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50 ideias para o Turismo

50 ideias para o Turismo | (Fu)turismo

No âmbito da celebração dos seus 50 anos, o Publituris convida uma figura do setor a lançar uma “Ideia para o Turismo”.

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Em vésperas da Implantação da República portuguesa, a Europa (centralizada em Paris) abria-se ao turismo e ao vanguardismo cultural. Os congressos de turismo juntavam os amantes pelas viagens e sucediam-se os manifestos da vanguarda artístico-literária, a tal ponto que seriam bases de identidade e de progresso da Europa no século XX, embora entre crises, guerras e fronteiras que se desfizeram e refizeram.

Mais de um século depois o turismo é um sector chave. Através de diferentes gerações, o turismo português cresceu, nem tudo foi mau, nem tudo foi bom, mas há que saber lidar com as heranças para fazer melhor.

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Para a ideia que se pede, não vos escrevo do quarto pilar (a política) que defendo para a sustentabilidade e do turismo na orgânica do Estado ou do papel das autarquias, nem do litoral versus interior e nem sequer do ensino ou das tecnologias e dos meios de comunicação. Escrevo, aliás, de tudo isto e com base nestas questões. – Porque é que as estratégicas mudam entre governos sem que haja convergência? – Porque é que o território é vítima de um consumo autofágico, ou seja, depois de o atrativo se tornar insuportável os mesmos responsáveis saem à procura de outros lugares para iniciarem um processo semelhante de apropriação? – Porque é que no ensino nem sempre se promovem os pedagogos mais criativos e aqueles que são integradores de áreas disciplinares? – Porque é que nos eventos deste sector mais interessam as aparências do que o saber?

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Há precisamente um século, a Revista de Turismo referia: “Hoje, a viagem, como meio de instrução e de distração, é realizada por todas as classes da sociedade” (5 de dezembro de 1919). Sabemos que não era verdade. Presentemente, muitos mais fazem turismo, mas nem todos com qualidade.

Por vezes, porém, acho que vivemos num mundo fantasioso, quando lemos, escrevemos e atuamos no sector. Lembro que “o turismo é de todos e para todos”, tal como vos referi há uns anos quando, orgulhosamente, presidi às comemorações do Centenário do Turismo e as quisemos levar ao país em vez de uma festa glamourosa apenas para alguns.

É de Ética que vos falo.

Por Jorge Mangorrinha, professor Universitário
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50 Ideias para o Turismo| Muitas regiões um só destino turístico

Por Antónia Correia, Diretora da Faculdade de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia

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A hegemonia das regiões é algo que aos diferentes níveis tem gerado modelos de desenvolvimento claramente distintos. Uma posição mais híbrida sugere um equilíbrio entre o poder das regiões e do país.

Em Portugal os fluxos turísticos são absorvidos fundamentalmente pelas regiões aeroportuárias. Estas absorvem 78% dos hóspedes e 86% das dormidas no país. Esta concentração do turismo nas regiões aeroportuárias persiste muito em função da sua localização. Se nas ilhas a capacidade de retenção é quase total, no continente é o Algarve que mais turistas retém. Por oposição, na região de Lisboa e Vale do Tejo, a capacidade de retenção é claramente inferior, situa-se na ordem dos 50% do total de passageiros desembarcados.

Ainda que pouco expressivo (18%) emerge timidamente um novo segmento – o turista multidestino, que numa só viagem pretende visitar todo o país.  Este segmento apresenta maior potencial entre os asiáticos, russos, polacos e finlandeses, mas pode ser extensível aos outros mercados se a complementaridade for promovida e facilitada.

Este turista que ventila impactes por todo o país, mesmo pelas regiões onde não existem infraestruturas aeroportuárias, potencia um modelo de desenvolvimento que resolve dois problemas eminentes: o overtourism e a desertificação.

Ainda que a extensão territorial possa facilitar a potenciação deste segmento, a sua concretização é complexa, porque para tal é preciso promover uma unidade nacional que a hegemonia regional rejeita. Ainda que os atributos que mais contribuem para a satisfação dos turistas sejam transversais a todas as regiões, sugerindo que a imagem de Portugal é homogénea, persiste-se num modelo de diferenciação em que todos perdem.  As especificidades regionais enriquecem a experiência dos que nos visitam, no entanto Portugal é um destino com uma imagem única, onde a complementaridade deve ser privilegiada num equilíbrio em que as diferenças regionais sobressaiam.

