando-se como “o braço forte no país para as agências que pretendem ter os seus clientes em boas mãos”. O serviço prestado pela empresa pode incluir desde o acolhimento na fronteira até os programas em destinos como a Suazilândia, Kruger, Bazaruto, Ilhas Quirimba ou Ponta do Ouro. No caso de Maputo, Dércio lembra que é um “destino neste momento com muitos hotéis e há um potencial muito grande para eventos e conferências e é algo que queremos promover, ou seja a vinda de grupos e incentivos”, conclui.
*A jornalista viajou a convite da TAAG e da Teldar.