A hotelaria das regiões autónomas dos Açores e da Madeira liderou a taxa de ocupação durante o período de verão deste ano, de junho a setembro. O indicador parte da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que apresentou esta terça-feira, 22 de outubro, o resultado do seu estudo “Balanço Verão 2024”, num inquérito em que participaram 343 estabelecimentos de três, quatro e cinco estrelas.
De acordo com os dados recolhidos pela AHP, o resultado acumulado de junho a setembro de 2024 dá conta a nível nacional de uma taxa de ocupação média de 81%, um preço médio de 173 euros e uma estada média de 3,1 noites. Note-se que, de acordo com os dados do INE do acumulado de verão de 2023, a taxa de ocupação nos hotéis de três a cinco estrelas situou-se nos 80%, o preço médio nos 156 euros e a estada média nas 2,7 noites.
No que diz respeito aos dados acumulados de 2024 recolhidos pela AHP, foram as regiões autónomas dos Açores e da Madeira que mais se destacaram neste período em termos de taxa de ocupação, que se situou nos 91%. Seguiram-se as regiões do Algarve (85%), Grande Lisboa e Península de Setúbal (ambos com uma taxa de 84%).
De acordo com Cristina Siza-Vieira, vice-presidente da AHP, os voos “tiveram uma importância fundamental” para estes valores na Madeira e nos Açores. Como refere, no caso da Madeira, “mais um voo semanal de Toronto, mais um voo semanal de Boston, sete ligações semanais via Ponta Delgada com origem em Toronto e Boston, e a retoma da ligação Canárias-Madeira”. Já nos voos dos Açores, a vice-presidente destaca “mais um voo por semana entre Faro e Ponta Delgada, mais um voo semanal entre Milão e Ponta Delgada e a retoma de dois voos semanais entre Londres e Ponta Delgada”.
Algarve lidera em preço médio
Apesar de as regiões autónomas se posicionarem no topo quanto à taxa de ocupação, quem liderou no preço médio por quarto foi o Algarve, com este indicador situado nos 227 euros, levando a vice-presidente a afirmar que foi “o campeão das vendas” no verão deste ano. Como referiu, “o Algarve esteve sempre acima da média nacional dos três indicadores, o que veio contrariar esta notícia de que o Algarve tinha um severo abrandamento quer na procura, quer no preço praticado, quer na estada média”.
Ainda sobre preço médio no acumulado de junho a setembro de 2024 destacaram-se o Alentejo (195 euros) e a Grande Lisboa (193 euros). Neste campo, a Região Autónoma dos Açores conseguiu situar o seu preço médio acima da média nacional, nos 175 euros, o que não aconteceu com a Madeira, que registou um preço de 161 euros para o acumulado de junho a setembro. Ainda relativamente ao preço médio, a região Oeste e Vale do Tejo foi a que contou com os valores mais abaixo da média nacional, a 106 euros.
Já no indicador de estada média, foi a Madeira que liderou a tabela, com 5,4 noites no acumulado de junho a setembro, seguida pelo Algarve (4,8 noites) e pelos Açores (3,4 noites). A pior performance neste campo, com valores abaixo da média nacional de 3,1 noites, coube às regiões da Península de Setúbal (2,5 noites), Norte (2,3 noites) e Oeste e Vale do Tejo (2 noites).
Dos meses em análise, agosto foi apontado como o “campeão de vendas”, por Cristina Siza-Vieira, com uma taxa de ocupação média nacional de 85%, preço médio a 183 euros e estada média de 3,2 noites.
Hoteleiros reportam melhorias em taxa de ocupação e preço médio
Quando questionados sobre as taxas de ocupação do verão deste ano por oposição às registadas no ano passado, 43% dos hoteleiros inquiridos responderam que a taxa deste ano foi “melhor”, com 11% a indicarem que foi “muito melhor”. Da amostra de inquiridos, 24% indicou que o valor foi “igual” e 21% que foi “pior” do que no ano passado.
Para 79% dos inquiridos do Algarve, a taxa de ocupação foi melhor ou muito melhor que no verão homólogo – uma opinião partilhada por 65% dos inquiridos do Alentejo, 60% dos inquiridos dos Açores, 59% do Centro e 58% da Madeira.
Por outro lado, quando inquiridos quanto ao valor do preço médio entre o verão deste ano e o do ano passado, 54% da amostra referiu que este indicador foi “melhor” este ano do que no período homólogo, com 18% a apontar que foi “muito melhor”.
De acordo com a AHP, todos os inquiridos da Madeira consideram que o preço médio por quarto no verão de 2024 foi melhor ou muito melhor do que o do verão de 2023. A opinião replica-se nos Açores, com 99% dos inquiridos a classificar este indicador como “melhor” ou “muito melhor” em relação ao mesmo período do ano passado. No Algarve, a percentagem de inquiridos com esta opinião foi de 83%.
Por fim, em relação aos proveitos totais, 56% dos hoteleiros inquiridos apontou que estes foram “melhores” no verão deste ano do que no ano passado, com 19% a indicarem que foram “muito melhores” e 16% a referir que foram “piores”.
Na Madeira, 99% dos inquiridos da região verificaram proveitos totais melhores ou muito melhores que em 2023, uma tendência que se replicou novamente nos Açores para 97% dos inquiridos. No Algarve a percentagem foi de 89%.
Principais mercados
Para o período de verão deste ano, 73% dos inquiridos pela AHP indicaram Portugal como um dos seus três principais mercados, com 53% a referir o Reino Unido, 51% os Estados Unidos da América (EUA) e 44% Espanha.
O mercado francês foi apenas referido por 19% dos inquiridos como um dos seus três principais mercados neste verão, seguido pelo Brasil (referido por 10% dos inquiridos), Irlanda (6%), Itália (3%) e Canadá (3%).
Tendo em conta as várias zonas do país, o mercado nacional constou nos três principais mercados de todas as regiões portuguesas. O mesmo se passou com o mercado espanhol, que apenas não foi referido como um dos principais três mercados pelos inquiridos do Algarve, regiões Autónomas da Madeira e dos Açores e da Grande Lisboa.
O Reino Unido foi considerado como um dos três principais mercados pelos inquiridos do Norte, Grande Lisboa, Algarve e Madeira. Já os EUA foram referidos como um dos três principais mercados pelas regiões Oeste e Vale do Tejo, Lisboa, Alentejo e Açores.
Por oposição, os dados do INE de junho a setembro de 2023, relativamente a todos os empreendimentos turísticos e alojamentos locais com mais de dez camas, apontavam que os três principais mercados a nível de hóspedes foram Portugal (38% de quota), Espanha (8%) e o Reino Unido (8%), seguidos pelos EUA (7%), França (6%) e Alemanha (5%).
Já a nível de dormidas, os dados do INE para o verão de 2023 davam conta de uma quota de 31% para o mercado português, 13% para o Reino Unido, 8% para Espanha, 7% para a Alemanha e 6% tanto para França como para os EUA.
Por fim, os principais canais de reserva no verão deste ano foram o Booking (96%), website próprio (78%) e agências de viagens (44%). Seguiram-se a Expedia (40%) e o email direto (25%), com o Airbnb a assumir uma percentagem de 1%.
O balanço de verão 2024 da AHP resulta de um inquérito realizado entre 1 e 14 de outubro deste ano pelo Gabinete de Estudos e Estatísticas junto de 343 empreendimentos turísticos associados da AHP. Destes, 38% encontram-se na Grande Lisboa, 11% no Norte, outros 11% no Algarve, 8% na Madeira, 8% na zona Oeste e Vale do Tejo, 7% nos Açores, 7% na região Centro, 7% no Alentejo e 3% na Península de Setúbal.