A diversidade existe, a vontade dos turistas visitarem várias regiões é latente, a extensão do território facilita, vale a pena perguntar o que falta para concretizar as sinergias regionais necessárias para resolver o fenómeno do overtourism e da desertificação que enfrentamos?

A solução é simples: promover a identidade turística do país e assegurar acessibilidades entre as várias regiões que continuam frágeis ou inexistentes, mudar a cultura de excessiva regionalização do turismo, porque se todos ganharmos o país também ganha.

*Por Antónia Correia, Diretora da Faculdade de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia
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50 ideias para o Turismo | A especialização focada nos benefícios ao cliente

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Com a generalização do acesso à informação, o comportamento do consumidor passou a ser muito vincado no preço, sem questionar, muitas vezes, no valor ou benefício que determinada transação lhe possa trazer. É uma realidade que leva as empresas a trabalhar hoje num ambiente bastante feroz e, em alguns setores, com impacto significativo na sua rentabilidade. É inevitável, como também, uma consequência das dinâmicas negociais B2C dos dias de hoje.

Entretanto, as empresas foram agregando valor ao seu produto para conseguirem crescimentos do preço médio, melhor rentabilidade e capacidade concorrencial, sem abdicar do uso de dinâmicas agressivas ao estímulo à compra.
A ideia, ou a reflexão, que aqui trago, está relacionada com o valor agregado que uma agência de viagens tradicional poderá adicionar ao seu negócio, considerando que vende um serviço, para que este não seja apenas sustentado no preço, mas principalmente num serviço ao cliente, que permita performances de melhor preço médio e de melhor rentabilidade. Uma vez que o nosso mercado é de pequena dimensão, penso que a especialização no produto, por si só, não será uma opção. Mas, acredito numa especialização focada nos benefícios ao cliente, baseada num atendimento personalizado e conhecedor dos valores que o cliente mais valoriza para a sua viagem. Desta forma, permitiria oferecer ao cliente, dentro do seu orçamento, opções que atinjam um bom nível de satisfação e onde o fator preço, por si só, não seja considerado o fator principal. Isto, sem abdicar das agressivas dinâmicas de preço que cada produto já pratica no mercado.

Por Francisco Teixeira, CEO da Melair Cruzeiros

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50 ideias para o Turismo | A Hospitalidade é universal e precisa-se, dentro e fora do hotel

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Quando me lançaram o desafio de dar uma ideia para o turismo do futuro, pensei na crescente importância da Responsabilidade Social e da Sustentabilidade Ambiental para este setor.

Sendo o turismo um setor utilizador de recursos, é também um setor necessariamente comprometido com a preservação do meio ambiente e das comunidades onde se insere – só há Hotelaria quando há destino turístico. E só há destino turístico quando há uma comunidade de pessoas integradas, abertas ao mundo e ao “outro”, recetivas ao turismo e ecologicamente responsáveis; e quando há um meio ambiente preservado, equilibrado e sustentável.
Se “sustentabilidade” e “responsabilidade social” tendem a ser buzzwords noutros setores, a verdade é que em Hotelaria são questões subjacentes e adjacentes à própria atividade.

Por isso criámos já em 2012 o Programa HOSPES by AHP, pioneiro em Portugal e no mundo, que através de uma dinâmica simples, assente no modelo de economia circular, permite vários outputs interessantes: por um lado, promove a otimização de recursos da Hotelaria, um setor que, pela sua natureza, está obrigado a renovações periódicas de bens e equipamentos que, regra geral, se encontram em bom estado de conservação suscetíveis de outro tipo de utilização. Por outro, permite a reutilização desses mesmos bens já num contexto de economia solidária, disponibilizando através de uma rede centralizada na AHP bens e equipamentos a instituições de ação social protocoladas, cujos recursos são, como sabemos, escassos. Finalmente porque aplica os princípios da sustentabilidade na ótica também ambiental: reduzir, reciclar, reutilizar.

Os compromissos da Hotelaria com a comunidade de pessoas (“We Share”) e com o ambiente (“We Care”) são simultaneamente selos distintivos, anualmente entregues pela AHP, valorizados cada vez mais por stakeholders, e especialmente operadores e hóspedes.

Para a AHP esta é uma aposta de futuro: através de uma rede colaborativa que envolve a Hotelaria, as Instituições e a sociedade em geral reforçar o pilar da Hospitalidade e da ligação à Comunidade.

