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“Temos de ter a ambição de crescer em valor”

Há três meses à frente da Secretaria de Estado do Turismo [Comércio e Serviços), Nuno Fazenda faz da coesão territorial uma das bandeiras para o futuro do turismo. Ao Publituris, Nuno Fazenda admite que há ”sinais muito positivos do mercado e das empresas que nos permitem encarar 2023 com confiança e com algum otimismo”. Sem se estender em temas como o aeroporto e a TAP, o SETCS salienta que “o objetivo é reforçar a conectividade aérea e aumentar o número de companhias aéreas que escolhem Portugal para fazer ligações e para nos trazer mais pessoas”.

Victor Jorge
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“Temos de ter a ambição de crescer em valor”

Há três meses à frente da Secretaria de Estado do Turismo [Comércio e Serviços), Nuno Fazenda faz da coesão territorial uma das bandeiras para o futuro do turismo. Ao Publituris, Nuno Fazenda admite que há ”sinais muito positivos do mercado e das empresas que nos permitem encarar 2023 com confiança e com algum otimismo”. Sem se estender em temas como o aeroporto e a TAP, o SETCS salienta que “o objetivo é reforçar a conectividade aérea e aumentar o número de companhias aéreas que escolhem Portugal para fazer ligações e para nos trazer mais pessoas”.

Victor Jorge
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Com o setor do turismo a registar o melhor ano de sempre ao nível das receitas, o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços destaca a convergência com a estratégia desenhada na ET27. Com a “ambição de crescer em valor”, Nuno Fazenda salienta os apoios que Portugal terá para se desenvolver em várias frentes. Contudo, frisa, “a boa aplicação dos fundos europeus é um desafio que convoca a todos”.

Assumiu o cargo há pouco menos de três meses. Que Secretaria de Estado do Turismo encontrou e já conseguiu dar-lhe um cunho pessoal?
Para começar, dizer que o setor do turismo teve um desempenho excecional nos últimos dez anos, pré pandemia. Crescemos sempre acima dos 10% no que diz respeito a receitas. Depois, houve a paragem de dois anos e a seguir tivemos, novamente, um retomar da atividade turística. O ano de 2022 teve um crescimento, como é sabido, acima do recorde turístico de 2019, mais 15% em receitas turísticas.

E por isso tenho dito e reafirmo, o turismo não é só um sector de excelência, é também um sector de resiliência que tem dado um contributo muito importante para a economia do país. É mesmo a maior atividade económica exportadora. Esse desempenho deve-se ao esforço das empresas, dos trabalhadores, das instituições e políticas públicas que favoreceram o crescimento do turismo.

Políticas públicas que apoiaram o setor do turismo durante uma fase complicada.
Muito difícil. Mas, dito isto, temos que ter a ambição de liderar o turismo do futuro. E quando digo liderar o turismo do futuro, significa um turismo mais sustentável, mais inclusivo, mais tecnológico e mais coeso. E por isso, temos de dar resposta, e esse é um ponto importante, aos desafios do presente, às emergências, mas, ao mesmo tempo, temos que dar resposta aos desafios estruturais do turismo.

Portanto, ter os olhos postos no futuro, isto é, responder ao presente, mas ter os olhos postos no futuro. E por isso mesmo estabelecemos um conjunto de prioridades estratégicas, claras, como o território, pessoas, empresas, dupla transição e reforço da notoriedade de Portugal enquanto destino turístico. Mas há uma marca muito importante que temos de ter, que é concretizar. E neste tempo que estou em funções tenho tido duas preocupações, concretizar e ter os olhos postos no futuro em alterações estruturais.

Concretizar a estratégia
Numa entrevista à sua antecessora, Rita Marques, no WTM em Londres, dizia que, neste momento que se fala muito em repensar o turismo por causa da pandemia, o importante era executar a estratégia. É isso que está a fazer, a executar uma estratégia existente? Ou seja, concretizar?
A questão é muito simples, temos uma estratégia muito clara. Tive o gosto de a coordenar em devido tempo, a Estratégia do Turismo 27 (ET27). E o propósito é concretizar a Estratégia de Turismo 27 que tem desafios muito claros. Temos o desafio da sustentabilidade, temos de ter um desenvolvimento turístico sem pôr em causa os nossos recursos naturais e culturais. Por isso, a sustentabilidade é uma prioridade estratégica. Temos o desafio da coesão territorial, em que queremos ter turismo em todo o território. Temos o desafio das qualificações, por isso, temos uma agenda para as qualificações e para o emprego.

Portanto, as prioridades estratégicas estão claras. O desafio é concretizar e é isso que tenho estado a procurar fazer desde que tomei posse.

Foi um dos responsáveis pela ET27. Essa estratégia foi, no entanto, delineada antes da pandemia. O que alterou nessa estratégia?
Os grandes desafios mantêm-se, os grandes desafios estruturais do turismo estão lá, os desafios da sustentabilidade a que temos que dar resposta, o desafio da coesão territorial também está lá, porque não é algo que se muda de um dia para o outro, o desafio das qualificações das pessoas, está lá, e se a formos ler estão lá os rendimentos, dignificação, valorização dos profissionais do turismo. Outra dimensão é a procura. Quando falamos da procura, qual é o desafio? É conhecer melhor a procura, atrair segmentos que permitam responder a dois outros desafios estratégicos, atenuar a sazonalidade e termos turismo ao longo de todo o território, todo o ano.

Quando desenhámos a ET27 eram consideradas irrealistas. Hoje, felizmente para o país, estamos a convergir para a concretização dessas metas

Portanto, nessa estratégia nada foi alterado. Foi sim, acelerado?
Esse é o meu propósito, acelerar a concretização dos desafios estratégicos da ET27.

Os resultados de 2022, de certa forma, vão ao encontro dessa estratégia, ultrapassando até as melhores expectativas. Mas também sabemos que essas receitas foram alcançadas devido à subida de preços. Acha que essa alta dos preços se vai manter ou terá de haver ajustamentos no futuro ao nível dos preços?
Um desafio que temos inscrito na ET27, para além daqueles que já referi, é crescer em valor. Temos de ter a ambição de crescer em valor, especialmente nos territórios mais consolidados do ponto de vista turístico. É o caso de Lisboa, do Algarve, da Madeira e do Porto. Continuar a crescer mais em valor do que em quantidade. Esse é um modelo que nos interessa, crescer em valor, com sustentabilidade e com inclusão.

Por isso mesmo, estamos também a prosseguir a estratégia de olhar para além dos principais mercados estratégicos prioritários e aí vale a pena ter presente que 80% da nossa procura externa está na Europa. A seguir aos mercados externos da Europa prioritários, temos outros dois mercados muito importantes, caso do Brasil e Estados Unidos da América. Depois temos outros mercados de atuação seletiva como, por exemplo, a Coreia do Sul para o turismo cultural e religioso, México, Austrália, Índia, Israel.

Quer nesses mercados tradicionais, quer nos de atuação seletiva, queremos crescer em valor e crescer em valor também, alcançando produtos turísticos ou potenciando produtos turístico muito importantes para o país como é o caso do enoturismo, turismo literário e também o turismo de natureza que são produtos diferenciadores que nos permitem dar resposta a dois desafios, a coesão territorial e atenuar a sazonalidade, a diversificação de mercados.

Não acredita, por isso, que esta conjuntura de alta de preços possa prejudicar o desempenho de Portugal?
Sim, não prejudica. Acho que Portugal tem tido um desempenho turístico muito importante e não creio que haja esse receio.

Devo dizer-lhe uma coisa muito importante, já que os sinais que tenho tido do contacto com as empresas, para além das estimativas do Banco Portugal apontarem para um crescimento na ordem dos 8,6% em termos de exportações de turismo, são sinais muito positivos. Aliás, tivemos oportunidade de o sentir na FITUR 2023, em Madrid, relativamente às reservas, daquilo que são os sinais do mercado. Temos sinais muito positivos do mercado e das empresas que nos permitem encarar 2003 com confiança e com algum otimismo para o turismo português.

Acredita que este valor, de 27 mil milhões de euros em receitas que está inscrito na ET27, possa ser atingido antes de 2027?
É uma possibilidade. E, sobretudo, importa ter presente o seguinte, quando desenhámos a estratégia (ET27), com essas metas, na altura eram consideradas irrealistas. Hoje, felizmente para o país, estamos a convergir para a concretização dessas metas.

Temos de explicar mais os apoios, explicar mais as regras

Com uma pandemia e uma guerra.
Com uma pandemia e uma guerra. Isso diz bem da força do turismo português. Portugal é um país fortíssimo ao nível do turismo, competimos com os melhores do mundo e competimos com os melhores do mundo, porque, de facto, temos regiões de turismo únicas, com recursos turísticos únicos, porque temos um sector empresarial forte do ponto de vista turístico e temos as nossas gentes, a nossa capacidade de receber bem, excelentes profissionais na área do turismo, e também temos tido políticas públicas que favorecem o crescimento do turismo.

Isso tudo vai ao encontro de uma definição que se ouve há muito tempo que Portugal está no caminho do melhor turismo e não mais turismo.
Claramente, esse é o ponto, melhor turismo, com mais sustentabilidade, com mais inclusão, com mais coesão. Tudo isso faz-nos ter melhor turismo.

