Eventos e congressos: Articulação pública deve ser mais próxima dos privados
Foram vários os ‘players’ da Meeting Industry em Portugal que participaram no Meet@MeoArena e identificaram as lacunas que o segmento ainda verifica em Portugal.
Raquel Relvas Neto
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“Como coordenar o esforço das diversas entidades na captação de eventos para Portugal?” foi um dos temas debatidos no Meet@Meo Arena, que decorreu esta terça-feira, em Lisboa.
Foram vários os ‘players’ da Meeting Industry em Portugal que participaram e identificaram as lacunas que o segmento ainda verifica em Portugal. Um dos aspectos que ganhou maior unanimidade foi a ainda fraca articulação entre entidades públicas com as privadas, sobretudo na perspectiva nacional.
Diogo Assis, da events by tlc, considerou que se passou “de uma situação mais reactiva para uma situação proactiva”. “Hoje em dia é mais fácil dialogar com as instituições públicas quando se trata da captação de um evento internacional e um óptimo exemplo disso é o próprio Web Summit, que conseguiu juntar na mesma mesa, o Turismo de Portugal, o AICEP e o Turismo de Lisboa na captação deste evento”, referiu, sublinhando que apesar de ser um evento que traz notoriedade a Portugal, peca pela ausência de articulação com os privados. “Um evento desta dimensão é excelente em termos de notoriedade e traz outras coisas, mas também tem um impacto no ecossistema que não permite fazer outro tipo de eventos. Portanto, é preciso envolver também o ecossistema local no delivery”, esclareceu.
Também Bernardo Côrrea de Barros, do Turismo de Cascais, realçou a questão da articulação, do ponto de vista nacional. “Julgo que a articulação ainda não é tão próxima, não é uma proximidade com uma visão orientada para o negócio, mas acho que estamos a caminhar a passos largos”.
Jorge Sobrado, da Viseu Marca, fez referência à questão de outras cidades além de Lisboa. Tenho uma visão mais pessimista com a forma como os decisores olham para o País como um todo. Todos os dias se continuam a desperdiçar oportunidades em cidades médias, (…) com imensas oportunidades de negócio, nomeadamente atracção de eventos. Opinião também partilhada por Carlos Oliveira, da InvestBraga: “Na atracção de investimento tempos que perceber que cada território, cada região, em que tipo de eventos é que está a jogar para que depois seja fácil fazer o matching daquilo que são as oportunidades sejas eventos nacionais ou internacionais. Do ponto de vista publico, falta um pouco articular esta organização”.
Mais crítico foi Carlos Morais, da SISAB Portugal, o maior evento nacional dedicado à exportação. O responsável apontou a falta de apoios que se dá a eventos realizados para os portugueses, que são preteridos em relação aos eventos internacionais. “O que pedimos são oportunidades. Se dão àquela entidade estrangeira dois ou três milhões de euros com apoios, por favor dêem-me a mim também. Em 22 anos, nunca tive esse tipo de apoios. Tenho a certeza que com essa contribuição tinha ido muito mais longe e tinha aberto as portas a mais negócio. Se é preciso provar aquilo que os meus eventos fazem pela economia nacional eu peço que peçam. A única coisa que pedimos é apenas o mesmo que os outros têm”, frisou. Carlos Morais aludiu ainda à questão dos vistos, que dificulta a vinda de potenciais compradores de novos mercados para Portugal.
Por sua vez, Jorge Vinhas da Silva, CEO da Arena Atlântico, recordou a promoção individual que existe em Portugal. “Para quem vem de fora é muito estranho falar com as mais variadas entidades. Temos de adoptar todos uma atitude mutualista e não de competição, porque temos de abdicar todos dos nossos cinco minutos de fama e admitir que trazer um evento é um projecto e tem que haver alguém que apresente esse projecto e que posso unir todos os ‘stake holders’ em torno de interesses comuns”.
Bernardo Côrrea de Barros aproveitou ainda para enaltecer o trabalho que está a ser feito pela equipa liderada por Joaquim Pires, o “super convention bureau”, como apelidou, e apelou que este deve ter uma maior autonomia: ”Tem que ter as ferramentas necessárias ‘super convention bureau’ para que traga negócios para toda a gente”.
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, no encerramento, respondeu aos reptos colocados pelos empresários. “A questão dos vistos, do uso do património para eventos e o uso da Natureza e do património natural, a questão da simplificação e dos entraves, a burocracia ao vosso negócio são coisas que nos preocupam todos os dias. (…) Não é uma questão do sector público ou privado, é uma questão de pessoas e enquanto não conseguirmos ganhar a confiança uns dos outros, e digo também entre privados, enquanto não conseguirmos trabalhar em rede e melhorar esta comunicação, dificilmente chegaremos a algum lado”.