Turiscópio| A nova Rota da Seda China-Europa interessa a Portugal
Leia o habitual Turiscópio por Humberto Ferreira.
Humberto Ferreira
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A China atravessa um período intenso de promoção internacional da nova Rota da Seda. O Presidente XI Jinping pretende além de incentivar a crescente procura de turistas mundiais em variadas visitas temáticas à China, visa reconstituir o crescente movimento de exportações das suas avançadas indústrias de vestuário, decoração e equipamento de casas, lojas, escolas e escritórios pela Europa, e até nas áreas da nova tecnologia aeronáutica e naval, renovando a curiosa estratégia da Rota da Seda, lançada em 1877 pelo geógrafo alemão barão Ferdinand Richhafen, cuja ideia original incluía a construção de uma linha férrea ligando a China à Europa para transportar não apenas carvão mas também outras matérias, produtos, e artigos apreciados por europeus.
Mas o barão morreu em 1905 sem o seu projecto avançar, quando se seguiram guerras mundiais e locais, que entretanto culminaram na expansão e internacionalização do rígido regime político chinês, que só abrandaria com Deng Xiaoping e sucessores entre 1978 e 2013, com a economia a crescer 9,5% ao ano. Em 1990, a China aderiu à Organização Mundial do Comércio aplicando normas internacionais nas trocas comerciais e turísticas.
Hoje está disposta a investir 900 mil milhões de dólares com a estratégia One Belt One Road, e a sigla OBOR, tendo, em Maio de 2017, o Presidente XI Jinping convidado 24 líderes europeus para lhes apresentar o seu projecto baseado em voos intercontinentais e crescentes linhas de navios porta-contentores que ligam a segunda potência mundial à Europa, América e ao mundo todo.
ITINERÁRIO INDEFINIDO – Da parte de Portugal há interesse em intervir nas negociações internacionais do lançamento da nova Rota da Seda na versão OBOR, pois os primeiros europeus a chegar à China para negociar com as autoridades chinesas foram os portugueses entre 1415 e 1543, pelo que merecemos destaque na versão contemporânea da cintura europeia da Rota de Seda, quer pela via do Oceano Índico e Canal de Suez, quer pela via Cabo da Boa Esperança, juntando à One Belt Another Route, e fazendo além disso justiça histórica à chegada de Vasco da Gama à Índia em 1498, depois de Bartolomeu Dias ter dobrado o Cabo da Boa Esperança em 1487.
Nos mapas da nova rota de seda que agora vi, a rota da seda começa em Beijing e Kazaquistão seguindo ao Irão, Turquia, Sérvia, Hungria, República Checa, Itália, Alemanha, Holanda, e Espanha (destacando Madrid que nem tem porto marítimo, enquanto Macau e Lisboa não constam ainda destes mapas, mas, sim, Lobito em Angola, na rota pela África do Sul).
A UEC – Universidade Egípcia-Chinesa tem sido o parceiro científico da China na Rota da Seda através do Canal do Suez, quando Portugal tem duas das universidades mais antigas: Lisboa e Coimbra, ambas com grande experiência e documentação das descobertas das principais rotas marítimas, apenas melhoradas com a recente expansão dos canais do Suez e Panamá. Espero que governantes, empresários de turismo, e dirigentes de organismos turísticos dos dois países debatam em Macau a nova rota da seda, chegando a uma posição comum.
EXPERIÊNCIAS – Não faltam aos empresários e gestores do Turismo dos dois países. Aliás, foram as Zonas Económicas Especiais de Macau e Hong Kong, que levaram à adopção do sistema chinês: Um país com dois sistemas. O Publituris esteve presente nos 42 congressos da APAVT, (quatro dos quais em Macau, em 1982, 90. 96, e 2008). O primeiro foi em 1973 em Lourenço Marques, antiga capital de Moçambique, hoje Maputo, onde em 2005 se renovou o primeiro encontro e ali tive o gosto de receber a medalha de prata de mérito turístico da APAVT. Entretanto as equipas directivas de Carlos Gonçalves Luís, Atílio Forte, Vítor Filipe, João Passos, e Pedro Costa Ferreira foram lançando experiências positivas de dinâmicos congressos em Moçambique, Macau, Brasil, Cuba, etc.
Este ano, o Publituris volta a marcar presença nos debates da reunião anual dos agentes e operadores turísticos de Portugal e do Oriente, já que a Ásia é um dos pólos das chegadas internacionais e a China é já um dos líderes turísticos mundiais, em termos de voos e cruzeiros internacionais, num período em que a Europa perde linhas e empresas aéreas apesar da subida de fluxos aéreos low-cost.
A China pretende estreitar relações aéreas e marítimas com Portugal, para o que conta com a adesão mundial à nova rota da seda. A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino e 39 empresários dos ramos marítimo-portuários acabam de participar num seminário em Beijing, visando estreitar a cooperação marítima luso-chinesa.
Por outro lado, a Hainan Airlines, a maior empresa aérea privada, com base no aeroporto internacional de Haikou Meilan, foi a primeira a apostar nos voos para Lisboa em parceria com a TAP. Estão assim reunidas as condições para reforçar os laços turísticos entre os dois países, com a aproximação entre os principais operadores chineses e portugueses neste quinto Congresso da APAVT em Macau.
*Artigo publicado no Publituris de 24 de Novembro.