Por Cristina Siza Vieira, presidente da direção executiva da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal

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50 ideias para o Turismo | Nuno Mateus

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Há dias em que começamos a ler frases como esta, que nos fazem refletir.
Estamos conscientes que o século XXI começou em força no que diz respeito a mudanças, em todo o Mundo, nos hábitos dos Consumidores.
Não são apenas as novas gerações. Eu próprio constato diariamente que alterei hábitos e comportamentos.
E isso leva-me a refletir sobre o nosso setor, e sobre a área de distribuição.
Se o turismo no seu todo, tem demonstrado uma capacidade notável de adaptação a essas alterações, tenho de constatar que os operadores turísticos e as agências de viagem não demonstraram, até hoje, uma estratégia efetiva para fazer face a um dos maiores problemas que enfrentamos: a opção pela reserva direta de hotéis, serviços, aviação… pelos viajantes.
Não critico o facto de estarmos num mercado global, onde o consumidor tem livre escolha.
No entanto, sinto que não temos sabido enfrentar esse risco, comum a todos, de forma construtiva e organizada, informando (mais que alertar) os consumidores, para as vantagens de reservar numa agência de viagens ou viajar através de um programa organizado por um operador.
Um exemplo?
Será que os consumidores sabem que, de acordo com a nova lei comunitária, a cobertura de cancelamento por motivos de força maior está sempre incluída nas viagens organizadas pelas agências de viagens e operadores?
Pegando no desafio do Publituris para uma medida concreta, proponho uma campanha Nacional, envolvendo todos os operadores turísticos e agências de viagem, comparticipada por todos, unidos numa mensagem comum e clara, sobre as vantagens que oferecemos.
Com um foco importante no serviço e conhecimento, independente das estratégias de comunicação próprias de cada organização
Porque todos temos mais a ganhar se realçarmos as nossas (grandes) mais valias, do que se continuarmos a insistir apenas na batalha do preço baixo.
Pela minha parte e da Solférias, estamos disponíveis para iniciar já esse movimento e honrar a nossa assinatura: Viajar aproxima.

*Por Nuno Mateus, diretor-geral da Solférias
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50 ideias para o Turismo| Casinos e Turismo

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Não chega a ser surpreendente que a rotina da habitação se esfume em silêncio mediático.
Mais surpreendente será que os beneficiários da vultosa contribuição económica dos Casinos portugueses, raras vezes se pronunciem sobre a sua vital importância enquanto decisivos agentes no financiamento da actividade turística.
Vem isto a propósito de recordar – pois que parece andar esquecido – que a onerosa, para não dizer extorsiva, tributação dos Casinos portugueses só se redime e legitima na providencial medida que consigna 80% dessa tributação exclusivamente à actividade turística.
Tal significa – é oportuno sublinhá-lo – cerca de 70% das verbas à disposição do “Turismo de Portugal IP” e, por consequência, no maioritário financiamento, pelos casinos, dessa fundamental actividade que é o Turismo nacional.
O que me deixa algo perplexo face à generalizada ausência de preocupação quando, a um ano e dez meses do termo das concessões dos Casinos Estoril, Lisboa e da Figueira da Foz, nada se sabe ou foi publicado sobre o caderno de encargos do concurso público internacional que ditará a designação dos futuros concessionários.
E essa, não é incógnita de pouca monta: os dois maiores casinos portugueses – Estoril e Lisboa – representam 46,17% da quota de mercado do sector, a que acrescem os 4,96% da quota do Casino da Figueira da Foz perfazendo, no seu total, 53,13% da globalidade dos casinos em operação em Portugal.
Mais grave, ainda, é o facto de estando os dois casinos da Estoril-Sol sujeitos ao mais oneroso regime de tributação sobre o jogo – 50% sobre as suas receitas brutas – esses casinos, conjuntamente com o da Figueira da Foz, representarem mais de 60% do total da tributação do sector e, reflexamente, das verbas que, através deles, são consignadas ao financiamento do Turismo nacional.
Seria uma excepção – de que, aliás, nem conheço precedentes – que do desfecho desse concurso público internacional, não resultem diferendos com os concorrentes preteridos, os quais, previsivelmente, desaguarão nos tribunais e em sucessivos recursos com a morosidade que é seu apanágio.
Quer o Governo, quer o Turismo, não podem dar-se ao luxo de aguardar pendências jurisdicionais susceptíveis de pôr em causa, a partir de 31 de Dezembro de 2020, − final das actuais concessões – a normal operação de três fundamentais casinos cuja tributação, nos termos do actual quadro normativo, representa a larga maioria das verbas consignadas ao Turismo!
Só, que, em minha modesta opinião, 2019 já será tarde para resolver e superar os quase inevitáveis impasses jurisdicionais que se perfilam em tão curto horizonte.
E não está, sequer, em causa o empenhamento com que a Secretária de Estado do Turismo se tem dedicado ao estudo e aprofundamento deste tema, tal como, aliás, a toda a causa do Turismo.
Só outros factores, técnicos ou políticos, que desconheço, poderão explicar esta surpreendente morosidade.
Mas o Turismo não pode esperar: após anos de exponencial crescimento, eis que algumas nuvens pairam no horizonte e nos exigem renovados esforços, para além de adequado apoio logístico e infra-estrutural do Estado.
E, neste contexto, que subsista, ao menos, a contribuição financeira dos casinos, para que o Turismo português possa voar céus amenos, em progressão de êxitos!

