A tecnologia digital alarga a oferta turística local e regional
Leia a opinião de Humberto Ferreira, colaborador do Jornal Publituris, publicada na edição 1305.
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As tendências internacionais apontam ao reforço dos conteúdos e aplicações digitais sobre os produtos turísticos mais destacados nas cidades cibernéticas («smart cities»). O World Travel Market revelou, nesta sua 35ª edição, as novidades da tecnologia digital dirigida às cidades que apostam no mix-turístico-digital, e Londres pretende ser o grande portão de entrada mundial para turistas digitais, partilhando a sua rede electrónica na ponta dos dedos com outros destinos mais procurados por fluxos de turismo áereo, marítimo, ou excursões internacionais frequentes.
Segundo o Euromonitor em 2014 o turismo móvel (como também é conhecido) gerou 96 mil milhões de receita, equivalente a 12,5% da receita total, e as previsões apontam um crescimento gradual de 22% até 2020.
RECORDES LUSOS – Entretanto, os nossos hotéis receberam em 2013 um recorde de 14,9 milhões de hóspedes – uma subida de 5,2% sobre 2012, sendo 58% deles estrangeiros. E no primeiro trimestre de 2015 o Turismo registou receitas de 6002 milhões de euros, subida homóloga de 12,2%.
Mas desde que o anterior serviço de estatísticas da DGT foi extinto em Julho de 2007 pelo PRACE, não é fácil na internet encontrar os principais dados trimestrais ou anuais sobre a evolução de dormidas e hóspedes, e entradas de estrangeiros.
DEZ SUGESTÕES – Passadas seis décadas a analisar o turismo nacional e internacional, em paralelo com a aviação e cruzeiros, poucos foram os portugueses que revelaram planos estratégicos viáveis para requalificar o nosso turismo receptivo. Com visão mais alargada destaco Vítor Neto, André Jordan e Bernardo Trindade. Outros planos contemplaram o Algarve, Centro, Norte, e Grande Lisboa com múltiplos modelos.
Da minha parte tenho regularmente avançado sugestões temáticas, tentando configurar um modelo de Turismo enquadrado por 10 medidas adaptáveis à maioria dos destinos mais dinâmicos:
1ª – EVENTOS: divulgação de calendários temáticos online de eventos em Portugal, patrocinados por órgãos locais, regionais e centrais.
2ª – PROGRAMAS COM CONTEÚDO: melhorar formatos com animação cultural, histórica, desportiva, etc, apoiando as sugestões de Álvaro Covões e André Jordan, em 2013, sobre o recorde dos 235.373 visitantes na exposição de arte contemporânea de Joana Vasconcelos, no Palácio da Ajuda, da qual resultou a óptima ideia para se promover turismo com conteúdos irresistíveis, mas ainda por concretizar. Hoje sugiro programas de turismo interno e guiões para feiras promocionais a encenar por alguém ao nível de Filipe La Féria. E como animação, encenar nos nossos principais pólos flashmobs temáticos para contagiar a magia das desgarradas fadistas: propagando o património imaterial da Unesco.
3ª – IDIOMAS MAIS FALADOS: defesa da língua materna falada por 240 milhões em oito países da CPLP e a terceira europeia mais falada, recorrendo-se a frases e palavras doces e acessíveis a estrangeiros, como fazem outros latinos.
4ª – NOMES E MARCAS EM PORTUGUÊS: cresce o número de hotéis, restaurantes e bares com nomes e placas em inglês, perante a indiferença geral às tabuletas plásticas em inglês. Pergunto: qual o efeito que isso tem nos turistas alemães, franceses, italianos, e outros?
São positivas as ementas de restaurantes nos principais idiomas dos clientes, mas sugiro que sejam separadas em capas atraentes com símbolos dos respectivos países e de Portugal, já que há europeus que não suportam outros por conflitos de identidade, merecendo nas férias serem poupados.
5ª – TURISTAS NÃO SÃO MECENAS: cabe aos governos e autarquias moderar impostos e taxas. Uma ousadia: aplicar três escalões de IVA: 6% em empresas e serviços populares; 13% nos médios; e porque não 23% nos de luxo? Creio que os segmentos ficariam, assim, mais fidelizados.
6ª – UNIDADES CLASSIFICADAS: convém manter categorias internacionais de alojamentos, restauração, e animação, enquanto algumas empresas não cumprem a autoregulação dentro das práticas da justa concorrência, e a contratação de pessoal com formação adequada.
7ª – TURISMO LOCAL OU INTERNACIONAL: a qualidade dos serviços prestados a turistas falham, por vezes, quando a imagem de certas unidades não corresponde à categoria e ao preço da casa. Basta avisar se o estilo de serviço tem nível local, regional, ou internacional?
8ª – COMPRAS DE MARCAS LUSAS: cresce a procura externa e doméstica de marcas e produtos de «origem Portugal». As compras são passatempo predilecto de muitos turistas, mas alguns desconhecem o vinho, a ementa, ou as marcas lusas mais premiadas e consagradas cada ano.
9ª – ESTILO PORTUGAL: há vantagens nas parcerias promocionais conjuntas sob a marca Portugal, para projectar marcas e produtos lusos mundialmente apetecidos, como vinhos, moda, calçado, artes e artesanato, mobiliário e peças decorativas, tal como caiaques e selas de montar.
10ª – CADA TERRA COM SEU USO: tarda-se em definir as âncoras locais, distinguindo cada município pelas vocações mais fortes. Se há municípios de móveis, cutelaria, vidros, tapetes, criadores de toiros, cavalos, etc, porque não há municípios turísticos?
Espero ver mais apaixonados pelo Turismo escrever sobre novos rumos que melhorem os nossos produtos e vantagens nos vários segmentos.
*Opinião de Humberto Ferreira, colaborador do Jornal Publituris, publicada na edição 1305.