As prioridades
Tenho-o acompanhado ao longo destes poucos meses que está no cargo e nas suas intervenções tem focado algumas prioridades. As pessoas, as empresas, o investimento, o território e também a internacionalização da marca Portugal ou de Portugal. Vamos primeiro ao primeiro ponto que são as pessoas. O setor do turismo sofreu um forte impacto com a pandemia e houve um grande êxodo de pessoas. Já se ouviu que o setor do turismo ou da hotelaria, em concreto, deixou de ser “sexy”, mas também questões como o confinamento e o teletrabalho levou ou leva a que as pessoas encarem o trabalho de forma diferente. Tem focado a valorização, os melhores salários, planos de carreira, entre outros. Como atrair essas pessoas novamente para o setor do turismo e como captar novo talento para o setor do turismo?
Esse é um ponto muito importante. Aliás, quando se olha para a ET27, o primeiro desafio são as pessoas. Nós vamos desenvolver e estamos a trabalhar numa agenda para as qualificações e para o emprego no turismo, cujo objetivo é atrair mais pessoas para o setor do turismo e, ao mesmo tempo, também, reforçar as qualificações. Nesse âmbito, há várias medidas que podem concorrer conjugadamente para atrair mais pessoas para o setor do turismo. Evidentemente, uma chave é o aumento dos rendimentos e aqui vale a pena ter presente o esforço que o país tem feito e que de 2015 até hoje aumentámos em 50% o salário mínimo nacional, o salário médio aumentou 29% e olhando para o futuro, houve um acordo de Concertação Social muito positivo, que vai na direção certa, que é melhorar os rendimentos das pessoas. E também, obviamente, na área do turismo.

Por isso quero saudar as empresas que têm ido até mais além do que os valores previstos em sede de Concertação Social.

Uma segunda nota tem a ver também com a valorização daquilo que é a imagem dos profissionais do turismo. Estamos a desenvolver uma campanha para promover e valorizar as profissões do turismo. Uma terceira área tem a ver com conjugar a oferta e a procura, isto é, vamos desenvolver também um projeto para criar uma ligação entre aquilo que são as ofertas de emprego e aquilo que são as procuras de emprego. Juntar o mundo do mercado de trabalho com o mercado das empresas.

Não há essa ligação ou há campo para melhorar essa ligação?
Há espaço para melhorar e é isso que nos compete fazer. Como é que podemos colocar quem procura emprego com quem tem ofertas de emprego para que esse matching seja feito.

A formação, hoje, está de acordo com as necessidades do setor privado?
Diria que em grande medida, sim. Já temos hoje uma boa compatibilidade entre aquilo que é a oferta formativa e as necessidades das empresas. Mas temos que reforçar essa compatibilidade.

Nesse particular, temos previsto melhorar também as condições de formação. Por exemplo, no contexto das Escolas de Hotelaria e Turismo, que são escolas de excelência, que têm uma empregabilidade acima de 90%, temos de continuar a formar mais e melhores profissionais de turismo. E temos que atrair mais gente para as escolas de turismo, que, aliás, viu o número de alunos descer nos últimos anos.

Nesse âmbito vamos ter, também, um plano de investimentos para as escolas nos próximos três anos, que estimamos em cerca de 20 milhões de euros, para melhorar, apetrechar e modernizar ainda mais as nossas escolas de turismo. Temos ótimas escolas, mas há espaço para melhorar, nomeadamente, em algumas dimensões infraestruturais, algumas obras de melhoria na digitalização, e também na eficiência energética.

Estamos a trabalhar no reforço da competitividade fiscal das nossas empresas e temos de trabalhar também na simplificação

E trazer pessoas de fora.
Sim, isso é muito importante. Há um acordo com a CPLP, temos de ser mais ágeis também na emissão de vistos e, claro, queremos e temos uma perspetiva de acolher bem os nossos imigrantes. Nós nos podemos esquecer que 10% das contribuições para a Segurança Social são já de imigrantes. Repare que, em 2015, tínhamos 100.000 pessoas a contribuir para a Segurança Social, hoje são mais de 630.000 pessoas. Ora, isto chama-se inclusão, integração de pessoas.

Nós precisamos de ter, também, mão-de-obra estrangeira, mas integrar, incluir e valorizar.

As próprias Escolas de Hotelaria e Turismo vão ter formação específica para promover a inclusão das pessoas que vêm de fora.

Essa questão de trazer pessoas de fora também coloca outro desafio que é dar condições às pessoas, por exemplo, de habitação. Isso tem que estar também interligado entre os vários ministérios, as várias secretarias de Estado e os diversos municípios.
Sem dúvida. E é por isso que, no contexto do PRR, a segunda maior rubrica é da habitação. É uma prioridade política absoluta. Mais e melhor habitação.

Isso também poderá passar por uma maior flexibilização fiscal para as empresas?
Estamos a trabalhar no reforço da competitividade fiscal das nossas empresas e temos de trabalhar também na simplificação.

E onde temos de simplificar ainda mais é nos apoios. Deixe-me dizer, vamos ter o maior volume de fundos europeus à nossa disposição e temos de ser mais ágeis e simplificar os procedimentos. Mas para além de ter de simplificar, recorrendo à tecnologia, temos também de explicar melhor os apoios. E é por isso mesmo que muitos dos apoios que temos lançado, tenho feito questão que se façam sessões de esclarecimento às instituições.

Quer dizer que muitas vezes os apoios estão lá, mas até as próprias empresas não compreendem como aceder a esse apoio?
Em alguns casos, sim. Temos de explicar mais os apoios, explicar mais as regras. Vamos ter um grande volume de fundos europeus e esses fundos têm de ser explicados para que se as empresas se possam candidatar e apresentar boas candidaturas.

Apontou os fundos que Portugal vai receber e todos sabemos que os balanços das empresas, ao longo destes dois anos, foram severamente atingidos. Portugal irá receber, via PRR, de facto, muito dinheiro para ajudar a economia. Concretamente para o setor do turismo, de que valores estamos a falar?
O que lhe posso dizer é que no contexto do PRR temos uma agenda para a área do turismo, para desenvolver o turismo, para acelerar e transformar o turismo de 151 milhões de euros. É um consórcio que envolve mais de 50 instituições focado em inovação, transição digital e transição energética. Portanto, são três grandes áreas e temos intenção de contratualizar essa agenda rapidamente.

Mas para além da agenda específica para o turismo, temos ainda apoios específicos para a transição digital das empresas onde o turismo se pode candidatar.

Temos também apoios no domínio da eficiência energética, que é muito importante na área do turismo. Depois temos também o domínio das qualificações.

Portanto, ainda que seja de banda larga, a verdade é que o turismo é um beneficiário direto. Eficiência energética, transição digital, qualificações, a que se soma a agenda mobilizadora para a área do turismo.

Mas temos ainda outra componente muito importante para as empresas, que é o reforço da competitividade. E um exemplo concreto são os dois avisos recentemente lançados pelo Banco Português de Fomento, com 400 milhões de euros para apoiar as empresas para a capitalização, para o crescimento das empresas.

Isto são vários exemplos, só no PRR. A isso somamos o Portugal 2030 (PT2030) e aí existem vários sistemas de incentivos para reforço da competitividade das empresas onde o turismo se inclui, mas também para a internacionalização das empresas do turismo. E a verdade é que, face ao Portugal 2020, o 2030 e o PRR terão mais 90% de apoios para as empresas. Isso é um dado muito importante para as empresas no geral e onde se inclui o turismo.

Diria que esta é uma oportunidade única para alavancar, de facto, o setor do turismo para o futuro?
É uma oportunidade muito importante para garantir a sustentabilidade e competitividade do turismo, porque hoje já somos um país de referência no turismo mundial. Mas temos de assegurar que continuamos a ser competitivos e sustentáveis. E é por isso que a competitividade e a sustentabilidade ganha-se na transição digital, na transição climática, na coesão territorial, na sustentabilidade em sentido mais lato. Para isso temos os instrumentos prontos.

Mas a boa aplicação dos fundos europeus é um desafio que convoca a todos. Convoca o Governo, porque tem de definir as grandes prioridades, criar as condições de governação dos fundos europeus, mobilizar os instrumentos de política pública, os avisos.

Criar as ferramentas para concretizar.
Exatamente. Mas depois convoca as instituições que têm de lançar os avisos, analisar os projetos nos prazos que estão previstos, proceder aos pagamentos dentro dos prazos previstos. Mas convoca também os promotores, os públicos e os privados, para construir bons projetos, para os executarem dentro dos prazos, para cumprir as metas com que se comprometeram e que convoca também quem escrutina, aqueles que fiscalizam os fundos. Por isso, isto é um desafio que convoca todos.

Mas dizer também que Portugal tem sido, no contexto europeu, reconhecido como um bom estudo de caso na boa aplicação dos fundos europeus. Vários estudos e relatórios o demonstram.

Portugal tem estado a cumprir com todas as metas e marcos e que a Comissão Europeia, pedido pagamento após pagamento, reconhece e transfere. Essa avaliação positiva acontece porque estamos a cumprir.

Mas como é que responde às empresas quando criticam a morosidade na receção desses apoios?
A questão é muito simples. Não podemos querer que no início do plano estejamos no fim do plano. Há etapas. No início do plano, não podemos ter já os projetos feitos, concretizados e pagos. Não é possível. Estamos no início do PRR e não no fim do PRR. Temos um período de execução.

