Turismo equestre: faltam programas e infra-estruturas adequadas
Pode Portugal ser um novo destino de turismo equestre? A pergunta foi várias vezes equacionada durante o I Congresso de Turismo Equestre realizado na Coudelaria de Alter, em MaioA mesma […]
Fátima Valente
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Pode Portugal ser um novo destino de turismo equestre? A pergunta foi várias vezes equacionada durante o I Congresso de Turismo Equestre realizado na Coudelaria de Alter, em MaioA mesma questão serviu de mote à explanação de Nuno Constantino, da neoturis, aos congressistas. Segundo a consultora de turismo, há vários factores que podem potenciar o sucesso deste segmento no mundo. Para isso contribui a cada vez maior consciência da preservação da natureza e a busca de novas experiências, em novos destinos e com múltiplas motivações, também gerada por melhores níveis de educação e acesso a informação. E para que Portugal consiga fazer face ao “abrandamento do crescimento turístico, quando comparado com alguns concorrentes directos” devem ser encontrados “novos produtos e segmentos”, justifica a consultora de turismo.
Um dos pontos em que Portugal ainda dá cartas, além do clima, é na segurança, e isso pode ser aproveitado em benefício do turismo equestre. A estas vantagens soma-se-lhe o berço do cavalo lusitano, raça bastante apreciada e com provas dadas no meio equestre. Outro dado importante é a contribuição do turismo equestre para “a redução da sazonalidade típica dos destinos resort e contribuir para o desenvolvimento da hotelaria e do turismo residencial”, destacou Nuno Constantino.
Os mercados emissores
O exemplo de outras realidades, com tradições mais enraizadas neste segmento, nomeadamente da França (líder internacional de turismo equestre), foram também tomadas como exemplo. Ricardo Gonçalves, da Deloitte, salientou que a Europa e os EUA são os grandes mercados emissores neste segmento. Assim, “o norte-americano mostra preferência pelos destinos europeus – Irlanda, Itália e Espanha, e os europeus optam por destinos distantes como África e Sul da América”, caracterizou. Contudo, “a maior parte dos passeios equestres comercializados são oferecidos por um número reduzido de operadores e agências, estando os especializados concentrados na Europa (UK) e América do Norte”, observou. Outra característica deste mercado, nota Ricardo Gonçalves, é que os TO’s especializados têm um elevado nível de fidelização dos seus clientes (42%)” e que “os principais sistemas de comercialização são os próprios sites”.
Potencial económico
O turismo equestre movimenta elevadas somas de dinheiro e atrai turistas com elevado poder de compra. Mas qual o impacto económico deste segmento? Segundo a estimativa da neoturis, o turismo equestre, que actualmente se traduz numa importância económica de 430 a 550 milhõesde euros/ ano internacionalmente, tem potencial para gerar 270 a 344 milhões de euros/ ano em Portugal. Além disso, a ver pelos números internacionais – este sector é responsável por 875.000 postos de trabalho – em Portugal, “o emprego gerado pelo turismo equestre pode chegar aos 25 mil postos de trabalho”, destaca a neoturis.
Para atingir outros estádios de desenvolvimento neste segmento, Nuno Constantino deixou ainda algumas dicas. A inovação da oferta é o objectivo, seja através da criação de “pacotes turísticos que integrem passeios a cavalo, alojamento, visitas a academias e participação em eventos equestres, incentivos a empresas”; do desenvolvimento de “jornadas a cavalo de vários dias (a exemplo da Rota de Santiago de Compostela, em Espanha); ou de programas para pessoas com debilidades motoras e em recuperação” e concepção de produtos diferenciados para vários grupos etários e sociais” . Mas há outras hipóteses de sucesso, desde as educational holidays para proprietários, com acções de formação de como tratar o cavalo; à atracção de eventos específicos.
Turismo de Portugal
Falta de oferta competitiva impede crescimento no Turismo Equestre
“Ainda há muito a fazer para criar uma oferta competitiva de turismo equestre em Portugal”. Esta foi a mensagem deixada por Teresa Ferreira, do Turismo de Portugal, no encerramento do congresso internacional. Apesar do grande potencial do país, por factores já enumerados, é preciso apostar na “organização e promoção de programas” com animações complementares consoante as diferentes regiões; criar “infra-estruturas adequadas às necessidades dos vários tipos de procura” e aumentar “a notoriedade do destino Portugal para o desenvolvimento de actividades ligadas ao turismo equestre, incluindo grandes eventos de projecção internacional”.
Para o TP, a aposta neste segmento é justificada, primeiro porque “regista uma tendência de crescimento”, depois porque “atrai turistas de praticamente todas as idades”, e ainda porque “a exemplo do golfe, é um produto off-season”, com procura durante todo o ano, à excepção de Julho e Agosto, “podendo por isso funcionar como um complemento muito importante na oferta turística portuguesa”. Além disso, é um segmento que “capta um tipo de turista com uma postura ambientalmente responsável” e que pode gerar procura complementar noutros produtos turísticos, nomeadamente ao nível do touring cultural e paisagístico.
A somar a isto, “a aposta do sector privado no desenvolvimento de equipamentos vocacionados para o turismo equestre”, de que são exemplos o La Varzea Polo Club e o Westin CampoReal, as Quintas de Óbidos, Parque Alqueva, Quinta da Ria e Wine Hotel & Spa [os dois primeiros já em funcionamento] revela “a importância actual e potencial” deste segmento para o país, indica o Turismo de Portugal.