*Por Mário Assis Ferreira, Presidente não executivo da Estoril-Sol
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50 Ideias| Aumentar o valor dos serviços produzidos e exportados

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O setor deve continuar a investir na melhoria da qualidade, na inovação e adaptação às novas tendências e exigências dos consumidores (diferenciação, autenticidade, sustentabilidade). Portugal tem potencial para, ao diversificar a sua oferta, fidelizar os seus mercados maduros e conquistar novos mercados emissores, e assim crescer sustentadamente e atenuar a sazonalidade.

3 eixos incontornáveis para o crescimento sustentável:
• Consolidação das vantagens comparativas e competitivas já existentes (no turismo de sol, praia, descanso, gastronomia, etc.), através da melhoria das infraestruturas, da qualificação da mão-de-obra do setor e da necessidade de aumentar o número de rotas aéreas para o país.
• Aposta no turismo de Saúde e Bem-Estar, suportado em produtos e serviços que sejam expressão genuína da cultura, natureza e gastronomia locais, e que respeitem preocupações de sustentabilidade. Este turismo promove o aumento da estadia média e os gastos turísticos.
• Aproveitar a digitalização para incrementar a penetração na cadeia de valor que o setor turístico pode potenciar – produtos tradicionais, serviços de valor acrescentado, etc.

Uma ideia para garantir a sustentabilidade futura do Turismo em Portugal:
• Distinção das Empresas que promovam a diversidade e complementaridade da oferta, e que criem e implementem pacotes de serviços que aumentem/melhorem a relação qualidade/preço.
Isto passa pela promoção de serviços complementares, que podem incluir atividades e experiências associadas à gastronomia, à cultura, à história, ao património, etc. O turismo deverá ter um forte efeito multiplicador de valor nas regiões em que se insere, através da promoção dos ativos distintivos das regiões, dos seus produtos, serviços, costumes e tradições.
Neste âmbito pode ser atribuído um “selo distintivo” às empresas que mais contribuírem para o desenvolvimento sustentado da região onde se inserem, através da promoção – com resultados concretos ao nível do valor acrescentado – dos produtos e serviços locais.
Esta distinção, que pode ser apenas de notoriedade pública ou pode inclusive converter-se em benefícios financeiros protocolados com stakeolders ligados ao turismo, deveria ser atribuída pelas Entidades Regionais de Turismo, em articulação e sob supervisão do Turismo de Portugal.
Convém recordar que o Turismo é um setor “transformante”, isto é, dá conteúdo transacional ao mais não transacional dos bens – o território. Isso torna o setor único com características e efeitos multiplicadores.

*Por António Ramalho, presidente do Novo Banco

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50 Ideias | Gestão de Destinos Inteligentes