Por outro lado, os apoios às empresas assentam numa lógica concorrencial, isto é, abre-se um aviso para apoios às empresas, abre-se um concurso, as entidades organizaram as suas estratégias, os seus consórcios definem as prioridades. Depois há um júri que tem de avaliar e depois de avaliar, há a aprovação. Depois segue-se a fase de execução e só quando estamos a executar é que se pode efetivamente pagar. Não podemos ter pagamentos sem obra feita.

O que temos de garantir é que temos bons projetos e que se cumpre a lei na aplicação dos fundos europeus, com agilidade e com simplificação.

Não podemos querer que no início do plano estejamos no fim do plano

Outro tema que também é uma prioridade e que tem sido muito focado é o da coesão territorial, de uma maior aposta no interior. Contudo, o interior tem muitos desafios, chamar empresas e, fundamentalmente, também chamar pessoas para o interior. Na FITUR tivemos a apresentação da Estratégia Transfronteiriça para Portugal e Espanha, mas como diz, agora é preciso concretizar. Que políticas estão a ser colocadas em marcha para que isso seja concretizado? Trata-se de um projeto que pode ser encarado a curto prazo ou terá de ser a médio e longo prazo?
Uma nota prévia, a coesão territorial é um desígnio nacional e o turismo pode dar um contributo muito importante para a coesão territorial. Porquê? Porque o turismo pode e deve ser uma âncora de desenvolvimento do interior. O turismo tem um efeito multiplicador. Quando falamos de atividade turística, falamos de dormidas, de restauração, mas falamos também do agroalimentar, da construção, da cultura, dos transportes, da habitação. Portanto, quando falamos em levar turismo ou ter turismo num determinado território, estamos a falar em dinamizar várias atividades económicas conexas.

Portanto, não se pode só olhar para a Secretaria de Estado do Turismo, mas tem de se olhar para uma multiplicidade de interlocutores do Governo?
O que eu quero dizer é que, se projetarmos e dinamizarmos o turismo no interior, vai suscitar todo um conjunto de atividades económicas conexas. Se nós tivermos mais turismo no interior, vamos ter necessidade de mais oferta hoteleira, mais restauração, mais construção, mais transportes, mais cultura, mais agroalimentar. O efeito multiplicador do turismo é, de facto, muito relevante para a coesão territorial.

Mas qual é o nosso ponto de partida? O nosso ponto de partida é de um país que tem cerca de 90% da procura turística no litoral. E isso deriva daquilo que é os recursos turísticos excecionais que temos no nosso país, nomeadamente no litoral. Ora, nós queremos continuar a ter um turismo em todo o país, mas queremos também que haja mais turismo no interior que também tem esses recursos excecionais.

Portanto, o que eu quero deixar muito claro é que, sem prejuízo da importância estratégica que têm os nossos destinos turísticos mais consolidados, como Algarve, Lisboa, Madeira, Porto, que são nossas bandeiras do turismo, são os nossos cartazes de primeira linha, temos de ter mais políticas para o desenvolvimento turístico do interior, porque o nosso desígnio é termos turismo em todo o território.

Acho que é um objetivo que me parece muito lógico, termos turismo em todo o território e ao longo de todo o ano.

E haver a possibilidade de promover Portugal com mais diversidade em termos de oferta?
Alargar a nossa base de oferta para alargarmos também a nossa base de procura e de mercados. E quando falamos de interior, temos que olhar também para aquilo que é a centralidade do interior português na Península Ibérica. Olhar também para aquilo que o mercado espanhol. Por isso mesmo, os projetos que temos, por exemplo, de ligações transfronteiriças no PRR, são projetos muito importantes. Bragança com Puebla de Sanabria, duplicação do IC 31 Monfortinho, temos Nisa à Extremadura, Alcoutim com a Andaluzia. Essas portas de entrada, a que se soma a de Vilar Formoso e de Valença, são pontes. Os projetos transfronteiriços que estão no PRR são pontes para o futuro desenvolvimento do país.

Depois temos os outros de promoção turística e também de dinamização. Nesse capítulo vamos ter projetos das mais diversas áreas. Vamos querer lançar um programa específico para a valorização turística do território, para os seus recursos turísticos, a preservação e valorização, vamos diferenciar positivamente projetos que contribuam para a afirmação do turismo interior. Dou-lhe o exemplo do “Portugal Events” em que teremos uma diferenciação positiva para projetos que se localizem no interior.

Promoção externa
Outra das prioridades é a internacionalização do destino, da marca Portugal, da visibilidade de Portugal a nível internacional. Registou-se uma consolidação dos mercados tradicionais, mas, fundamentalmente, houve um grande destaque de alguns mercados como os EUA. Isso poderá levar a um afinar das agulhas da promoção externa?
As agulhas da promoção externa estão afinadas e estamos sempre disponíveis para afinar ainda mais.

Temos de estar sempre atentos às mudanças do mercado, ao comportamento desses mercados e às respetivas tendências e, portanto, sim, temos sempre que afinar e melhorar a nossa atuação.

E na verdade, também afinar a internacionalização à conectividade aérea, e aí também estamos a trabalhar para reforçar essa conectividade aérea. Falou no mercado dos EUA, é muito importante, é já o primeiro mercado em Lisboa. Isso diz bem da importância desse mercado.

Mas não nos podemos esquecer que 80% da nossa procura externa está na Europa. Por isso, vamos reforçar a nossa presença nos mercados internacionais, não só porque vamos participar em mais feiras, mas também porque vamos dinamizar e participar em iniciativas internacionais. Vamos ter uma iniciativa em Londres, outra em Washington (EUA), com o Financial Times, no sentido de promover Portugal lá fora, para assegurar a nossa presença internacional.

A coesão territorial é um desígnio nacional e o turismo pode dar um contributo muito importante para a coesão territorial

E Portugal tem conseguido, de facto, diversificar a sua oferta relativamente a estas novas tendências que todos apontam, nomeadamente, esta preocupação com a sustentabilidade?
Este é um ponto muito importante. Nós hoje, de facto, temos um turista mais exigente, mais verde, mais ecológico, mais preocupado com as questões ambientais, que procura experiências mais desafiantes, mais autênticas e, portanto, quer um turismo mais customizado, mais personalizado. Nessa medida, esse é um desafio que se coloca hoje aos destinos e às empresas. Ir ao encontro dessas tendências do turismo, para um turista mais informado, porque também tem acesso a mais informação.

O turista quando visita um destino, já sabe o que procurar, tem pontuações, tem rankings, tem comentários, tem informação do destino, das empresas e dos sítios a visitar. Isso obriga à transformação dos próprios modelos de negócio, das próprias empresas e também na forma como trabalham os destinos turísticos.

E é por isso mesmo que o PRR e aquilo que é, por exemplo, a Agenda para o Turismo e os apoios do PT2030 estão direcionados para dar resposta a essas dimensões. Queremos as nossas empresas mais capacitadas do ponto de vista digital, queremos as nossas empresas com comportamentos ambientais mais sustentáveis, apoiando a sua eficiência energética, a gestão dos resíduos, a gestão da água e queremos também os nossos destinos com mais preservação e valorização dos nossos recursos turísticos. A base de sustentação da atividade turística é o nosso património natural e cultural. E se queremos ser competitivos e sustentáveis, temos de garantir a sustentabilidade destes nossos pontos turísticos.

A conectividade
Contudo, voltando à questão da conectividade, Portugal tem um problema, porque falando da infraestrutura que recebe mais turistas em Portugal, o aeroporto de Lisboa, está com a sua capacidade nos limites. Uma pergunta muito simples, conta ter uma decisão relativamente à nova localização do aeroporto de Lisboa até ao final deste ano?
Isso está a ser analisado por uma Comissão Técnica que foi nomeada, feito também em articulação com os vários parceiros e é por esse estudo que temos que acordar. Evidentemente, e não é matéria discussão, de uma nova solução aeroportuária. Acho que vale a pena ter presente que para o Aeroporto de Lisboa estão previstos, no plano de investimentos da ANA, melhorias para a atual infraestrutura aeroportuária.

Também dizer que no ano passado foram adotadas medidas muito importantes ao nível dos tempos de espera, a implementação de um novo sistema, mais rápido, mais ágil.

Se, por um lado, estamos a ter o respostas de curto prazo, está-se a trabalhar numa futura solução que tem de ser estudada, está a ser estudada para ser o mais consensual e se agir o mais rapidamente.

Mas teme que Portugal possa perder aqui alguma atratividade?
Portugal está num caminho ainda de crescimento, crescimento sustentável e de crescimento em valor. Temos uma rede de estruturas aeroportuárias muito capaz. Temos de melhorar, claramente, a questão de Lisboa e isso é o que está a ser estudado.

Não é a sua pasta, mas agregado ao facto de uma infraestrutura aeroportuária para Lisboa, também temos a questão da TAP e a privatização da TAP. Tem se falado muito em três possíveis interessados – Grupo Lufthansa, Grupo IAG e Air France KLM. Esse dossiê estará para breve ou a sua definição e concretização ainda demorará algum tempo?
Sobre esse dossiê em particular, como diz e bem, está noutra área governativa e, portanto, não quero pronunciar-me.

Mas afeta o turismo?
Com certeza e percebo o alcance da pergunta e a pertinência da mesma. Creio que os colegas que estão com essa área podem responder melhor. Mas há uma coisa que lhe posso dizer, a TAP é uma empresa estratégica para o país por aquilo que é a sua ligação ao mundo, pela diáspora, pelo contributo que tem para o turismo do país.

