Receitas do turismo internacional devem ficar a menos de metade de 2019
Embora o terceiro trimestre indique uma subida nas receitas do turismo internacional, as mais recentes notícias sobre novas variantes de Coronavírus voltam a trazer incertezas para o setor. Garantida está uma quebra significativa nas receitas.

Victor Jorge
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De acordo com a mais recente edição do Barómetro Mundial do Turismo da Organização mundial do Turismo (OMT), as receitas do turismo internacional podem chegar a 800 mil milhões de dólares (ligeiramente acima dos 700 mil milhões de euros), em 2021, uma pequena melhoria em relação a 2020, mas menos de metade dos 1,7 biliões de dólares (cerca de 1,5 biliões de euros) registados em 2019.
A OMT adianta ainda que a contribuição económica do turismo é estimada em 1,9 biliões de dólares em 2021 (cerca de 1,7 biliões de euros) – medido produto interno bruto direto -, bem abaixo do valor pré-pandémico de 3,5 biliões de dólares (acima dos três biliões de euros).
Embora a OMT refira que as chegadas de turistas internacionais aumentaram 58% no período entre julho e setembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020, estes números ficam ainda 64% abaixo dos níveis de 2019.
A Europa registou o melhor desempenho relativo no terceiro trimestre, com chegadas internacionais 53% abaixo do mesmo período de três meses de 2019, sendo que, em agosto e setembro, as chegadas foram menos 63% em relação a 2019, os melhores resultados mensais desde o início da pandemia.
Entre janeiro e setembro de 2021, ou seja, no acumulado do ano 2021, as chegadas de turistas internacionais em todo o mundo ficaram 20% abaixo do mesmo período de 2020, uma melhoria clara em relação aos primeiros seis meses do ano (-54%).
Em algumas sub-regiões – Europa do Sul e Mediterrâneo, Caribe, América do Norte e Central – os dados da OMT mostram que houve um aumento nos primeiros nove meses de 2021 face ao mesmo período de 2020, indicando, ainda que algumas ilhas do Caribe e do Sul da Ásia, bem como alguns destinos no Sul e Europa Mediterrânica registam os melhores desempenhos no terceiro trimestre de 2021, com as chegadas a ficarem perto ou, às vezes, excedendo os níveis pré-pandémicos.
Embora estes dados não contemplem qualquer indicação ou previsão relativamente à nova variante do Coronavírus – Omicron – o secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, admite que, à luz do aumento de casos e do surgimento de novas variantes, “não podemos baixar a guarda e precisamos continuar os esforços para garantir a igualdade de acesso às vacinas, coordenar os procedimentos de viagem, fazer uso de certificados de vacinação digital para facilitar a mobilidade e continuar a apoiar o setor.”
O aumento na procura por viagens foi impulsionado pelo aumento da confiança dos viajantes devido ao rápido progresso nas vacinações e na flexibilização das restrições de entrada em muitos destinos. Na Europa, o Certificado Digital Covid da UE ajudou a facilitar a livre movimentação dentro da União Europeia, libertando uma procura reprimida significativa após muitos meses de restrições. As chegadas em janeiro-setembro de 2021 ficaram apenas 8% abaixo do mesmo período de 2020, mas ainda 69% abaixo de 2019. As Américas, por sua vez, registaram os resultados mais fortes em janeiro-setembro, com chegadas a aumentarem 1% em comparação a 2020, mas ainda 65% abaixo dos níveis de 2019.
Ritmo de recuperação lento e desigual
“Apesar da melhora observada no terceiro trimestre do ano, o ritmo de recuperação permanece lento e desigual nas regiões do mundo”, admite a OMT. Enquanto a Europa (-53%) e as Américas (-60%) tiveram uma melhora relativa durante o terceiro trimestre de 2021, as chegadas na Ásia e no Pacífico caíram 95% em comparação com 2019, pois muitos destinos permaneceram fechados para viagens não essenciais.
Já África e o Oriente Médio registaram quedas de 74% e 81%, respetivamente, no terceiro trimestre em relação a 2019. Destinos como Croácia (-19%), México (-20%) e Turquia (-35%) apresentaram os melhores resultados em julho-setembro de 2021, conforme informações disponíveis atualmente.
Os dados sobre as receitas do turismo internacional mostram uma melhoria semelhante no terceiro trimestre de 2021. O México registou os mesmos ganhos de 2019, enquanto a Turquia (-20%), a França (-27%) e a Alemanha (-37%) registaram quedas comparativamente menores em relação ao anterior no ano. Nas viagens internacionais, os resultados também foram moderadamente melhores, com a França e a Alemanha a registar quebras de 28% e 33%, respetivamente, nas despesas de turismo internacional durante o terceiro trimestre.
Do lado positivo, os gastos com turismo por viagem aumentaram significativamente devido à grande poupança e procura reprimida, amenizando os impactos nas economias. A receita internacional passou de uma média de 1.000 dólares, em 201,9 para 1.300 dólares, em 2020, estimando a OMT que possa ultrapassar os 1.500 dólares, em 2021. No entanto, o aumento dos gastos também é resultado de estadias mais longas, aumento dos preços dos transporte e hospedagem.
Apesar das melhorias recentes, as taxas de vacinação desiguais em todo o mundo e as novas variantes da COVID-19 podem afetar a recuperação “já lenta e frágil”, admite a OMT. “A pressão económica causada pela pandemia também pode pesar sobre a procura por viagens, agravada pela recente alta nos preços do petróleo e interrupções nas cadeias de abastecimento”, afirma ainda a OMT na nota que divulgou.
Assim, de acordo com os dados mais recentes da OMT, espera-se que as chegadas de turistas internacionais permaneçam 70% a 75% abaixo dos níveis de 2019 em 2021, um declínio semelhante ao de 2020.