Turismo: como os nómadas digitais vão mudar as viagens de negócios
Leia a opinião por Professor Doutor António Lopes de Almeida, Docente do ISAG – European Business School
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*Por Professor Doutor António Lopes de Almeida, Docente do ISAG – European Business School
A transição digital dos eventos MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions) originada pela pandemia pode ter tornado dispensáveis muitas viagens de negócios. No entanto, o business travel não está esquecido nem ultrapassado, mas sim a transformar-se. O setor, aliás, está confiante na retoma deste segmento, como indica o recente Inquérito IPDT Retoma do Turismo, no qual 96% dos responsáveis inquiridos consideraram mesmo que “as viagens de negócios não vão sofrer uma diminuição significativa no período pós pandemia”.
Tomemos como exemplo o bleisure, uma prática que ganhava adeptos entre os que procuravam juntar viagens de negócios (business) a momentos de lazer (leisure). Na sua forma tradicional – o tempo extra para explorar a cidade e/ou aproveitar a companhia de um familiar ou amigo – o bleisure poderá ter esmorecido, porém, conhece uma renovada faceta. Afinal, o trabalho, a formação ou os serviços remotos tornaram-nos, mais do que nunca, “nómadas digitais”, capazes de cumprir tarefas em qualquer lugar e hora, desde que conectados digitalmente. Esta maior flexibilidade que a pandemia nos despertou, vem possibilitar uma maior conciliação entre vida pessoal e profissional – o chamado work-life balance – que pode aplicar-se também ao turismo e a um novo tipo de bleisure.
Em vez da deslocação pontual para uma conferência ou reunião, que se prolonga com o propósito do lazer e recreio, podemos ter agora quem opte por trabalhar remotamente de um qualquer destino escolhido, usufruindo em simultâneo e de forma melhorada das duas vertentes – negócio e lazer. É certo que podemos estar a falar de deslocações sobretudo internas e em menor número, mas falamos também de estadias mais longas e melhor distribuídas no tempo.
Esta dispersão é, aliás, uma tendência sentida por todo o setor, que se depara com turistas que procuram destinos secundários (o que explica, em parte, o crescimento acentuado dos destinos de natureza e do interior) e em momentos menos procurados (crescerá a shoulder season, o período entre as épocas mais alta e mais baixa). Para além disso, também como resultado da pandemia, o turista tem-se mostrado progressivamente mais exigente, não só com medidas de higiene e segurança, mas também com a procura de experiências mais significativas, sustentáveis (para o ambiente e para as comunidades locais) e personalizadas.
Nesta busca pela personalização, a tecnologia é um poderoso aliado, pois a análise de dados e inteligência artificial são imprescindíveis não só para a criação de experiências tailor made, mas também para a competitividade digital das empresas. Não devemos, contudo, esquecer que a tecnologia não atua por si só, mas antes depende dos profissionais do setor, a quem caberá o papel fundamental de identificar e potenciar formas de pôr a tecnologia ao serviço das suas empresas e clientes (e nunca o contrário).
Para que isto seja possível, continuará a ser indispensável a capacitação de profissionais especializados, a quem acrescerá a tarefa de aproveitar este momento adverso para reinventar o setor do Turismo, como resposta às tendências aqui elencadas e para que este recupere a importância económica e social que granjeou nos últimos anos. No ISAG – European Business School, partimos para este ano letivo com consciência desta missão de formar verdadeiros “profissionais da mudança e do futuro”, movidos, mais do que nunca, pela inovação, resiliência e criatividade. Connosco estão cerca de 1.000 alunos cuja confiança neste futuro de retoma se mantém: a prova disso é que, ao contrário do que poderia ser expectável, no caso da Licenciatura em Turismo, a procura manteve-se em linha com o ano passado e, na Licenciatura em Gestão Hoteleira, registou-se até um aumento do número de candidaturas e ingressos.