Frédéric Frère | Um olhar sobre 2017
O Publituris vai publicar, até ao final do ano, as opiniões de diversos players do sector sobre o ano que agora finda e as perspectivas para 2017.
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O Publituris vai publicar, até ao final do ano, as opiniões de diversos players do sector sobre o ano que agora finda e as perspectivas para 2017.
Frédéric Frère, presidente do Forum Turismo 2.1
O que foi para si o melhor e o pior de 2016 no que diz respeito ao Turismo?
Penso que 2016 se destaca claramente pelos aspectos positivos e não pelos negativos, conseguindo consolidar a excelente tendência que temos vindo a verificar nos últimos anos. Os indicadores de procura registam, uma vez mais, níveis muito altos, e, apesar do acompanhamento normal e expectável da oferta que tende em aumentar, esta absorve de momento a procura sem grande dificuldade. Diria que podendo inclusive haver uma estabilização do crescimento da procura, o factor provavelmente mais positivo será um aumento da receita média e o impacto que a mesma tem na rentabilidade das empresas. Mas para mim, mais importante do que celebrar um excelente ano de receitas turísticas, acho que devemos, sobretudo, realçar com ponto positivo a capacidade que os actores do sector têm tido em afirmar capacidade criativa, capacidade de “reinvenção” para alguns, abordando o mercado com propostas de valor muito inovadores e melhor ainda, muito bem executadas.
O outro aspecto muito positivo que não posso deixar de aplaudir é todo o processo de melhoria de vários espaços públicos e infraestruturas nas zonas com maior potencial turístico das nossas principais cidades. Sempre defendi que a melhor forma de aumentar a procura não é através do auto elogio publicitário, mas sim por via da melhoria substancial da experiência do visitante. Por esse motivo, também considero que apesar de inevitavelmente virmos a atravessar ciclos de procura menos favoráveis no futuro, não devemos levantar o pé e, tal como uma empresa que se preocupa em constantemente melhorar o seu produto, em torná-lo mais competitivo e diferente dos seus concorrentes, Portugal deve continuar a investir, ano após ano, na excelência da sua oferta e ambicionar ser um destino exemplar a nível mundial.
A nível do “pior”, sou tentado a destacar as críticas que, por vezes, surgem relativamente aos efeitos negativos do turismo. Penso que devemos claramente trabalhar para tornar a oferta turística mais sustentável em todos os aspectos e por consequente corrigir, afinar vários aspectos mas nunca ao ponto de reduzir os esforços em torno de um dos principais pilares actuais da economia Portuguesa. Esses esforços incluem por exemplo a “fiscalidade competitiva” que como sabemos tem estimulado de forma muito positiva o investimento estrangeiro no imobiliário residencial e turístico.
Quais são as suas perspectivas para 2017? Será um ano melhor ou pior que 2016?
Vivemos num mundo com grandes incertezas de carácter político e é sempre difícil fazer previsões em contextos tão voláteis. O meu feeling pessoal é que Portugal tem tudo para manter a dinâmica actual de sucesso durante os próximos 3 a 4 anos pelo que me arrisco a prever um ano no mínimo igual ao actual em 2017 se não houver nenhuma ocorrência internacional grave.
Na sua opinião, quais são os temas/momentos que marcarão o próximo ano no que diz respeito ao Turismo?
Sinceramente, acho que o que irá mais marcar o próximo ano será a confirmação do novo espírito empresarial agora instalado em Portugal com o surgimento de novas ofertas diferenciadoras. A boa conjuntura actual vai reforçar a capacidade de investimento de alguns actores com maior sucesso e algumas start ups deverão propor soluções disruptivas em toda a cadeia de valor do turismo. Ainda há carências por preencher pelo que haverá certamente quem as souber aproveitar. Queria só também referir que o turismo também tem impacto sobre a qualidade de vida dos habitantes nacionais que deveriam ser os primeiros beneficiados com a melhoria das infraestruturas, da qualificação do comercio, das propostas culturais e muito mais áreas abrangidas por esta industria. Há naturalmente um impacto no custo de vida mas também existem oportunidades para todos de participar à geração de valor económico.