A avaliação internacional do nosso Turismo e do porto de Lisboa
Leia o habitual Turiscópio por Humberto Ferreira.
Humberto Ferreira
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Entendo que governantes promovam o crescimento da procura externa divulgando os prémios internacionais atribuídos às nossas empresas e programas turísticos. Para quem trabalha em turismo os louvores recebidos e os resultados positivos satisfazem quem mais contribuiu e projectou a boa qualidade da nossa oferta e o contributo do turismo.
TENDÊNCIAS – Entretanto há economistas e políticos que não acreditam que o turismo possa equilibrar o deve-e-haver da nossa economia. No Algarve os dirigentes afirmam que a praia não é o produto mais apreciado por turistas nacionais e estrangeiros, mesmo depois da prolongada duração da época balnear nos últimos anos, quando os World Travel Awards atribuíram o prémio de melhores praias europeias ao Algarve. Por sinal há mais de uma década que eu atribuí no Turiscópio a mais alta categoria europeia às praias algarvias, por serem naturais. Hoje algumas são praias com passadeiras de madeira.
Outros dizem que as praias são monoculturas, mas têm apoios com restaurantes e esplanadas, desportos náuticos e desportos coletivos, escolas de surf e de natação em aguas abertas, aluguer de embarcações de recreio, massagens e tratamentos de pele, e festas noturnas. Faltam alianças entre concessionários e clubes ligados à protecção da Natureza e aos desportos mais praticados. Entretanto o Turismo Algarvio lembra que lhes compete indicar as tendências de férias internacionais, tendo optado pelo plano Algarve-355: em cada dia do ano o Algarve promove eventos diferentes desde festas noturnas, concertos, e torneios desportivos, mas o Visit-Algarve nem foca esse plano.
Enquanto as características alcançadas pela hotelaria, alojamentos-locais, restaurantes, redes de transportes, rede de excursões e animação cultural, artística, desportiva e típica, contribuem para o nosso forte crescimento. Falta-nos ambição e um imediato atendimento dos clientes nos restaurantes. Os clientes merecem tratamento atento e mais rápido, assim como garantir a especialização de cada município, cabendo aos gestores e autarcas divulgarem histórias de hotéis, hostels, e alojamentos locais e programas dos níveis de luxo e popular para segmentos de turistas conhecedores de artes, desportos, e outras facetas da vida contemporânea. Convém saber em cada destino qual as percentagens de turistas estrangeiros e nacionais, de modo a valorizar a oferta local de cada destino e segmento.
Há portugueses que já visitaram muitos dos nossos monumentos, museus, e sítios dedicados a cada desporto ou arte, assim como há mais adeptos de artes e desportos e de quem mais deseja voltar a Portugal e usufruir de recintos com concertos e provas desportivas em vez das paredes e ornamentos de um velho castelo, igreja, palácio, ou jardim, a não ser que apresentem em exibição temporária uma temática altamente avaliada pela crítica nacional e internacional, como o triunfo do Barroco ou de Arte Contemporânea de Joana Vasconcelos, ou concertos musicais por populares artistas de renome. No desporto temos invulgares espaços para mergulho oceânico na Madeira, Açores, Algarve, etc. Idoso, lembro-me dos eventos frequentes no Castelo de São Jorge, onde ia com frequência. Também costumava ouvir os concertos da GNR no Quartel do Carmo. Ora turistas mais viajados admiram visitas excecionais.
MELHORES POR SEGMENTO – Foi anunciado um concurso dotado do Prémio Mercúrio para dar a conhecer as melhores lojas em Portugal. Aguardo saber quais são as nossas melhores lojas, as melhores esplanadas, jardins, parques, praias, casinos, exposições de arte, campos de golfe, e empresas de Turismo Residencial, visando os melhores destinos desportivos, culturais, e melhores experiências gastronómicas.
TURISMO E EMIGRAÇÃO – Sobre o recente Turiscópio do Cinquentenário do Publituris e das companhias de navegação cujos paquetes desembarcavam e embarcavam passageiros em Lisboa, participaram-me que muitos desses navios eram para emigrantes. Na época os paquetes tinham três classes: primeira, segunda (ou classe cabina), e turística (equivalente à terceira). Sabia nas reuniões com os armadores quantos turistas das várias nacionalidades e emigrantes tínhamos embarcado em cada época. E eu tinha o registo local, além de saber que os portugueses embarcados em primeira classe eram diplomatas, artistas, empresários e altos funcionários; ou médio-empresários; e na segunda classe havia funcionários, emigrantes, e retornados ao Brasil e Canadá. Na terceira classe iam alguns emigrantes e retornados à Argentina e Estados Unidos. A Europa recebia apenas emigrantes na França e Alemanha, por caminho de ferro e avião. Nas viagens para o Mediterrâneo embarcavam apenas passageiros portugueses, espanhóis, italianos, e britânicos, enquanto para o Reino Unido não havia então emigração.
FREQUÊNCIA DE PAQUETES EM LISBOA foi muito importante para a preferência do SudExpresso por Lisboa,, eliminando a ida a Madrid e comprovando que entre 1955 e 1974, o porto de Lisboa já era um dos mais populares portos europeus, com navios estrangeiros e as linhas nacionais para África, Brasil, América Central, América do Norte, e Norte da Europa. Os navios agora são maiores mas na época havia mais navios regulares.