Dito isto, sendo Portugal um dos destinos turísticos mais competitivos do mundo, um dos destinos mais fortes em termos mundiais na área do turismo, o nosso objetivo é reforçar a conetividade aérea e aumentar o número de companhias aéreas que escolhem Portugal para fazer ligações e para nos trazer mais pessoas.

Espero dar um contributo para que o legado coletivo de um mandato possa deixar um país ainda mais competitivo, mais reconhecido internacionalmente e mais coeso

Até porque hã a questão do hub de Lisboa que poderá, eventualmente, sofrer alguma transferência?
O tema está a ser estudado e muito bem estudado pela área governativa que acompanha esse dossier para garantir todos os interesses do Estado português. E isso estará seguramente acautelado. Quando digo o Estado português falo do país e, também, evidentemente, na sua dimensão turística.

E depois de um ano recorde?
Fechámos o ano de 2002. Como que espera chegar ao final de 2023?
As perspetivas procuro tê-las com base em, por um lado, relatórios ou estudos de previsão e, por outro, também aquilo que o mercado nos diz. E aquilo que o Banco Portugal nos diz é que teremos um crescimento de 8,6% nas exportações de turismo. Por outro lado, aquilo que nos diz o mercado, aquilo que são os sinais que temos das empresas, também eles são sinais positivos, sinais de confiança, de otimismo.

Evidentemente, há sempre um contexto em que não conseguimos prever o futuro face à incerteza externa. Mas os sinais que temos são positivos.

Eu olho para 2023 com confiança e com um otimismo moderado, por força daquilo que são as previsões do Banco Portugal e pelos sinais que as empresas nos dão.

Teme de alguma forma que o conflito que está a decorrer, infelizmente, possa influenciar ou impactar ainda mais o turismo em Portugal?
Esse é um conflito que a todos nos deixa muito tristes do ponto de vista humano e coletivo, enquanto sociedade. Evidentemente que tem também impacto na economia global e particularmente europeia. Mas creio que não é possível estar a fazer previsões face a contextos tão voláteis.

Na última edição do WTM, o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo considerava que os responsáveis, tanto nacionais como locais e tanto privados como públicos do universo do turismo, devem deixar um legado. Que legado é que o Nuno Fazenda gostaria de deixar no turismo?
É uma boa pergunta boa. Mas há um legado que queremos deixar, dar um contributo para que Portugal seja um país mais competitivo e mais coeso do ponto de vista turístico. Se no final conseguirmos ter um país que conseguiu fazer algumas transformações ao nível da sua competitividade em termos de destino sustentável, mais coesão, termos turismo em todo o país e ao longo de todo o ano, assente em padrões de sustentabilidade, acho que isso seria algo muito positivo.

Mas nestas coisas não há legados individuais, há legados coletivos. O que espero é poder dar um contributo para que o legado coletivo de um mandato possa deixar um país ainda mais competitivo, mais reconhecido internacionalmente e mais coeso.

Isso faz-se com muito empenho, com humildade, com tempo e com trabalho conjunto.

Como disse no início, resolver os problemas do presente, mas com os olhos postos no futuro e com uma marca que é concretizar.

 

 

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Maioria dos portugueses prefere regressar a destinos que já visitou, diz eDreams

Segundo um estudo da eDreams, 64% dos portugueses preferem regressar a destinos que já visitaram, uma vez que já conhecem os locais e encontram sempre algo novo para descobrir, sendo que apenas 36% preferem descobrir novos locais.

A eDreams apurou que 64% dos portugueses preferem regressar a destinos que já visitaram, uma vez que já conhecem os locais e encontram sempre algo novo para descobrir, sendo que apenas 36% preferem descobrir novos locais.

O estudo da eDreams, que analisou as preferências dos portugueses quando toca a escolher destinos de viagem, concluiu que são os mais velhos que estão mais interessados em descobrir novos destinos (37%), enquanto apenas 26% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade admitem procurar novos destinos para as próximas férias.

A eDreams apurou ainda que 53% dos portugueses estão também interessados em explorar destinos populares ou locais mais secretos e menos visitados, com 26% a preferir destinos menos concorridos, enquanto 20% preferem destinos populares.

Também aqui são os maiores de 65 anos que preferem visitar locais mais desconhecidos (30%), enquanto os jovens dos 18 aos 24 anos de idade apresentam uma “clara tendência para destinos populares (31%)”.

Já os fatores que influenciam a escolha do destino mantêm-se idênticos, com o preço e a acessibilidade dos destinos menos explorados a somarem 32% das respostas, seguindo-se a possibilidade de explorar algo único e menos movimentado (31%).

“Independentemente do tipo de destino escolhido, uma coisa é certa: viajar continua a ser uma das experiências mais valorizadas pelos portugueses”, conclui a eDreams, no comunicado divulgado esta terça-feira, 25 de março.

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Inscrições abertas para o Prémio Destino de Turismo Cultural Sustentável 2025

Pelo oitavo ano consecutivo, a ETC continua a sua parceria com a Rede Europeia de Turismo Cultural (ECTN), a Europa Nostra e a Rede de Regiões Europeias para o Turismo Competitivo e Sustentável (NECSTouR) para incentivar o desenvolvimento de práticas sustentáveis de turismo cultural em destinos europeus.

O tema da edição deste ano do Prémio Destino de Turismo Cultural Sustentável é “Experiências do Visitante e Autenticidade para Destinos de Turismo Cultural Sustentáveis, Inteligentes e Resilientes”.

As inscrições estão abertas a todos os destinos turísticos da Europa, autoridades nacionais, regionais e locais, conselhos e associações de turismo, organizações de gestão de destinos, museus, centros de interpretação, rotas culturais, festivais e ONG culturais, e decorrem até ao próximo dia 15 de maior. Os vencedores serão anunciados numa cerimónia que terá lugar à margem da 18ª Conferência Internacional de Turismo Cultural, organizado pela ECTN de 1 a 4 de outubro de 2025 em Sibiu (Romênia).

Os candidatos são convidados a apresentar resultados sobre turismo cultural sustentável, numa das cinco categorias: Resiliência em destinos turísticos culturais sustentáveis , incluindo património natural, transição verde e ação climática; Turismo enogastronómico baseado na preservação do património eno-culinário, incluindo experiências autênticas; Digitalização em aspetos de património cultural e criatividade do turismo inteligente, melhorando as experiências dos visitantes; Produtos turísticos temáticos transnacionais envolvendo cultura e património, incluindo rotas culturais europeias e redes de marcas do património europeu, iniciativas de turismo transfronteiriço e multidestino envolvendo pelo menos dois países; Serviços de turismo cultural para todos, visitantes e moradores, incluindo turismo cultural autêntico e sustentável para a geração mais jovem.

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“Turismo da ONU tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante”

Ministro do Turismo da Grécia, entre 2019 e 2021, Harry Theoharis apresenta-se como candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism), juntamente com outras cinco personalidades. Em entrevista ao Publituris, Harry Theoharis admite que a experiência que viveu durante os anos da pandemia funcionará como um “espelho” do que poderá e deverá fazer à frente da organização que, segundo o próprio, “tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante”.

Victor Jorge

Candidato a substituir o atual secretário-geral do Turismo da ONU, Zurab Pololikashvili, o grego Harry Theoharis, quer que “os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância do Turismo da ONU [UN Tourism]”. Para tal, referiu ao Publituris, “é preciso que a organização crie mais valor para os seus Estados-Membros”. No que diz respeito à problemática dos recursos humanos, o candidato admite que “não podemos fazer uma coisa de cada vez, mas encontrar uma solução para que todas estas questões possam ser abordadas de forma conjunta”. Já quanto à tecnologia e, mais concretamente, à Inteligência Artificial, o engenheiro de software de formação salienta que, “utilizando-a, pode remover a incerteza”. Relativamente ao excesso de turismo, admite que a “Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism”.

É candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism). Qual é a sua visão global para o turismo no mundo, especialmente depois de sairmos de uma pandemia e com o turismo e as viagens a registarem uma recuperação?

O que vemos, se olharmos para o panorama global, é uma comunidade que tem de lidar com várias forças externas. Forças como a instabilidade geopolítica, guerras que interrompem, claro, o turismo.

Temos, após a COVID, um problema agudo de pessoal, de recursos humanos. Existem ainda problemas relacionados com garantias de que os benefícios do turismo chegam aos níveis mais baixos da sociedade e que todos recebam uma parte justa no setor turístico e para que, ao viajar, o dinheiro gasto pelos turistas chegue também à comunidade local, e não fique apenas fora do país ou limitado às grandes empresas.

Assim, enfrentamos desafios que vêm do passado, bem como novos desafios que parecem ser moldados por eventos inesperados. Além disso, há que contar, igualmente, com as mudanças de longo prazo, relacionadas com o digital, o ambiente, os imperativos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que moldam o nosso pensamento e que, cada vez mais, devem moldar as nossas ações nos anos vindouros.

Mas há que relembrar, também os desafios da resiliência que ainda nos assombram. Talvez porque avançámos muito lentamente na transição que precisávamos de fazer. Agora, vemos um risco crescente de colapso das comunidades, cheias, incêndios, entre outros desastres.

E, como resultado, precisamos de mobilizar financiamento e redes de apoio para reativar as comunidades e os negócios.

