Conversas à Mesa | Jorge Lopes
Jorge Lopes, head of commercial – Europe and South America do Grupo Minor , foi o convidado do Conversas à Mesa que decorreu no restaurante Terraço.
Carina Monteiro
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Jorge Lopes, head of commercial – Europe and South America do Grupo Minor , foi o convidado do Conversas à Mesa que decorreu no restaurante Terraço.
Nasceu em Portimão, em 1978, mas as raízes familiares de Jorge Lopes estão no Luso. Até aos dez anos viveu em diversos locais do País, condição de ser filho de um hoteleiro. Aliás, nasceu no Algarve, porque o pai, além de hoteleiro, era director da Escola de Hotelaria de Portimão.
Viveu em Porto Santo, Monte Gordo, Póvoa de Varzim, Alvor, Lagos, novamente Alvor e, finalmente, no Luso. Recorda uma infância feliz, um pai e uma mãe fantásticos e, claro, recorda-se de viver em hotéis. “A primeira vez que tive casa devia ter 10 anos”, afirma.
A hotelaria está no sangue da família. O bisavô tinha uma hospedaria no Luso e o avô foi chefe de cozinha, chegou a ter cinco pensões, direccionadas para o Termalismo. Além disso, também o avô foi professor da Escola Hoteleira de Faro. “O meu avô no Inverno dava aulas, no Verão ia fazer a época alta ao Luso”, recorda.
O pai regressou ao Luso para pegar nos negócios da família, quando Jorge Lopes tinha 10 anos. Ao fim de algum tempo, começou a trabalhar com as Caves Messias, onde foi director comercial.
Conta que o pai não queria que seguisse as pisadas da família e trabalhasse em hotéis, ao contrário do avô. Mas uma casualidade havia de mudar o rumo da história. Jorge Lopes era apaixonado por arquitectura, mas era péssimo aluno a Geometria Descritiva, o que fez com que tivesse de esperar um ano para entrar na universidade. Na altura tomou a decisão de começar a trabalhar. Um dia foi com o pai ao Hotel Villas de Sesimbra almoçar e em conversa com o director, Luís de Brito, surgiu uma oportunidade de trabalho. “Julguei que fazia sentido trabalhar um ano e depois retomar os estudos. Nunca mais parei”.
Trabalhou durante um ano no hotel em Sesimbra, como recepcionista, até que surgiu a oportunidade de ir fazer um estágio para o Le Meridien Penina, no Algarve. Ele, que em criança tinha vivido no Penina, conhecia bem o hotel, e o pai já tinha sido recepcionista. No Le Meridien Penina fez um estágio na área de F&B, durante cerca de um ano.
Foi nessa altura que enfrentou um grave problema de saúde. Aos 21 anos foi-lhe diagnosticado um cancro. Lidou positivamente com o problema, mas reconhece que uma situação destas “muda a forma como olhamos para a vida e aquilo a que damos importância”.
Já quase no final dos tratamentos recebeu um telefonema do Luís de Brito, com quem tinha trabalhado em Sesimbra. Disse-lhe que ia dirigir um novo hotel de quatro estrelas, o Baía Grande, em Albufeira, no Algarve e contava com ele na equipa.
“Fizemos a abertura do hotel e eu estive a trabalhar na área comercial, comecei a ter contacto com as agências, os operadores e a minha mulher, que sempre trabalhou na área comercial, deu-me imenso apoio”, recordou.
Em 2001, numa viagem à FITUR, em Madrid, conheceu Jorge Beldade, que lhe disse que o grupo Tivoli procurava um promotor de vendas na altura para o Vilamoura Marinotel e para o Hotel Almansor (Carvoeiro). Foi assim que se deu a sua entrada no grupo. Esteve três anos como promotor de vendas dos hotéis no Algarve. Depois passou a assistente do director comercial, na altura Jorge Beldade. Em Junho de 2006, e já com Alexandre Solleiro como director de operações do grupo, foi convidado para a direcção de vendas do grupo em Portugal e no Brasil. Passados quatro anos, em 2010, surgiu a oportunidade de voltar ao Algarve, para o resort Pine Cliffs. “O que me explicaram na altura é que precisavam de contratar um director comercial português, que tivesse contactos, que conhecesse bem o mercado e eu tinha sido referenciado por várias pessoas”.