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O Turismo tem cada vez mais impacto na vida quotidiana dos portugueses. São enormes as dificuldades, já identificadas, com as quais os agentes do Turismo são obrigados a discutir: infraestruturas em capacidade máxima, preços que disparam com regularidade, moradores inquietos, filas de espera enormes. Perante esta panóplia de desafios, o mais fácil, e menos ambicioso, é acelerar o processo de proibição, multa, encerramento. O mais audacioso, e demonstrativo de visão, é assumir com coragem a gestão dos destinos, e se possível, de forma inteligente.
Um destino turístico inteligente resulta de uma forte componente tecnológica, informativa e de comunicação entre sistemas, que permite uma interação, em tempo real, entre os vários participantes: os decisores políticos, a oferta turística, os habitantes, os que aí trabalham ou recorrem a serviços públicos e, finalmente, os não menos importantes turistas. Compreender a necessidade de criar acessibilidades físicas e virtuais para os que nos procuram é, por isso, fulcral à concretização de destinos inteligentes.
Esta nova realidade só é possível devido ao aumento exponencial da quantidade de informação disponível relativa ao comportamento dos turistas, dos seus padrões de gastos e até da meteorologia, aliada a uma capacidade crescente de processamento de informação pelos computadores, que permite assimilar e trabalhar fontes múltiplas e complexas.
Este desenvolvimento veio permitir tomar decisões estratégicas, táticas e operacionais num espaço de tempo incomparavelmente inferior, e veio também desafiar as marcas a inovar no modo como os serviços são fornecidos. Mas, sobretudo, veio alterar a forma como esta disrupção, que resulta da pressão turística, pode ser gerida.
Os millennials, que representam uma grande percentagem dos viajantes atuais, desenvolveram um pensamento crítico e competências de consumo mais fortes, estão mais informados e são mais exigentes e, utilizam a internet em todas as fases do processo: na procura de informações, na aquisição de bilhetes, durante a viagem e, depois, na partilha da sua experiência. Se a análise de dados adquiridos através do seu comportamento vem possibilitar às empresas uma diferenciação competitiva, às entidades públicas permite uma melhor gestão da oferta, redefinindo prioridades que deem resposta a variações de procura e que permitam uma melhor experiência para o turista, através de técnicas de personalização mais sofisticadas.
Neste novo paradigma, também os responsáveis pelos serviços públicos e pela gestão das infraestruturas que servem os cidadãos locais têm mais informação, em tempo real, sobre a pressão que os turistas exercem nas suas cidades e vilas. Consequentemente, aderir a uma melhor gestão do território urbano através desta revolução digital vai também beneficiar os que nela vivem e trabalham, preservando a sua qualidade de vida.
Recentemente aprovada no Parlamento Europeu, a linha orçamental para o Turismo Sustentável poderá vir a ser uma ajuda importante para as PME de Turismo – mas também para entidades públicas – que queiram investir seriamente na digitalização da oferta, tornar as suas redes de gestão mais inteligentes e, com isso, promover a sustentabilidade do turismo.
Uma gestão inteligente dos destinos vai permitir absorver o potencial do nosso turismo, tornar a nossa oferta mais interessante e mais eficiente e, permitir criar redes de comunicação e – mais importante – de criação de valor acrescentado. Tenhamos, pois, uma visão progressista do potencial deste setor que representa 10% da economia europeia. A utilização de dados já existentes, precisa apenas de processamento e, através da sua análise, de inovação.
O Futuro do Turismo em Portugal faz-se no momento presente, com gestão de cidades e destinos inteligentes.

*Por Cláudia Monteiro de Aguiar,  eurodeputada

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50 ideias | Desenvolvimento do Interior

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Indiscutível o incomparável sucesso alcançado pelo turismo na presente década, fruto, principalmente, da ação da iniciativa privada que, num contexto desfavorável, teve a capacidade de ultrapassar as dificuldades adoptando um atitude proactiva.

Estamos, porém, a caminhar para um ponto em que a inebriante onda da moda, efémera por natureza, e do êxtase dos prémios que alimentam o ego colectivo, mesmo quando não traduzem realidades tangíveis, têm de dar lugar à reflexão serena e sensata, predicados que a euforia tem remetido para o limbo do esquecimento. Quando se consegue uma impossibilidade (“0 melhor destino do mundo”) não se pára para refletir!

O turismo português necessita agora de descer do “assento etéreo” a que subiu e regressar “à terra” para responder aos desafios que se vislumbram no horizonte. Períodos de crescimento como o verificado são irrepetíveis e, agora, são precisas, não uma ideia, mas muitas para que continue a ser a força impulsionadora do desenvolvimento do país.
De acordo com as regras estabelecidas pelo “Publituris” escolho apenas uma. Talvez inesperada e pouco apelativa mas considero-a fundamental para responder a uma das questões mais prementes da realidade nacional: o desenvolvimento do interior.

O objectivo do turismo não é crescer mas sim contribuir para o desenvolvimento equilibrado do país e este não é alcançável com o abandono de 3/4 do território onde se gera apenas 1/5 da riqueza nacional e é abandonado todos os anos pelas pessoas que lá nasceram.

Há uma consciência colectiva que favorece a eleição do turismo como factor de desenvolvimento do interior mas o sucesso de um destino só será assegurado quando tem a capacidade para criar factores de atracção distintivos e diversificados que, ao mesmo tempo, proporcionem satisfação e novas experiências aos visitantes e garantam ás comunidades locais emprego e melhoria das suas condições de vida.