Mas aprendemos alguma coisa com a pandemia?
Sim, que não conseguimos fazer isto sozinhos, que temos de nos unir. A menos que nos unamos, não conseguiremos crescer.

Mas quem tem de se unir? O setor público e o privado? Dentro do país, dentro de continentes, entre continentes?
Bem, tudo o que mencionou. São apenas diferentes dimensões de unidade. No que diz respeito ao Turismo da ONU (UN Tourism), temos de unir os Estados-Membros, perceber as economias de escala e os benefícios da cooperação em oposição aos benefícios da concorrência, e temos de enfatizar isso. Precisamos de unir o setor privado e o público.

Durante muito tempo houve um desfasamento entre ambos. Precisamos de unir as indústrias. As indústrias da saúde e do turismo, por exemplo, tiveram de unir forças e encontrar soluções para problemas que nunca imaginaram enfrentar.

Porque estão interligados.
Sim, podem estar e deveriam estar. Ou seja, se não estão, porque não é necessário, tudo bem. Mas quando surge o risco e se concretiza, quando o inimigo está à porta, temos de nos unir e enfrentá-lo. Estou certo de que enfrentaremos problemas semelhantes no futuro. Por isso, precisamos, pelo menos, de encontrar modos de discutir, concordar e cooperar e tê-los prontos para quando for necessário.

Mas trata-se de uma questão de dinheiro ou apoio financeiro?
O apoio financeiro é um dos aspetos, claro. Durante a COVID, a Grécia, por exemplo, apoiou as Pequenas e Médias Empresas (PME), pagou os salários dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, não permitiu que as empresas despedissem.

Agora, isso pode ser criticado por alguns, mas quando reabrimos, essas empresas – desde os aeroportos até às PME – não estavam à procura de funcionários como outros países. Assim, quando viajava para Atenas, tínhamos pessoas a trabalhar no turismo, nos hotéis, nos aeroportos. Estavam de prevenção e não podiam ser despedidos, por isso foram retomados imediatamente, ao contrário do que aconteceu, por exemplo em Schiphol [aeroporto de Amsterdão] ou Heathrow [aeroporto de Londres]. E esta foi uma das razões pelas quais a Grécia recuperou muito mais rapidamente do que outros países.

Portanto, uma das coisas que precisamos de fazer é perceber que tivemos uma grande “experiência natural” com a COVID e que muitos países usaram modelos diferentes. Vamos avaliar o que funciona melhor e o que funciona pior para formar o nosso pensamento e visão. Além disso, precisamos de cooperar com a academia que nos poderá ajudar enormemente.

 

Precisamos de unir o setor privado e o público. Durante muito tempo houve um desfasamento entre ambos. Precisamos de unir as indústrias. As indústrias da saúde e do turismo, por exemplo, tiveram de unir forças e encontrar soluções para problemas que nunca imaginaram enfrentar

 

Antes de abordar pontos sobre comunidades locais e tecnologia, a sustentabilidade também é uma grande preocupação para o turismo. Que políticas específicas propõe para promover mais sustentabilidade ou práticas sustentáveis no setor do turismo?
Temos de cooperar com a academia, os praticantes, os consultores, os implementadores no terreno, e com os Estados-Membros para encontrar as melhores práticas. Precisamos de criar centros de conhecimento específicos e hubs de excelência e, em torno desses hubs, desenvolver um ecossistema de pessoas que copiem e adaptem os modelos bem-sucedidos, os transformem em produtos, porque precisam de os vender.

Precisamos de convencer um hoteleiro de que, se implementar práticas sustentáveis em todos os aspetos, terá algo a ganhar.

Mas é preciso agir. Ou seja, menos teoria e mais prática?
Exatamente. E, para isso, precisamos de disponibilizar às empresas os meios para beneficiarem financeiramente desta transição e deixar de fazer o que temos vindo a fazer que é dar prémios, dizer que este é melhor, aquele é pior. Chegámos ao momento de ganhar escala, de copiar e transferir conhecimento e know-how. No fundo agir e como disse deixar a teoria e passar à prática.

Falando de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança), um grande fator na sustentabilidade é o transporte.
Sim, claro. É fundamental.

Então concordará que, por exemplo, no que diz ao transporte aéreo, existe um problema. Todos querem ser sustentáveis, ou pelo menos, mostrar que cumprem as regras da sustentabilidade, mas depois as companhias aéreas são confrontadas com a realidade de não conseguirem porque não há SAF?
Pois viajar sem transportes é impossível. De facto, precisamos de cooperar com instituições multilaterais. Estamos numa fase em que o SAF (combustível sustentável para aviação) pode ser viável se as políticas públicas o permitirem. Se criarmos um mercado, ele encontrará formas de ser eficiente e, eventualmente, tornar-se-á mais eficiente do que o atual regime. Isso exige políticas públicas que incentivem investimentos em infraestrutura para atingir essas metas a médio e longo prazo.

Então, como é que se cria o mercado?
Bem, estabelece-se uma obrigação e determina-se que 1%, 5%, 10% do combustível tem de ser SAF. A partir do momento que se define que dentro de 10 anos, uma certa percentagem do combustível tem de ser SAF, posso investir numa refinaria para que, dentro de 10 anos, consiga fornecer o necessário.

Cria-se a infraestrutura para isso. Assim que essa infraestrutura está pronta, tenho clientes garantidos pela política pública.

Portanto, nesse sentido, este é um campo que não se pode enfrentar sozinho. Terá de haver, obrigatoriamente, uma colaboração e cooperação entre a IATA, a ICAO, a UE e outras instituições, para que se possa discutir as implicações e perceber como introduzir essas iniciativas.

E quanto ao papel da tecnologia, da digitalização e da Inteligência Artificial (IA), que agora estão a transformar todos os setores, incluindo o turismo?
Bem, sou engenheiro de software de formação e trabalhei como tal durante 20 anos no setor privado antes de “acidentes” me levarem para a política. Por isso, gosto muito dessa área e tento ser um pensador positivo.

Na verdade, implementámos uma das melhores utilizações de IA durante a COVID na Grécia. Usámos a IA para direcionar os nossos testes. O que fizemos foi o seguinte: os viajantes tinham de preencher um formulário digital no dia anterior à sua viagem, indicando o meio de transporte – avião, carro, barco, etc. Com base nas respostas do formulário e nos dados públicos do país de origem, como as taxas de positividade, decidíamos se seriam testados ou não. Recebiam um código QR que indicava se estavam “verdes” [não precisavam de teste] ou “vermelhos” [precisavam de teste] e conseguimos ultrapassar esse desafio enorme. Entender as tendências dos países dois dias antes de as vermos refletidas nos dados públicos foi fulcral para não sermos confrontados com realidades difíceis vividos por outros países.

Ou seja, usámos a IA de uma forma muito positiva para permitir que o turismo existisse. Começámos em 2020 e conseguimos abrir o turismo nesse ano porque tínhamos confiança suficiente para convencer o nosso Primeiro-Ministro de que seria seguro fazê-lo.

Mas isso foi em 2020. Agora estamos em 2025 e temos de olhar para o futuro.
Olhando para o futuro, vejo muitas coisas a acontecer. A IA pode remover a incerteza, os problemas, as filas, todas as partes difíceis de viajar, permitindo que o foco esteja na essência da experiência, que é a interação humana.

Mas pode também reduzir postos de trabalho?
É verdade, esse é o lado negativo da questão. Mas deixe-me ser mais específico. A IA não vai reduzir o número de pessoas que trabalham, por exemplo, num spa, mas pode reduzir o número de agentes de viagens, porque basta dizer o que se pretende, e a IA cria um itinerário, reserva os bilhetes e apresenta opções personalizadas ao máximo – seja para crianças, seja para outra necessidade específica.

No entanto, existe um risco. Atualmente, o turismo beneficia tanto os países de origem como os de destino. Os países de origem têm agentes de viagens que trabalham para levar turistas da Dinamarca para a Grécia, Itália, França, Espanha ou Portugal. Por outro lado, países como a Grécia, França ou Espanha têm trabalhadores na indústria do turismo para receber esses viajantes.

O que acontece se a maioria das pessoas que perde o emprego for dos países de origem? Esses países podem, além de perder divisas, deixar de beneficiar económica ou fiscalmente com o turismo. Nesse caso, corremos o risco de que esses países fiquem hostis à ideia de promover o turismo, pois já não veem vantagens.

 

A IA pode remover a incerteza, os problemas, as filas, todas as partes difíceis de viajar, permitindo que o foco esteja na essência da experiência, que é a interação humana

 

E nos destinos?
Os destinos são muito mais imunes, porque a natureza do produto tem um toque pessoal.

A IA ou a robótica, que até pode ser utilizada, como a Internet of Things, poderá até substituir um empregado de mesa para nos trazer o prato à mesa, mas a IA não substituirá o chef, o sommelier, os profissionais de um spa. Ou seja, tudo o que são funções onde o toque humano, a personalização, são relevantes, estarão mais imunes.

A inclusão e a diversidade são também grandes questões no setor do turismo?
Bem, depende de onde estamos. Europa e EUA têm agora um grande diferencial nesse ponto.

Mas sim, são questões que estão a tornar-se cada vez mais importantes para o turismo.

Então quais as estratégias que propõe para estes aspetos?
Mais uma vez, penso que o Turismo da ONU (UN Tourism) precisa de ser um repositório de ideias. O que precisamos de fazer é observar os modelos dos diferentes países e analisar o quão bem-sucedidos são em garantir que a riqueza criada pela indústria do turismo – o valor do produto turístico – chegue aos níveis mais baixos das comunidades.

