Universidade de Aveiro identifica discriminação de género no Turismo
Trabalho da investigadora Inês Carvalho apurou que o Turismo “é um sector ainda marcado por profundas desigualdades entre mulheres e homens”.
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A discriminação de género é “uma realidade ainda presente na indústria do turismo”, apurou um estudo da Universidade de Aveiro, realizado pela investigadora Inês Carvalho, da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOPP).
“Apesar da maior parte destes postos de trabalho serem ocupados por mulheres, este é um sector ainda marcado por profundas desigualdades entre mulheres e homens”, sublinha a Universidade de Aveiro, numa nota enviada à imprensa.
Segundo o estabelecimento de ensino superior, situações de “bullying por parte de supervisores na altura da gravidez e da licença de maternidade”, assim como “salários mais baixos do que os colegas homens” e “menores oportunidades de progressão na carreira para as mulheres” continuam a ser uma realidade no sector.
A Universidade de Aveiro lembra que “tem vindo a chamar a atenção ao longo dos últimos anos” para esta situação em diversos estudos, a exemplo do trabalho da investigadora Inês Carvalho agora divulgado, que recorreu à “análise de bases de dados relativas a todos os trabalhadores do sector privado e 24 entrevistas a mulheres com cargos de topo na indústria do turismo e de vários pontos do país”.
Durante as entrevistas realizadas, Inês Carvalho diz que, apesar da “renitência em utilizarem o termo discriminação de género e afastarem-se com isso de discursos de vitimização, a quase totalidade das entrevistadas reconhece situações de desigualdade de género no sector”, sendo que “cerca de um quarto das entrevistadas experienciou situações de discriminação directa”.
Além disso, revela ainda a investigadora, “cerca de dois terços destas mulheres experienciaram situações de discriminação indirecta, um tipo de discriminação mais difícil de identificar porque na maior parte dos casos não é interpretada como discriminação a sério”, o que pode levar a que se perpetue.
“Há determinados comportamentos e preconceitos que estão de tal forma enraizados na nossa sociedade, que acabam por ser normalizados e aceites”, acrescenta Inês Carvalho, dando como exemplo os preconceitos que passam pela ideia de as mulheres “serem consideradas menos competentes do que os homens para determinadas funções até que provem o contrário” ou “as suas opiniões não serem ouvidas em negociações importantes”.
O estudo permitiu identificar três aspectos nos quais as desigualdades nas organizações ligadas ao turismo estão alicerçadas, como a “ideia de que as mulheres são primordialmente mães”, mas também por ainda serem vistas como “menos competentes do que os homens para determinadas funções, nomeadamente para cargos de chefia”, e a “preferência dos homens em lidar com outros homens”, o que vem reforçar o preconceito de que as mulheres não são adequadas para cargos de topo.
“Muitas das entrevistadas descreveram as organizações em que trabalham como locais em que, apesar de não haver discriminação intencional (embora em alguns haja), é mais fácil ser homem do que ser mulher”, conclui o estudo da Universidade de Aveiro.
O estudo sobre a discriminação de género no sector turístico foi realizado por Inês Carvalho como trabalho de doutoramento e surgiu depois de a investigadora, que é também professora na Universidade Europeia, ter colaborado no Projecto Gentour, um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e que esteve em curso mais de meia década no Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro.