Bernardo Trindade toma posse como presidente da AHP e diz “presente” aos desafios enfrentados pela hotelaria
No primeiro discurso enquanto presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Bernardo Trindade focou os diversos desafios enfrentados pela hotelaria em Portugal, dizendo “presente” para os solucionar, mas salientando que “precisamos de ser ajudados”.
Victor Jorge
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Bernardo Trindade tomou, formalmente, posse como presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), tendo chamada à atenção para os vários desafios que o setor da hotelaria e respetivos hoteleiros enfrentam.
Referindo as várias dimensões que terão de ser tidas em conta para os próximos tempos, o novo presidente da AHP começou por frisar que os associados “são o maior ativo” e que neste regresso da atividade “há o sentimento de confiança”.
Contudo, Bernardo Trindade salientou que esta dimensão da “mobilização” precisa de “reduzir os intermediários”, destacando o papel que o “Click2Portugal” tem e terá nesta retoma, já que se trata do primeiro agregador exclusivo da oferta hoteleira nacional com um motor de reservas diretas comum, permitindo que as unidades hoteleiras interajam com o hóspede, sem intermediação de terceiros, o que faz com que possibilite oferecer melhores condições aos hóspedes e, simultaneamente, um elevado net revenue para os hotéis.
Na dimensão da tecnologia, Bernardo Trindade destacou os “Tourism Monitors” – ferramenta gratuita de apoio ao gestor hoteleiro – e que possibilita “mais qualidade na informação e municiona todos os associados e mercado”.
Ainda no campo da digitalização, o novo presidente da AHP revelou o objetivo de lançar um projeto de Marketplace B2B, com o objetivo de colocar “em diálogo os nossos parceiros [identificando mais de 90 parceiros] com os nossos associados”, admitindo que “é preciso colocar em prática este reforço de relacionamento”.
Depois de dois anos de “dificuldades sem paralelo, com hotéis fechados, clientes em casa, funcionários em casa” a ajuda dada até agora terá, segundo Bernardo Trindade, ser “reforçada”, dada a deterioração dos balanços das empresas. “Precisamos de ser ajudados”, frisou o novo presidente da AHP, salientando que “queremos trabalhar com as instituições públicas”; admitindo mesmo que existe “grandes expectativas relativamente ao Banco de Fomento”.
Neste caso particular, Bernardo Trindade frisou que é “fundamental agilizar processos” e que poderão contar com a AHP para “esta reivindicação”.
Do emprego aos aeroportos, passando pelo SEF
No campo do emprego, Bernardo Trindade destacou o facto do setor do turismo, até 2019, liderava a contribuição para a riqueza de Portugal. “Chegámos a ter mais de 450.000 pessoas a trabalhar no turismo”, referindo ainda que de dezembro de 2019 para dezembro de 2021 “perdemos mais de 45.000 registos na Segurança Social”.
Por isso, deixou a questão: “por que razão tornamo-nos menos ‘trendy’?”. Outra pergunta deixada pelo novo presidente da AHP – “as pessoas dizem que temos pagar melhor” – teve resposta imediato pelo mesmo ao referir que “já estamos a pagar melhor”, fazendo referência ao acordo de Contrato Coletivo de Trabalho assinado com o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (Sitese) e que pretende ver alargado a outros entidades sindicais, nomeadamente à à Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), deixando claro que “não podemos regimeficar o processo de recrutamento”
“Temos de facilitar o mercado de trabalho”, reconheceu Bernardo Trindade, deixando claro que os Acordos de Mobilidade, nomeadamente com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), é “bom, mas não é um fim em si mesmo” e que “não podemos complicar, se precisamos de pessoas para trabalhar no turismo”, concluindo que é preciso olhar para a “procura atual e futura”.
Como “recados”, Bernardo Trindade deixou a situação do SEF, considerando que “não é um cartão de visita de qualidade que Portugal tem para mostrar”, dando como exemplo as 16 ‘boxes’ existentes no aeroporto de Lisboa que “precisamos que funcionem no período da manhã, quando chegam os voos transatlânticos e para evitar que as pessoas já veem cansados dos voos tenham de ficar à espera durante mais duas ou três horas”.
“Damos uma péssima imagem de um país que tem ganho prémios e prémios internacionais e que sabe receber bem”, vincando que “queremos ser parte da solução para o crescimento económico do país”.
No que toca às infraestruturas aeroportuárias, a primeira critica foi para o Aeroporto da Madeira (Funchal) que necessita de adquiri equipamentos de aproximação para os aviões, num investimento calculado em três a quatro milhões de euros.
Considerando a TAP como um “instrumento fundamental”, outra das críticas deixadas por Bernardo Trindade prendeu-se com o Aeroporto de Lisboa, frisando que “Portugal não se pode dar ao luxo de perder clientes porque não tem ‘slots’. Estamos há mais de 50 anos para decidir”.
Numa clara mensagem para os governantes presentes na tomada de posse dos novos corpos sociais da AHP para 2022-2024, entre eles a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques; a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho; e o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, Bernardo Trindade disse que, “se o povo votou num partido e lhe deu a maioria, a confiança dada a esse partido deverá servir para haver decisões”.
No final, Bernardo Trindade deixou a mensagem de que “Portugal merece um contributo por parte da hotelaria que vá ao encontro das expectativas do país. Por isso, dizemos presente para solucionar os problemas que enfrentamos”.
No final, a secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços (SETCS), Rita Marques, salientou que “trabalhámos bem até 2019, fizemos muito até 2019, mas a partir de agora temos de fazer bem melhor”, já que “estamos numa altura de “renascimento” do setor do turismo, reconheceu a SETCS, é preciso fazer “bem melhor” do que o que foi feito em 2019, considerado o melhor ano do turismo em Portugal, até ao momento.
Reconhecendo que todos os aspetos levantados no discurso de Bernardo Trindade têm de ser abordados “rapidamente”, admitindo que “fazem parte a minha cartilha para os quatro anos seguintes”, Rita Marques concluiu, contudo, que “isto é válido para ambas as partes: tutela, Governo num todo, mas também para os seus empresários”.