Com isso em mente, precisamos de avaliar o que funciona e o que não funciona, em todas as suas dimensões, os lucros, os salários, tudo.

Prefiro falar das coisas positivas e não das negativas em relação aos países. Por exemplo, na Grécia, temos uma oferta turística que vem de algumas grandes empresas, mas na sua grande maioria vem de PME. Como resultado, os habitantes das ilhas, por exemplo, onde estão essas PME, sentem os benefícios do turismo. Se fosse apenas um setor controlado por grandes empresas, seria necessário encontrar outra forma de abordar as preocupações.

E quanto ao overtourism? Como é que os diversos destinos podem e devem lidar com esta questão? Ou antes de mais, é mesmo uma questão?
É uma questão simples que merece uma resposta simples: sim.

Contudo, existem dois aspetos nessa questão. Um é o das filas intermináveis, demasiadas pessoas, esperas para visitar um museu, um local cultural, simplesmente passear numa cidade ou vila. Isto é algo que já existia no passado, não é novo. Pode ser gerido melhor ou pior, e às vezes fazemos isso bem, outras vezes nem tanto. Mas não penso que isto tenha mudado significativamente.

Existem ferramentas para minimizar esses efeitos, mas é preciso utilizá-las e utilizá-las bem. Podemos usar proibições administrativas diretas, podemos aplicar taxas, podemos investir em infraestruturas. Mas uma coisa é certa, hoje temos várias ferramentas para gerir melhor os fluxos e os destinos.

O que acho que mudou realmente nos últimos meses e anos, especialmente após a COVID, é que, com o advento do Alojamento Local, o mercado imobiliário estreitou a sua ligação ao mercado turístico. Antes, eram mercados desconectados. Tinha-se um terreno e decidia-se: construo um hotel ou casas? Se fossem casas, eram casas. Se fosse um hotel, era um hotel. Agora, pode-se ter um apartamento no centro de Atenas e escolher: alugo-o a longo prazo (para habitação) ou alugo-o a curto prazo para Alojamento Local? Neste último caso, pode mudar-se essa escolha várias vezes ao longo do ano. O mercado da habitação é social e politicamente sensível, e afeta questões que muitos países regulam.

Penso que esta mudança recente fez com que as pessoas começassem a ver o produto turístico e os turistas como rivais da população local. E precisamos de encontrar formas de resolver isso.

Neste momento, a Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism (excesso de turismo). Precisamos de olhar para as questões, resolvê-las e geri-las.

Se não se falar do problema, não se pode resolver?
Não, e o problema é que será resolvido por outros que não pertencentes ao setor do turismo. Isto porque qualquer Governo não vai esperar pela ONU Turismo para fazer alguma coisa ou esperar por qualquer sugestão ou conselho. E isto acontecerá na Grécia, em França, Portugal, onde também já existe este problema, ou outro qualquer destino confrontado com esta realidade.

Há que agir para que o turismo seja algo presente e relevante ou um problema, mas a solução irá surgir. Por isso, é melhor que os decisores do turismo se tornem relevantes nesta solução e que evitem passar muito tempo com manobras de “tentativa e erro” até que encontrem uma solução.

 

Neste momento, a Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism (excesso de turismo). Precisamos de olhar para as questões, resolvê-las e geri-las

 

Há pouco abordou outra questão problemática que está relacionada com o emprego e os recursos humanos. Todos sabemos que a pandemia retirou pessoas ao turismo que, em muitos casos, não regressarão. Como atrair essas pessoas que saíram e novas pessoas para o turismo? Melhores salários, melhores condições de trabalho?
Bem, em parte está a dar a resposta, mas há muito mais a considerar. Uma das coisas fundamentais a fazer é olhar um pouco para trás e perceber que não demos as melhores condições às pessoas que trabalhavam no turismo. É um facto, temos de reconhecê-lo e não escondê-lo.

Não tenho dados para me pronunciar sobre Portugal, mas de certeza aconteceu o mesmo que no meu país [Grécia], em Espanha, Itália ou França.

Em segundo lugar, é preciso encontrar formas de resolver esta questão e rapidamente. Até porque sabemos que esta questão está intimamente ligada ao problema da imigração.

É difícil encontrar pessoas nos próprios países para trabalhar no setor e isso estrangula os negócios que, no fim, se viram para outros países para colmatar essas lacunas de pessoal.

Depois temos o problema grave de todas estas questões se misturarem ao nível da discussão política, na maioria das vezes, de forma incorreta. Por isso, precisamos de encontrar soluções inovadoras. Tenho algumas ideias que, neste momento, ainda não estou em condições de partilhar, uma vez que precisamos de desenvolvê-las e necessitam de uma abordagem cuidada, mas efetiva, com os Estados-Membros.

O que posso dizer é que precisamos de delinear planos de carreira para os mais jovens em muitas regiões do mundo para que possam ter sucesso no turismo no seu próprio país em vez de se verem obrigados a emigrar para outros países. Além disso, é preciso controlar e gerir a migração das pessoas para encontrar melhores condições em destinos desenvolvidos.

Uma coisa é fazê-lo em destinos emergentes, outra é fazê-lo em destinos consolidados e maduros. Assim, penso que não podemos fazer uma coisa de cada vez, mas encontrar uma solução para que todas estas questões possam ser abordadas de forma conjunta.

E como é que a sua experiência como ministro do Turismo da Grécia moldou a sua abordagem para liderar a ONU Turismo? Quais lições de carreira aplicaria na nova função?
Fui um ministro muito ativo, por isso, compreendo como é que as coisas funcionam. Fui ministro do Turismo entre 2019 e 2021 e a experiência que tive durante esses anos, principalmente, durante as dificuldades e desafios da pandemia funcionam como um “espelho” do que poderei fazer no Turismo da ONU.

Além disso, liderei a Comissão da ONU Turismo para a Europa e renovei a posição do meu país no Conselho Executivo. As discussões sobre a Carta dos Direitos dos Turistas estavam bloqueadas até que pedi para liderar as discussões. E foram desbloqueadas e finalmente chegámos a uma solução comum e a um acordo entre todos os países.

Como presidente dessa Comissão, fiz parte do comité de crise da COVID, pedi a criação de um comité técnico de crise para a COVID e tracei um plano para encontrar soluções. O certificado digital e todas as iniciativas que tivemos na Europa também foram apoiadas pelo trabalho do LabCom.

Portanto, vi como as funcionam e penso que tenho uma boa ideia do como devem funcionar. Em segundo lugar, tenho uma grande experiência em reformas no meu país, fui chefe da administração fiscal e consegui levar a cabo um processo de reformas, tornando-a independente do Ministério das Finanças durante os anos mais difíceis da Troika, de modo a transformá-la, digitalizá-la e torná-la mais eficiente de modo a combater a evasão fiscal.

O que quero dizer com isto é que tenho uma grande experiência na gestão de crises.

Finalmente, trabalhei com diversas instituições do setor público, trabalhei com o universo privado durante 20 anos, em pequenas start-ups, grandes empresas, em Londres. Por isso, toda esta experiência acumulada servirá e será posta em prática para reformar a organização [UN Tourism].

 

O principal indicador de sucesso (KPI) é que os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância da organização [Turismo da ONU]

 

É essa a grande questão: reformar o Turismo da ONU?
Sim, sem dúvida. O Turismo da ONU tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante.

Nestes três aspetos, é preciso desenvolver muito trabalho. Fundamentalmente, é preciso que a organização crie mais valor para os seus Estados-Membros.

A organização não deve existir apenas para sua própria existência, mas pelo valor que cria para os membros.

Se for eleito, que indicadores-chave de sucesso gostaria de ver avaliados, por exemplo, no final do primeiro mandato?
A esperança é que, no final do primeiro mandato, vejamos todos os 160 Estados-Membros mais envolvidos, que todos eles se candidatem a integrar o Conselho Executivo, que todos queiram fazer parte desta organização. Penso que esse será o principal indicador de sucesso (KPI): que os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância da organização [Turismo da ONU].

Para isso, o primeiro passo é a transparência. É necessário que haja capacidade de voto. Sou político, tenho de responder às críticas dos meus eleitores. Eles votaram e uma das coisas que querem saber é se o dinheiro – o dinheiro deles – que damos à ONU Turismo está a ser bem gasto e a produzir resultados. Caso contrário, não vale a pena o investimento, mais vale sair da organização. Não acredito que seja esse o caso [o de existirem Estados-Membros que queiram sair], mas tenho de ser capaz de explicar isto tudo com números aos meus eleitores e aos países-membros que apoiam a próxima liderança do Turismo da ONU.

A mensagem que quero deixar é que acredito que, em pouco tempo, podemos reconstruir uma organização da qual nos orgulhamos e estou comprometido em concretizar isso. Acredito que não haverá um único país, entre os Estados-Membros, que não concorde que é isto que querem: fazer parte de uma organização de que se orgulham. E estou disposto a dedicar a minha resistência, a minha energia, a minha capacidade intelectual e todas as minhas competências para concretizar esse sonho, porque acredito nele.

Nota: Os candidatos oficialmente proclamados são Muhammad Adam, do Gana; Shaikha Al Nowais, dos Emirados Árabes Unidos; Habib Ammar, da Tunísia; Gloria Guevara, do México; Harry Theoharis, da Grécia; e o atual secretário-geral, Zurab Pololikashvili, da Geórgia.

