“Não utilizamos mais SAF porque não existe e é caro”, diz Luís Rodrigues
No painel dedicado à mobilidade, no âmbito da VII Cimeira do Turismo da Confederação do Turismo de Portugal, o CEO da TAP, Luís Rodrigues, admitiu que a transição para combustíveis alternativos no setor da aviação é uma “transição longa”. Quanto à privatização da TAP é algo que “não me tira o sono”, afirmou o CEO da companhia aérea.
Victor Jorge
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Com o setor da aviação a ser pressionado para a utilização de combustíveis alternativos, nomeadamente, para o combustível sustentáveis para a aviação (SAF), Luís Rodrigues, CEO da TAP, referiu, no decorrer do painel “Desafios da aviação e da ferrovia na próxima década”, no âmbito da VII Cimeira do Turismo da Confederação do Turismo de Portugal, que “o problema reside na disponibilização de SAF. Não utilizamos mais SAF porque não existe e é caro”, afirmou Luís Rodrigues, levantando, igualmente, a questão da “penalização das companhias aéreas” por causa dessa não utilização de SAF.
Admitindo que se trata de uma “transição longa e com investimentos avultados”, o CEO da TAP revelou que o facto da Arábia Saudita manter os preços baixos do petróleo faz com que “os investimentos em SAF sejam mais demorados”.
No mesmo painel, José Luís Arnaut, presidente do Conselho de Administração da ANA, fez referências aos 6% que as companhias aéreas terão de utilizar, em 2030, e mais importante, aos 70% que terão de usar em 2050.
“Ora, esse combustível não existe”, corroborando as palavras de Luís Rodrigues ao frisar que, “quando existe é muito caro. Não se pode exigir às companhias aéreas que utilizem combustíveis limpos quando eles não existem e custam o triplo”, frisou Arnaut.
Fernando Nunes da Silva, presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes, deixou, por seu lado, a certeza de que “o transporte ferroviário já está a ser uma alternatiao à aviação, não em Portugal, mas na Europa Central”, considerando, contudo, que o caso francês “possa ter sido radical demais”.
“Em distâncias de 350 a 500 quilómetros, a ferrovia é altamente competitiva”, levantando, no entanto, os problemas da “interoperabilidade e da bitola”, por exemplo, como entrave ao desenvolvimento da ferrovia. Critico quanto à localização do novo aeroporto e à falta de compatibilidade com as linhas ferroviárias definidas, Nunes da Silva considerou que “estamos a falar da substituição de inúmeros voos entre Lisboa e Porto e até mesmo Madrid”, mas que é “marginal estarmos a falar da substituição da aviação pela ferrovia”.
Neste ponto, Luís Rodrigues foi claro e apontou um dos aspetos fundamentais: “precisamos de libertar rotas curtas para investir em rotas de longo curso, mais rentáveis e a ferrovia consegue proporcionais este cenário”, admitindo mesmo que, com o desenvolvimento da ferrovia, “conseguiremos chegar a outros destinos que agora não temos”.
Já a privatização da companhia aérea “não tira o sono” ao CEO da TAP, admitindo que “temos de estar preparados para viver com ou sem privatização, porque ela pode não acontecer por diversas razões”, já que “o mercado pode mudar radicalmente amanhã e não haver mais condições para a fazê-la”. Por isso, admitiu, “a TAP tem de se aguentar”, deixando para o Governo a responsabilidade deste processo.
Neste capítulo, José Luís Arnaut concluiu que “não há sistema de aviação em Portugal da forma como está pensado sem a TAP”, indicando, ainda, que relativamente ao novo aeroporto e mesmo às obras na Portela, os prazos estão a ser cumpridos “escrupulosamente e a tempo”.