Deixem-nos trabalhar! Não deixem que as directivas sejam a bomba atómica!
Leia o artigo de opinião de Maria José Silva, CEO da RAVT.
Publituris
Enoturismo no Centro de Portugal em análise
ESHTE regista aumento de 25% em estágios internacionais
easyJet abre primeira rota desde o Reino Unido para Cabo Verde em março de 2025
Marrocos pretende ser destino preferencial tanto para turistas como para investidores
Do “Green Washing” ao “Green Hushing”
Dicas práticas para elevar a experiência do hóspede
Porto Business School e NOVA IMS lançam novo programa executivo “Business Analytics in Tourism”
Travelplan já vende a Gâmbia a sua novidade verão 2025
Receitas turísticas sobem 8,9% em setembro e têm aumento superior a mil milhões de euros face à pré-pandemia
Atout France e Business France vão ser uma só a partir do próximo ano
Deixem-nos trabalhar de uma vez. Acabem com tanto ruído cheio de informação, contra-informação e desinformação! Não estão a ajudar em nada a operação e distribuição turística e,logo, nem o País. Ponham a transposição das Directivas todas cá fora, expliquem os Regulamentos de uma vez, ponham tudo às claras com todos os pontos nos ‘is’. Depois, só nos resta ajustar, adaptar e ir a correr trabalhar o melhor possível, tendo em conta o pouco tempo que nos estão a dar.
Agora, este caos e pânico em que andam todos, mesmo todos, a causar e a sentir, em nada é benéfico e está a revelar-se contraproducente.
Vejamos: existe uma Directiva das Viagens, demasiado atrasada na sua publicação final, certo. Estamos num ano com muita procura antecipada para o Verão, seja no Outgoing seja no Incoming, certo! Até que enfim! Não estraguem isto por que tanto se esperou.
Não sabem tudo que há a fazer? Não, mas convenhamos, se a diretiva foi publicada em 2015, é uma directiva de máximos, com apenas três campos possíveis de ajuste aos países, tratem de ajustar já o resto e, se lerem bem o que sai da Secretaria de Estado – que afinal põe a lei cá fora, e muito auscultou e trabalhou em conjunto com os parceiros de várias áreas e interessados -, já sabem muito e ajuda.
Aumenta o FGVT no valor mínimo, e então? Que interfere isso na venda, quando se pretende fazer o melhor para os nossos clientes? Quanto vão ter que pagar mais ao FGVT? Talvez não seja necessário para uma maioria, uma vez que os valores que lá estão são avultados e os de produção das agências menores, que são a maioria em PME’s no País, estão salvaguardados.
Mas a pagar, não tinham já a cada ano que pagar cauções bancárias? Há quanto tempo ninguém pagou nada mais? Os escalões estão mais justos? Parabéns! Já era tempo! Queriam que a solidariedade fosse diferente, em que os OT’s e retalhistas fossem diferentes? Porquê? Há agências que sozinhas produzem mais que pequenos operadores turísticos. Não têm mais de 90% dos operadores turísticos indexados nos grupos turísticos a que pertencem agências retalhistas? Não são todos agentes de viagens, mudando apenas a actividade? Que saiba, o risco é de todos e para todos e os clientes de todos! Ou será que querem uma lei para cada actividade de agência? Já se deram conta que se assim for terão que separar agências retalhistas, grossistas (Ot’s), DMC, Incoming, Outgoing, IATA e não IATA, offline, online (OTAS), com animação, ou com corporate, as especializadas de golfe, mergulho, neve, em cruzeiros,
autocarristas, os GSA e por aí adiante.
A Diretiva traz mais riscos, mais encargos, obriga a mais cuidados? Certo, mas como tudo na vida, tem a parte boa e a menos boa. ‘O que é o caos para a mosca que cai numa teia, é a maravilha de oportunidade para a aranha’!
E lembraram-se todos de refilar na época certa, nos anos antes de 2015, quando a UE publicou a diretiva? Não há mais solução, logo deixa de ser um problema. Vão todos mergulhar no negro, no mau, na crítica, na desmotivação ou vão arregaçar as mangas e ajustar, até, quem sabe, aproveitar a mudança para melhorar? Não será altura de união, coesão, maior cooperação? Se os operadores turísticos não ajudam, o que não faltam são outros para os substituir, pois afinal agora quase todos vendem de tudo. As agências de viagens são isto ou aquilo? Fechem-lhes vendas que há muito como fazê-lo.
Mudar com tantas diretivas ao mesmo tempo custa. Sim, muito. Mas há alguma mudança para o ser humano, animal de hábitos e comodista, que seja fácil? É a mudança um problema? Se não há outra solução, o que resta é apenas a aceitação e acção em conformidade.
Há 28 anos que trabalho na área, vi fases e mudanças piores e maiores. Ouvi mil profecias sobre o fim dos agentes e ainda cá estamos, e muitos, agora até demais. Os agentes são de boa fibra, tipo bambu, abanam nas tempestades, dobram, mas não caem facilmente.
Temos seguros para nos ajudar. Sim, ajudar, mas não são “obrigatório” senão os de base, embora com o novo cenário se tornem obrigatórios. A esmagadora maioria dos Ots já os têm incluídos no seu produto. Não são todos e nem vendemos só produto de operadores turísticos e de risco. Mas têm oportunidade de os colocar por 10 ou 20 euros de forma independente.
Acham que os clientes deixam de comprar por isso? Pois, por vezes regateiam por 10 euros, mas já se deram conta que ao fim de um mês de irregularidades que são certas, devido a atrasos de voos, estes serem triangulares e quadrangulares, em altas rotações; operações sem prioridades de slots, em aeroportos sobrecarregados como os europeus; com mais ventos; nevoeiros; inundações; atentados; furações; tsunamis; terramotos; guerras; irão essas agências arriscar por valor tão pequeno e nada colocar? E se mesmo assim o fizerem, quanto tempo acham que mantêm a porta aberta?
Que tal, em vez de estarem masoquistas, a focar no negro, decidam por mãos à obra e adaptar-se e pronto! Ahhh, os espanhóis! As Caraíbas que têm seguros de aproximadamente 500€, olhem, não vendam! Há mais destinos no mundo. Deixem lá todos de se preocupar, desviem os fluxos se assim continuarem os seguros a pressionar-nos e os operadores turísticos teimosos a não se ajustarem. Mandem os clientes todos para o Algarve e para a Cochinchina, com tudo muito bem explicadinho e veremos até quando vão manter a rigidez, o braço de ferro e arriscam em não meter sequer seguros, opcionais ou não, sejam lá eles portugueses, espanhóis, ingleses, desde que protejam os nossos clientes. Veremos então quanto tempo aguentam o embate.
Há ainda as directivas PCI DSS, as RGPD (proteção de dados), as PNR, há pois. Com tudo a querer especular, a aproveitar-se dos comerciantes. Abram os olhos, contactem quem for de confiança, não aceitem tudo que vos querem impingir, esperem o lodo assentar e as águas ficarem mais cristalinas e aos poucos tudo cumprem, sem tanto pânico e sem tanto caos.
A todos os que por todo lado já dizem de tudo, certo e errado, com tanta informação, contra-informação e desinformação, abrandem os vossos jogos políticos, os lobbies, os ataques a uns e outros e ponham tudo transparente, mais bem explicado, mais positivo, mais motivador, e deixem-nos produzir, deixem-nos trabalhar. Não permitam, nenhuns, que os assuntos virem a bomba atómica!
*Por Maria José Silva, CEO da RAVT