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Porto assinala Dia Nacional dos Centros Históricos

A Câmara Municipal do Porto vai assinalar o Dia Nacional dos Centros Históricos, que se comemora a 28 de março, com um programa repleto de atividades que se prolongam até dia 30 e que vão levar a festa ao centro histórico da Invicta.

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A Câmara Municipal do Porto vai assinalar o Dia Nacional dos Centros Históricos, que se comemora a 28 de março, com um programa repleto de atividades que se prolongam até dia 30 e que vão levar a festa ao centro histórico da Invicta.

Visitas guiadas, exposições, workshops, música, teatro, dança, batismos a cavalo e oficinas diversas para celebrar a riqueza, a história, a cultura e a tradição da cidade do Porto são algumas das iniciativas previstas, num cartaz que propõe mais de meia centena de atividades.

“Classificado como Património Mundial pela UNESCO desde 1996, o Centro Histórico do Porto celebra, uma vez mais, a data com uma vasta oferta cultural e recreativa. A grande maioria das atividades é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia. O programa engloba iniciativas para todos os públicos, incluindo crianças e famílias”, lê-se num comunicado da Câmara Municipal do Porto.

Nos museus, monumentos, igrejas e outros espaços do Porto, há ainda iniciativas promovidas por 27 entidades, numa programação coordenada pelo munícipio, em colaboração da empresa municipal Ágora.

A programação arranca com um concerto no dia 28 de março, pelas 19hoo, na Praça Parada Leitão (em frente ao Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto), com a atuação de Ricardo Ribeiro, que vai prestar homenagem a Carlos Paredes.

No programa de iniciativas, destaque ainda para a visita guiada “Miragaia e a Cerâmica: passado e presente”, que vai ter lugar dia 30 de março, entre as 10h00 e as 12h00, numa organização do Museu da Alfândega do Porto e Museu e Bibliotecas do Porto, que requer inscrição obrigatória até 27 de março, pelo e-mail museu@amtc.pt.

Prevista está ainda uma visita comentada ao interior da Torre e Museu dos Clérigos, entre as 10h00 e as 11h00, com repetição das 16h00 às 17h00, cuja inscrição deve ser feita aqui.

Destaque também para a participação do Quartel do Carmo, sede do Comando Territorial do Porto da GNR, que vai estar aberto nos dias 29 e 30 de março, das 10h00 e as 13h00 e das 14h00 às 18h00, onde vai ser possível realizar batismos a cavalo e assistir à atuação da Charanga a Cavalo da GNR.

“Toda a festa faz-se com música e o Centro Histórico não é exceção. Estão previstos vários concertos que prometem ser a banda sonora de um fim de semana (incluindo sexta-feira) dedicado à cultura e história. No dia 29, entre as 16 e as 17 horas, o Coro do Centro Histórico do Porto sobe ao palco do Palácio das Artes, na Rua das Flores”, refere também a autarquia.

Já a empresa municipal de reabilitação urbana Porto Vivo, SRU organiza uma conferência no dia 29 de março, na Casa do Infante, entre as 11h30 e as 12h30, subordinada ao tema “O que é uma casa?” e, no mesmo dia, das 10h30 às 16h00, na Viela de S. Lourenço (junto à igreja com o mesmo nome), a Porto Vivo, SRU apresenta a intervenção ali realizada. parcelas.

O programa completo do Dia Nacional dos Centros Histórico no Porto pode ser consultado aqui.

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Sal cria sistema de sinalização turística “Sal Smart Tour” para melhorar experiência dos turistas

Criada pela autarquia da ilha do Sal (Cabo Verde), acaba de ser inaugurado o sistema de sinalização turística “Sal Smart Tour”, que visa modernizar e melhorar a experiência dos turistas, promovendo uma sinalização informada e acessível em diversos pontos de interesse da ilha.

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As 22 sinaléticas da “Sal Smart Tour” estão divididas pelas categorias, monumentos, reservas naturais e pontos de interesse, e para além da sinalização dos edifícios, oferece também áudios, através de leitura de QRCode, em três idiomas. As três sinaléticas principais estão localizadas no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, Câmara Municipal do Sal e rua pedonal da cidade turística de Santa Maria.

Objetivo é modernizar e melhorar a experiência dos turistas, promovendo uma sinalização informada e acessível em diversos pontos de interesse da Ilha

A cerimónia, na Ilha do Sal, foi presidida pelo ministro do Turismo e Transportes, José Sá Nogueira, que na ocasião sublinhou que Cabo Verde está a dar um “salto qualitativo” em termos de turismo, já que com poucos recursos, tem feito um “esforço enorme” para o desenvolvimento do turismo”

“Este projeto demonstra que podemos ter um turismo organizado, em que os nossos visitantes chegam e não se sentem perdidos”, frisou, avançando que este projeto “Smart Tour “mostra que de facto podemos oferecer aos turistas, a possibilidade de se sentirem seguros e de terem as informações online, mesmo antes de virem para Cabo Verde”.

Segundo os promotores da iniciativa, conforme avança a imprensa cabo-verdiana, o objetivo é de mostrar que é possível utilizar tecnologia e a sustentabilidade para oferecer experiências diferenciadoras às pessoas que vêm conhecer Cabo Verde e proporcionar essas experiências de forma informativa e interativa.

 

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Slide & Splash reabre a 7 de abril para nova temporada

O parque aquático Slide & Splash, em Lagoa, reabre as suas portas no dia 7 de abril, dando início a mais uma temporada, que promete repleta de diversão aquática para todas as idades.

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Este ano, o parque concentrou-se na renovação e modernização dos seus serviços, incluindo a inauguração de um novo espaço de restauração, a partir de junho: o Restaurante Grill.

Sempre destacáveis são as diversões aquáticas, a verdadeira alma do parque. Os mais recentes continuam populares, o Boomerang com uma viagem em boia adornada por efeitos luminosos e um vaivém a alta velocidade. O Race com as suas seis pistas cronometradas, promete desafios divertidos para os amantes de competição. Já o Big Fall é a “viagem-cápsula” mais rápida do parque.

E nunca esquecer dos sempre clássicos. O Black Hole desafia a escuridão, o Tropical Paradise cria um mundo de fantasia para as crianças, o Big Wave convida os visitantes a experimentar uma sensação de gravidade zero, o Disco River é sinónimo de discoteca, o Banzai oferece a corrida a dois mais veloz e não menos importante é a pausa

na piscina olímpica Laguna. São só alguns dos divertimentos que enchem um dia de pura.

Além das diversões, as Cabanas, muito procuradas, oferecem uma experiência para grupos de 4 a 10 pessoas, equipadas com frigorífico, cofre, águas e descontos especiais nos restaurantes e lojas do parque.

O Slide & Splash continua a oferecer uma variedade de serviços, como o centro de massagens e fish-spa, tatuagens temporárias à prova d’água, serviço de fotografia, sete pontos de restauração e uma loja de conveniência e lembranças.

Refira-se que o Slide & Splash continua a apostar em soluções sustentáveis e renováveis para garantir um futuro mais verde. O parque implementou uma série de medidas para reduzir o seu impacto ambiental, como o uso de embalagens recicláveis e reutilizáveis, bem como a gestão eficiente de resíduos.

Há mais de uma década, o parque conta com duas estações de tratamento de águas. Uma delas reaproveita a água da lavagem dos filtros para abastecimento de sanitários e jardins, enquanto a outra utiliza a tecnologia de osmose inversa para reciclar a água e reutilizá-la no enchimento das piscinas.

Reforçando a sustentabilidade da sua operação, em 2023 o parque deu um importante passo com a inauguração de uma central fotovoltaica de autoconsumo, composta por 1.520 módulos fotovoltaicos, com uma potência instalada de 828 kWp. Este sistema permite cobrir cerca de 65% das necessidades energéticas do parque.

Além disso, está em desenvolvimento um ambicioso projeto de captura e dessalinização da água do estuário do Rio Arade, com o objetivo de canalizá-la até ao parque para abastecer os equipamentos de diversão, garantindo a autossuficiência hídrica do Slide & Splash e reduzindo ainda mais a dependência da rede pública.

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Turistas estão lentamente a afastar-se dos Estados Unidos

Devido às políticas internas e externas de Donald Trump, o número de turistas que visitarão os Estados Unidos em 2025 será significativamente menor do que o esperado, de acordo com indicadores que preveem o pior. Só em Nova York, os cancelamentos de turistas canadianos, em fevereiro, registaram uma quebra de 23% face ao mesmo mês do ano anterior.

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Após decisões do presidente Donald Trump, cujo conteúdo irritou alguns visitantes estrangeiros e os fez temer um aumento nos preços e um dólar mais forte, espera-se que as chegadas de turistas estrangeiros aos Estados Unidos diminuam 5,1% em 2025 em comparação ao ano anterior, face à previsão de um aumento de 8,8%, de acordo com um relatório publicado no final de fevereiro pela Tourism Economics. Espera-se que seus gastos sejam 10,9% menores.

