“Desafios da transdisciplinariedade na formação em artes culinárias”
Leia a opinião de Maria José Pires, coordenadora do Mestrado em Inovação e Artes Culinárias da ESHTE, na edição 1319, de 10 de Junho de 2016, do Jornal Publituris.
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Sendo cada vez maior a necessidade de várias áreas do saber dialogarem para o sucesso de projectos no âmbito do turismo, também o ensino carece dessa orientação na formação de profissionais capazes de pensar a sua actividade numa multiplicidade de perspectivas e preocupações. É essa necessidade de abertura à mudança que ilustra a filosofia que tem orientado o percurso da Escola Superior de Turismo e Hotelaria do Estoril, e em particular o do curso de mestrado em Inovação em Artes Culinárias. Criamos mudança; uma mudança que se pauta pela reflexão perante uma tradição gastronómica única que se enaltece e se renova em inúmeras variantes.
O desafio que escolhemos pode ser retratado pelas notas de Ferran Adriá sobre criatividade, pois também nós optámos pela simbologia do lápis enquanto meio de exercitação e de continuada mudança que acompanha os nossos mestrandos na sua formação. Longe de se tratar de um curso de “papel e lápis”, pela aposta numa forte componente prática, é um projecto que está em contínuo crescimento, com parcerias a vários níveis que pretendem oferecer cada vez mais valências em diversas áreas. Tal acontece no âmbito de unidades curriculares como Utilização e Aplicação de Produtos Alimentares e Técnicas Culinárias Avançadas, onde se aprende com chefs convidados de reconhecido mérito profissional, mas também em outras áreas, como é o caso do protocolo de parceria com a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, onde se desenvolvem projetos ligando duas áreas criativas (a gastronomia e o design), agora apresentados na exposição “Designing new experiences with food. A transdisciplinary project”, e posteriormente numa publicação.
É sob a égide de temáticas escolhidas anualmente – o bacalhau e as leguminosas, estas escolhidas pela ONU para celebração em 2016 – que os projectos dos mestrandos se tornaram o cerne de uma preocupação pedagógica: o carácter transdisciplinar que permite um diálogo de saberes, premiando a diversidade. Passando por diversas fases de desenvolvimento ao longo do ano lectivo, os projectos transversais têm como objectivo a elaboração de receitas/produtos, originais e criativos, tendo por base os produtos de interesse escolhidos, pensados para pronto a comer/conserva, numa linha semi-industrial. Neste contexto, surgem novos desafios ao nível das diversas unidades curriculares do MIAC, como as parcerias no âmbito do design gráfico com a FAUL, através de propostas de branding, comunicação e embalagem para cada produto desenvolvido.
A título de exemplo, evidencia-se o repto lançado este ano, na experiência gastronómica “A Saudade Portuguesa”, uma viagem sensorial única com o intuito de criar novas memórias a doze comensais através da inovação nas artes culinárias, sem esquecer a tradição portuguesa, num cruzamento de saberes e sabores, mantendo a sua identidade. A sintonia com que se projectaram, de forma original, o menu, a cerâmica, a narrativa, a composição musical e o espaço valorizou as nossas raízes e os nossos produtos, iniciando esta viagem em terra com produtos nacionais, passando por referências aos descobrimentos, com outros sabores, e regressando às memórias de um país de tradições inúmeras. O sucesso da experiência sensorial que se apresentou a 10 de Maio deixou-nos uma vez mais cientes da necessidade de se explorar novas parcerias.