Tem havido iniciativas de grande mérito como, por exemplo, as “Aldeias Históricas” e as “Aldeias de Xisto”, mas apesar dos vultosos investimentos realizados são parcos os resultados para o desenvolvimento regional e local e insuficientes para melhorar o nível de vida das populações locais. O próprio presidente da Associação das Aldeias de Xisto afirmou neste jornal (18 de janeiro) que, na área em que actua, “a desertificação vai continuar” o que é prova de insucesso do projecto: atrai turistas mas os residentes continuam em debandada criando-se meros “enclaves” turísticos. Porquê?

O turismo só pode dar um contributo válido para o desenvolvimento local se dinamizar outras produções locais, levar à criação de novas actividades, aproveitar os recursos existentes ( materiais e humanos), valorizar o património natural e histórico-cultural e garantir emprego e qualidade de vida às comunidades. De outra forma não é crível que o turismo produza os efeitos pretendidos para o interior do país.

Por tudo isto é indispensável a adopção de modalidades de desenvolvimento com a participação activa das populações como o “turismo comunitário” e o movimento “OVOP” (One Village- One Product) de que há exemplos bem sucedidos em vários países, porque asseguram o envolvimento dos residentes nas decisões e gestão. O primeiro, é, por definição, a exploração turística em que a população, através de formas organizativas comuns, assume a iniciativa para o aproveitamento de recursos e produtos locais bem como das capacidades individuais e exerce o controlo e a gestão da organização. Com poucas diferenças deste, o segundo, visa a união de esforços comunitários para o aproveitamento de um ou mais recursos identitários locais para criar um ou mais produtos turísticos.
O turismo comunitário é potenciado pelas novas tendências da procura turística: maior contacto com a natureza, interesse pela aventura e por lugares pouco explorados, desenvolvimento de novos horizontes e busca de novas experiências e de autenticidade.

Exige, para ser efectivo, alguma forma de organização e o estabelecimento de redes de cooperação com iniciativas idênticas noutras localidades do país ou de outros países ( caso de vários países na América Latina) é factor crítico de sucesso.

Frequentemente as populações locais não têm capacidade de iniciativa nem conhecimentos para criar organizações com as finalidades do turismo comunitário e, por isso, a sua implementação necessita do envolvimento das autoridades locais ou centrais mas , em Portugal, as Entidades Regionais de Turismo, são as organizações mais aptas para o promover. Contrariamente ao que agora se opina quanto à sua integração no TP, anulando-se uma experiência secular de regionalização quando a descentralização está na ordem do dia, as ERT devem assumir um papel mais activo na gestão dos destinos e a sua intervenção na promoção do turismo comunitário seria a melhor forma de contribuírem para o desenvolvimento dos territórios que abrangem e dar um impulso ao desenvolvimento do interior.

Por Licínio Cunha, ex-secretário de Estado do Turismo, economista e professor catedrático convidado da Universidade Lusófona
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50 ideias para o Turismo | Não imolar o Turismo português: um objectivo a curto prazo

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Os recursos humanos directa ou indirectamente afectos à indústria do turismo não podem, em caso algum, ser dissociados da qualidade da oferta de produtos turísticos pelos quais Portugal é actualmente – e cada vez mais – reconhecido. Nestes produtos incluem-se os empreendimentos turísticos, os alojamentos locais, as agências de viagens e de transportes e outros que compõem a oferta nacional na indústria do turismo.

Actualmente, o grau de competitividade dos players do sector está intimamente relacionado com a qualidade dos seus recursos humanos porquanto, embora globalmente caminhemos para a “robotização laboral”, nesta indústria as pessoas, intuitu personae e integradas em organizações estruturadas, serão sempre insubstituíveis e determinantes no relacionamento com o Cliente. São as pessoas que oferecem ao Cliente a elevada qualidade existente, que se reflete nos serviços prestados, e que criam empatia, geram emoções, definem acolhimento e hospitalidade, a par de outras impressões naturalmente relacionadas com a sua (nossa) condição humana. É este tipo de relação que o Cliente, seja em lazer ou trabalho, certamente procura e à qual se fidelizará, recomendando Portugal como um destino incontornável ao nível internacional.

Este artigo é escrito precisamente na semana em que está a decorrer em Lisboa a WebSummit, na qual se discute o desenvolvimento de novas tecnologias digitais (catalisadoras da globalização) e novos desafios mundiais, que continuamente elevam os desafios do sector do turismo de cada País e, em particular, de Portugal – que se afirma cada vez mais como um destino turístico prioritário e de excelência.