Desde esta publicação, “a situação piorou, e o resultado provavelmente será pior”, observou Adam Sacks, presidente da Tourism Economics, que vê esta situação como “consequências da antipatia em relação aos Estados Unidos”. Nas últimas semanas, o governo Trump impôs tarifas contra o Canadá, o México e a China e ameaçou impô-las contra a União Europeia. Ao mesmo tempo, agências governamentais foram fechadas ou tiveram os seus financiamentos cortados (Parques Nacionais, USAID), e milhares de funcionários públicos foram demitidos.

“A polarização causada pelas políticas e retórica do governo Trump desencorajará viagens aos Estados Unidos”, estima a Tourism Economics, citando também “pressão” para não organizar eventos como conferências e desportos. O Instituto do Fórum Mundial de Turismo (WTFI) prevê um “impacto significativo” nas chegadas internacionais, esperando uma “reformulação” do setor. Refira-se que cerca 35% dos moradores de 16 países europeus e asiáticos pesquisados ​​pela YouGov em dezembro estavam menos propensos a visitar os Estados Unidos sob o governo Trump.

Sem números ainda consolidados de 77,7 milhões de turistas estrangeiros eram esperados em 2024 (+17% face ao ano anterior), de acordo com o National Travel and Tourism Office (NTTO).

A Associação de Viagens dos EUA alertou no início de fevereiro que as tarifas alfandegárias afastariam os canadianos, o maior contingente de turistas estrangeiros no país (20,4 milhões em 2024).

Em Nova York, que recebeu 12,9 milhões de viajantes estrangeiros em 2024, o efeito já é percetível com cancelamentos de canadianos de operadoras de turismo e buscas online, explicou à AFP Julie Coker, presidente do NYC Tourism, que reviu as previsões.

“Ainda não conhecemos as reações da Europa ou do Reino Unido, porque é muito cedo”, observou ela, destacando que “estamos o monitorizar a situação de perto”. Mas as autoridades britânicas e alemãs acabaram de alertar os seus cidadãos para que sejam extremamente vigilantes em relação aos seus documentos de viagem, citando o risco de prisão.

Por outro lado, os profissionais do setor nos EUA temem os efeitos em grandes eventos como a Ryder Cup (2025), o Mundial de Futebol (2026) e as Olimpíadas de Verão em Los Angeles (2026).

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Lisboa espera “quase 100%” de ocupação na Páscoa

Carla Salsinha, presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, prevê uma ocupação “de quase 100%” na hotelaria da capital e dos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa, durante o período festivo da Páscoa.

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A hotelaria lisboeta vai viver um período positivo na Páscoa, estima Carla Salsinha, presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, que prevê uma ocupação “de quase 100%” durante este período festivo.

“A hotelaria está praticamente preenchida. O pouco que falta será preenchido com reservas de última hora, mas à priori, (…) as expectativas serão iguais às do ano passado: de quase 100% e fruto das reservas que são muito de última hora”, disse a responsável, em declarações à Lusa.

As expectativas “otimistas” de Carla Salsinha têm por base, não apenas a procura dos turistas nacionais, mas também dos estrangeiros, principalmente espanhóis, que são os que “enchem a região”, uma vez que, além da cidade, também os 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa esperam uma ocupação elevada da hotelaria.

“Lisboa tem um número elevado de hóspedes e de dormidas, mas também já começa a ter o efeito de repercutir os turistas pelos municípios à volta. Já todos eles vão oferecendo unidades hoteleiras e capacidade de alojamento. Em 2023, tínhamos um município que não tinha dormidas, ou seja, uma unidade hoteleira, e hoje todos os 18 municípios de Lisboa já têm unidades hoteleiras”, sublinhou.

Além de Lisboa, Carla Salsinha destaca cidades como Almada e Oeiras como algumas das que têm vindo a registar um forte crescimento da procura turística, com a responsável a considerar que “Almada, hoje, é conhecida pela arte urbana e pelos festivais que faz”, enquanto Oeiras, que “tem hoje uma boa oferta”, se destaca, por exemplo no enoturismo.

“Pode-se fazer uma visita a uma adega com o vinho de Oeiras que começa a ter fama. Todos os municípios começam a ter uma oferta de tal forma diferenciada e até de produtos muito nicho, que faz com que Lisboa esteja sempre a crescer”, acrescentou.

A presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa sublinha que o crescimento do turismo em toda a região “é fruto de muito trabalho que está a ser feito pelos municípios para dar a conhecer o que existe fora da cidade de Lisboa”.

 

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Receitas turísticas de janeiro crescem 8,7% e ultrapassam os 1,5MM€

Os dados do BdP mostram que, em janeiro, as receitas turísticas, que se encontram pelos gastos dos turistas estrangeiros em Portugal, ficaram 123,37 milhões de euros acima de janeiro de 2024, confirmando, desta forma, que a procura turística pelo território nacional continua em alta e a bater recordes.

Inês de Matos

Em janeiro, as receitas provenientes da atividade turística somaram um novo recorde para o primeiro mês do ano, somando 1.542,15 milhões de euros, valor que representa um crescimento de 8,7% face aos 1.418,78 milhões de euros apurados em mês homólogo de 2024, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira, 21 de março, pelo Banco de Portugal (BdP).

Os dados do BdP mostram que, em janeiro, as receitas turísticas, que se encontram pelos gastos dos turistas estrangeiros em Portugal, ficaram 123,37 milhões de euros acima de janeiro de 2024, confirmando, desta forma, que a procura turística pelo território nacional continua em alta e a bater recordes.

O valor das receitas turísticas de janeiro ficou, inclusive, muito perto do que tinha sido registado em dezembro do ano passado, num mês que costuma ser marcado pelo aumento da procura turística devido ao período festivo do Natal e Réveillon, com os dados do BdP a mostrarem uma diferença de apenas 1,8%, pois as receitas do último mês do ano passado tinham somado 1570,93 milhões de euros.

Tal como as receitas turísticas, também as importações do turismo, que resultam dos gastos dos turistas portugueses no estrangeiro, apresentaram um crescimento no primeiro mês do ano, já que este valor se situou nos 343,20 milhões de euros, 4,8% acima dos 327,37 milhões de euros apurados em janeiro de 2024.

No caso das importações do turismo, o crescimento foi de 15,83 milhões de euros face a janeiro de 2024, provando que também as viagens dos portugueses ao estrangeiro continuam em alta, assim como os seus gastos.

Mais expressivo foi o decréscimo das importações face ao último mês de 2024, que chegou aos 37,7%, o que quer dizer que os portugueses viajaram e gastaram menos no arranque de 2025 do que no final do ano passado.

Desta forma, também o valor do saldo da rubrica Viagens e Turismo voltou a ser positivo, já que somou 1198,95 milhões de euros em janeiro de 2025, 9,9% acima dos 1091,41 milhões de euros do mesmo mês do ano passado.

No comunicado que acompanha os números, o BdP realça a importância das Viagens e Turismo para a balança de serviços, que apresentou um aumento de 322 milhões de euros em janeiro, o que foi “justificado maioritariamente pela evolução do saldo das viagens e turismo (+108 milhões de euros) e dos outros serviços fornecidos por empresas”.

 

 

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Paris - Tour Eiffel - Jeudi 23 juin 2022 Illustration Touristes Tour Eiffel © Arnaud Dumontier pour Le Parisien
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Apesar das Olimpíadas, turismo em Paris cresceu apenas 2% em 2024

O número de turistas na capital francesa e na região metropolitana aumentou apenas 2% o ano passado, mas permanecendo ainda abaixo dos níveis pré-Covid 2019. Nem os Jogos Olímpicos e os Paralímpicos foram suficientes para impulsionar o crescimento.

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Paris e a sua região receberam 48,7 milhões de visitantes em 2024, um aumento de apenas 2% apesar do evento desportivo, de acordo com números divulgados esta quinta-feira, 20 de março, pela Choose Paris Region, citada pelos jornais franceses. A agência internacional de atratividade da região avança que as chegadas de turistas mantêm-se 4% abaixo das verificadas em 2019, antes da pandemia de Covid.

Os 48,7 milhões de turistas que chegaram à região de Île-de-France geraram 23,4 mil milhões de euros em receitas (+8% face a 2024). Com 68 milhões de dormidas registadas em 2024, o setor hoteleiro sofreu uma quebra de 4%, devido aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos “que modificaram os fluxos sazonais”, de acordo com o Choose Paris Region.

Durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, foram contabilizadas 7,1 milhões de estadias turísticas (+11%). Durante este período, a região recebeu 2,8 milhões de turistas franceses (+15%), 2,3 milhões de turistas internacionais (+4%), liderados pelos americanos (281 mil visitantes, +4%) e pelos britânicos (280 mil, +3%). Os Jogos Olímpicos também impactaram o fluxo turístico ao concentrar visitantes nos locais olímpicos, enquanto museus e monumentos tiveram sua frequência reduzida numa média de 20% durante esse período.

No entanto, no total do na, a capital francesa e a região de Île-de-France receberam 26,1 milhões de turistas franceses (+1%, mas -8% em comparação a 2019) e 22,6 milhões de turistas internacionais (+3% e mais +2% face a 2019). Com 2,7 milhões de turistas, o número de americanos, principal mercado emissor para o destino, cresceu 3% em relação a 2023. Clientes britânicos (2,6 milhões), italianos (1,6 milhão), alemães (1,5 milhão) e espanhóis (1,4 milhão) completam o top 5.

No total do ano passado, os gastos dos turistas são divididos entre 8,5 mil milhões de euros pelos franceses (+7%) e 14,9 mil milhões de euros pelos visitantes internacionais.

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