Aceitou o convite. “A ideia de voltar para o Algarve apaixonava-me, porque é um sítio onde gosto muito de viver. Mas o que me fez realmente aceitar foi o facto de ser uma empresa como a Starwood. Uma das coisas que gostava de fazer era ter uma experiência internacional e o timing era aquele, aliado ao facto de pensar que estava na altura de mudar. Foi eventualmente uma das melhores decisões que tomei até hoje”. Falando desta experiência, Jorge Lopes afirma que “de repente deixamos de ser uma referência numa empresa para passarmos a ser um número, isso às vezes também faz bem. Nunca me subiu à cabeça, nem nunca perdi a noção da realidade em nenhuma fase da vida profissional, mas é um bocadinho um ‘reality check’. Não me arrependi em nada. Deu-me imenso gozo voltar ao mercado que conheço bem, onde estão os meus amigos e onde tenho grandes relações dentro do trade. Isso tudo deixou-me muito feliz e trabalhei com pessoas fantásticas, que me deram carta-branca para formular a equipa.” Jorge Lopes foi director de marketing e vendas do Pine Cliffs Resort até 2016.
Regresso ao Tivoli
Em 2016, com a compra dos Hotéis Tivoli pelo grupo tailandês Minor foi convidado a regressar como responsável da área comercial para a Europa e América do Sul, algo que aconteceu em Maio. “Fiquei contentíssimo, além desta ser uma empresa que adoro e que, no fundo, sempre senti como minha, onde tenho muitos amigos e onde trabalhei vários anos, senti-me orgulhoso com o convite. Por outro lado, o facto de ser uma empresa internacional, não tão grande como uma Marriott ou uma Starwood, tem 155 hotéis, e com uma equipa de gestão muito coesa, sem grandes hierarquias e com uma estrutura bastante horizontal”, pesou na decisão, que não nega, “teve um quê de emocional”. “Os hotéis Tivoli sempre foram a minha paixão”.
Aos 38 anos, afirma-se satisfeito e extremamente feliz. “Sinto-me realizado, embora todos os dias acho que há sempre mais qualquer coisa para fazer. Acho que podemos sempre fazer melhor. As empresas devem ser isso: devem ser dinâmicas e mutantes.”
Vida pessoal
Conheceu a mulher no Le Meridien Penina, onde ambos tralhavam, e estão juntos desde então. Casaram em 2010 e tiveram uma filha, Ana Leonor, actualmente com quatro anos.
Nos tempos livres, adora cozinhar, faz várias coisas, desde a cozinha tradicional portuguesa, à asiática, italiana e cozinha francesa, por influência do avô e do pai. Adora música, mas não é grande fã de concertos. “Sou bastante nostálgico com a música, é raro ouvir alguma coisa que seja recente. Os meus amigos têm uma piada sobre mim que é: Chegou uma fase em que eu morri e alguém se esqueceu de avisar. Gosto de música desde os anos 20 até aos anos 90, mas depois parou”, brinca.
Jorge Lopes é na vida profissional como é na vida pessoal. “A minha forma de estar na vida como profissional, filho, marido, amigo é que devemos ser sempre boas pessoas. Para mim, o mais importante na vida é o carácter, a seriedade, a honestidade, a palavra, se calhar um bocadinho por influência de ser beirão, os meus avós eram pessoas de palavra. Acho que isso tem alguma influência”. “As pessoas devem ser focadas, devem perceber que as empresas não são eventos de caridade. A nossa função nas empresas é realmente criar valor, obter resultados”, defende, quando questionado sobre o que valoriza nas equipas. “Gosto de pessoas dinâmicas, céleres. Não demoro muito tempo a tomar decisões. Às vezes é melhor uma má decisão que uma não decisão. Às vezes as empresas perdem muito tempo, e tornam-se muito pesadas e burocráticas com os processos excessivos, com inúmeras aprovações. Sou bastante prático na forma de liderar e trabalhar. Aqui, tenho a felicidade de trabalhar num sítio que realmente amo e com as pessoas com quem gosto de estar. Isso também ajuda muito à tomada de decisão e às equipas trabalharem em conjunto”.
Tem um lema de vida: “O meu grande guru foi sempre o meu pai. Quando estás bem contigo próprio, com a tua família e os teus amigos, tudo corre pelo melhor. Acredito na máxima não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti. Essa sempre foi a educação dos meus pais e dos meus avós. E isso é a minha forma de estar e de ser”.
RESTAURANTE TERRAÇO
No Restaurante Terraço, pode-se degustar apetitosos pratos da cozinha tradicional portuguesa enquanto se aprecia uma vista deslumbrante de cima do último piso do Tivoli Lisboa. Aberto das 7h00 às 10h30, 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 23h00, este restaurante na baixa de Lisboa é o local ideal para um almoço de negócios ou jantares exclusivos.