Contudo, na minha opinião, o grande desafio que o sector do turismo continua actualmente a enfrentar são mesmo os recursos humanos, nomeadamente ao nível do seu i) recrutamento, selecção e contratação, ii) formação académica e iii) formação profissional (inicial e continuada). É indiscutível que precisamos cada vez mais de recursos humanos com uma formação académica e profissional sólida e aprofundada.

Mas, como podemos criar (e reter) recursos humanos altamente qualificados e motivados? Quais as políticas e acções que as entidades, públicas e privadas, devem adoptar para alcançarmos este objectivo?

Haverá, antes de mais, que fazer um diagnóstico interno.

Em primeiro lugar, temos de analisar os níveis de formação dos recursos humanos que trabalham no sector do turismo; em segundo lugar, há que determinar os níveis e a regularidade afectos à formação profissional, inicial e continuada; em terceiro lugar, devemos repensar as remunerações praticadas.

No âmbito da formação académica, tradicionalmente e em termos gerais, o sector do turismo foi considerado de baixo e médio nível de escolaridade (comparado com outros sectores de actividade), porquanto ainda existe uma grande percentagem de colaboradores com um nível de escolaridade correspondente ao ensino secundário.

Fruto do assinalável e crescente contributo das universidades, politécnicos e escolas de turismo, que permitem aos educandos/formandos acederem a licenciaturas, mestrados ou doutoramentos no sector do turismo e, mutatis mutandis, aos cursos de formação especializada – que permitem aos colaboradores o desenvolvimento das suas competências técnicas, o que contribui directamente para a sua progressão profissional no sector – a tendência de hoje é decrescente no que respeita à existência de colaboradores com um nível de escolaridade mais baixo.

Aliás, não foi por acaso que a Organização Mundial de Turismo, Agência das Nações Unidas responsável pela promoção da sustentabilidade do sector, distinguiu o projecto formativo do Turismo de Portugal – Tourism Training Talent – com o 14.º prémio UNWTO, na categoria Políticas Públicas e Governança, pelo exemplo de capacitação que visa preparar as futuras gerações de recursos humanos no turismo.

Mas voltando ao diagnóstico interno que todos nós, repito, entidades públicas e privadas, temos de fazer e analisar, entendo que temos que procurar e obter respostas às seguintes questões:

1. Que níveis de formação são necessários no sector do turismo?
2. Que capacidades (“skills”) deverão ser procurados / valorizados nos candidatos?
3. Qual é o real valor do domínio de língua(s) estrangeira(s) e das novas tecnologias por parte dos recursos humanos que trabalham no sector do turismo?
4. Como são os Licenciados, Mestrados ou Doutorados considerados e relevados no setor do turismo?
5. Quais os níveis de remunerações justos e adequados para o sector do turismo?

Bem sei que devemos concentrar os nossos esforços na obtenção de respostas concertadas entre todas as entidades actuantes no sector do turismo (Governo, Confederações, Associações, Universidades, Politécnicos e Turismo de Portugal) mas acredito que, acima de tudo, devemos focar-nos na realidade existente, nas necessidades das empresas e nas dificuldades que estas experienciam na procura de recursos humanos com as valências e o expertise necessários.

Os grandes grupos hoteleiros têm, naturalmente, uma estratégia e plano de contratação e formação dos seus quadros muito diferente dos de um empresário que apenas explora uma unidade hoteleira ou um alojamento local, ou dos de outras empresas (agência de viagens, de transportes, de animação e outras) que façam parte do sector do turismo.

Mas qualquer destas entidades reconhece duas coisas: i) que existe a necessidade imediata de criar, para o mercado, colaboradores de excelência, e ii) que sem eles – ou mercê da nossa incapacidade de obtermos níveis de formação académica e profissional adequados, associada a uma política insensível à necessidade de proporcionar níveis de remunerações justos, adequados, dignos e valorizadores do mérito profissional – estaremos, na quota-parte de responsabilidade funcional que nos cabe no sector do turismo, a autoimolarmo-nos e a imolar, a médio e longo prazo, o sector do turismo em Portugal.

Trabalhemos para que tal nunca aconteça. Portugal não o merece, o turismo Português não o merece e os recursos humanos do sector também não; como temos vindo a provar nos últimos anos, quando nos aplicamos somos os melhores, em particular na arte de bem receber.

Por Carlos Silva Neves, administrador Grupo Sana
*No âmbito da celebração dos seus 50 anos, o Publituris convida uma figura do setor a lançar uma “Ideia para o Turismo”.

 

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50 ideias para o Turismo

50 ideias para o Turismo | ‘All you need is culture’

No âmbito da celebração dos seus 50 anos, o Publituris convida uma figura do sector a lançar uma “Ideia para o Turismo”.

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Com a frase “All you need is… art” a Fundação Gulbenkian promove em locais turísticos a sua magnífica coleção de arte. Juntando-me aos muitos profissionais do turismo que já revelaram no Publituris as suas “ideias para o turismo”, inspiro-me também em Lennon e McCartney: tudo o que precisamos é de cultura. Menos “low cost” e mais cultura, investindo a sério em cultura – determinante para associar um produto de qualidade – é a chave para termos turistas mais exigentes, que queiram conhecer mais e melhor o País e permaneçam mais tempo, ganhando o desejo de voltar. O próprio mercado tem sinalizado o caminho, pois só nos últimos cinco anos o número de visitantes dos Monumentos, Museus, e Palácios na esfera da DGPC cresceu 46%. Com um peso de 10% no PIB, de 20% nas exportações e uma crescente dimensão social, o turismo é estratégico para Portugal. Mas não estamos sós, o turismo é uma atividade global, tendo que ser tão bons como os melhores para não dependermos de “modas”. O crescimento dos últimos anos, animado por estatísticas e prémios internacionais criou euforia, mas precisamos de ter um produto mais consistente que nos proteja das crises. Se ainda falhamos em aspetos básicos como informação e sinalética… O aumento da procura, a que se atribui a “especulação imobiliária”, não pode continuar a afetar os centros históricos, descaracterizando-os. Para escaparmos à “turistificação” é urgente olhar mais para o País como um todo, distribuindo harmoniosamente os benefícios do turismo. Olhemos, por exemplo, para o Algarve, de grande importância para o nosso desempenho global, que continua a depender demasiado do “sol e praia”, mantendo-se vulnerável à sazonalidade e à concorrência de países que, neste segmento, oferecem preços mais competitivos.

O Algarve é talvez a região nacional mais carenciada de equipamentos e oferta cultural, não dispondo sequer de um Museu Nacional. O “Programa 365 Algarve” é uma boa iniciativa mas está longe de corresponder às necessidades. Não se compreende ainda que subsistam “graves problemas de mobilidade” na região, como bem referiu recentemente Vitor Neto no Publituris e que persista, conforme apontou em entrevista António Trindade, a atitude de “muita gente que, habituada a ter ocupações altas se esqueceu de requalificar os hotéis por estarem sempre cheios, achando que era algo que não iria acabar”. Em anos recentes mostrámos que Portugal é capaz de abraçar com sucesso objetivos ambiciosos, como a Expo 98 e o Porto Cidade Europeia da Cultura em 2001, que apostando na cultura nos abriram as portas dos grandes fluxos turísticos internacionais. Serralves (Siza Vieira) e Casa da Música (Reem Koolhaas) por exemplo, foram os ícones que faltavam, para atrair a atenção internacional para a qualidade do Porto.

Recordo Bilbau, que há 50 anos entrou em decadência devido à crise da indústria e da atividade portuária, sendo hoje um exemplo merecedor de estudo. Como? Apostando em arte (Museu Guggenheim) e atraindo grandes arquitetos.

Recordo ainda Málaga (apenas a 350 km do Algarve) e o tempo em que as touradas estavam na moda e personalidades da literatura e do cinema eram visitas frequentes. Até Hemingway passou na cidade uma temporada em 1959, de que resultou “O verão perigoso”, o seu último livro. Foi também na cultura que Málaga apostou para regressar aos tempos de glória. Só nesta década abriram quatro museus: Thyssen, Pompidou, Picasso (renovado) e Coleção do Museu Russo. Resultado: entre 2013 e 2017 o aeroporto de Málaga cresceu 6 milhões de passageiros.
António Pimentel, Director do Museu Nacional de Arte Antiga, que teve artes de colocar o mais importante museu nacional na rota do turismo afirmou recentemente que “o grande problema é não sermos capazes de trabalhar em rede e com os meios que temos”. De que estamos à espera?

Por António Monteiro

*No âmbito da celebração dos seus 50 anos, o Publituris convida uma figura do sector a lançar uma “Ideia para o Turismo”.

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